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UFF desenvolve bateria que pode transformar o mercado de energia

Pesquisa inovadora do Instituto de Física da universidade abre caminho para novas tecnologias sustentáveis

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de abril de 2025 - 09:21
As baterias de íon-lítio revolucionaram a área da eletrônica e da mobilidade elétrica
As baterias de íon-lítio revolucionaram a área da eletrônica e da mobilidade elétrica -

As baterias de íon-lítio revolucionaram a área da eletrônica e da mobilidade elétrica, mas ainda apresentam desafios como alto custo de produção e impactos ambientais. Como alternativa, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) está desenvolvendo uma nova bateria baseada em polímeros fluorados, que apresentam maior eficiência e são mais acessíveis economicamente.

Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) pode transformar o setor de armazenamento de energia em eletrônicos e veículos elétricos.
Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) pode transformar o setor de armazenamento de energia em eletrônicos e veículos elétricos. |  Foto: Reprodução: Arquivo pessoal do professor

Coordenado pelo professor Samuel Bertolini, do Instituto de Física da UFF, a proposta traz o PANfon, uma mistura de poliacrilonitrila (PAN) com teflon, como principal objeto de pesquisa, um composto conhecido pela resistência química e usado em revestimentos antiaderentes. O projeto já foi patenteado e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Rio de Janeiro (FAPERJ).


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Uma nova família de baterias

Diferentemente das baterias de íon-lítio tradicionais, que utilizam materiais como óxidos de cobalto, a tecnologia desenvolvida na universidade emprega flúor como material ativo do cátodo, ou seja, o flúor atua como componente fundamental na liberação e armazenamento de energia, tornando o desempenho do cátodo mais eficiente. Bertolini explica que essa aplicação é inédita na ciência dos materiais. “A bateria é completamente diferente de todas as outras. Eu diria que seria uma nova família. Não tem ninguém que eu saiba que faz nada próximo, parecido ou semelhante. Enviei amostras para um professor na China e ele achou que eu estava trabalhando com enxofre. Ele nunca tinha visto algo assim com flúor”.

A grande vantagem dessa abordagem está na capacidade de armazenamento de energia. “Enquanto uma bateria comercial de íon-lítio tem capacidade em torno de 140 mAh/g, a que desenvolvemos, após começar com apenas 30 mAh/g, cresceu exponencialmente ao longo dos ciclos de carga e descarga. Hoje, o desempenho já ultrapassa 1000 mAh/g, oito vezes mais do que as baterias comerciais. Os resultados são promissores e o próximo passo é contextualizar os motivos que levam a esse crescimento da capacidade”, destaca o pesquisador.

Impacto no mercado e novas aplicações

Além da melhor capacidade de funcionamento, o custo de produção dessa nova bateria é significativamente menor do que o das baterias de íon-lítio tradicionais. Isso pode torná-la mais acessível para diversas aplicações, desde eletrônicos até veículos elétricos. Ademais, a tecnologia não se restringe ao lítio. Segundo Bertolini, ela poderá ser aplicada também a baterias de sódio e magnésio, que são alternativas mais abundantes e baratas. “Usaremos sódio e magnésio em testes, com certeza deverá funcionar. Essa adaptação pode ser grande nos estudos de armazenamento de energia, pois torna as baterias mais baratas, sustentáveis e eficientes”, explica.

UFF na vanguarda da pesquisa energética

O projeto levou à criação do primeiro laboratório de energias renováveis no Instituto de Física, um passo importante para consolidar a universidade como referência na área. “Isso pode impulsionar novas pesquisas, atrair estudantes e criar um polo de inovação dentro da universidade. Estamos abrindo portas para futuras descobertas”, ressalta Bertolini.

O professor destaca que a pesquisa já tem uma patente aprovada e está em processo de proteção internacional, com planos de registro na China, Europa, Estados Unidos, Japão e Vietnã. A ideia é avançar nas etapas da pesquisa, a fim de, futuramente, buscar investidores para comercializar a tecnologia.

Nova tecnologia da UFF já ultrapassa 1000 mAh/g, oito vezes mais que baterias comerciais, e pode revolucionar o mercado de energia
Nova tecnologia da UFF já ultrapassa 1000 mAh/g, oito vezes mais que baterias comerciais, e pode revolucionar o mercado de energia |  Foto: Reprodução: Arquivo pessoal do professor

“A ideia futura é publicar um artigo científico de alto impacto e, a partir disso, enviar propostas para empresas interessadas. Acredito que há grande potencial de venda da patente. Estamos ainda consolidando o método de produção e progredindo de maneira conservadora, mas penso que exista potencial tecnológico”, afirma.

Caso tudo ocorra conforme o esperado, a nova bateria poderá se tornar um marco na história das energias renováveis. O alto desempenho, menor custo e possibilidade de aplicação em diferentes tipos de baterias a tornam uma alternativa promissora para um futuro mais sustentável e tecnológico.

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