Travesti transforma Páscoa em ato político de afeto e inclusão em comunidade de SG
Ação questiona o simbolismo tradicional da data e propõe uma celebração com mais empatia, diversidade e consciência social

No imaginário coletivo, a Páscoa costuma ser associada a coelhos, ovos de chocolate e um ideal de pureza quase inatingível, símbolos embranquecidos e esvaziados que ignoram as múltiplas realidades sociais do país. Mas neste domingo (21), em uma comunidade periférica de São Gonçalo (RJ), esse enredo tradicional será reescrito por mãos que resistem.
A professora e travesti Ariela Nascimento, fundadora do projeto Favela Kids, lidera uma ação que propõe outra narrativa para a Páscoa. Em vez de consumir, ela oferece; em vez de excluir, ela acolhe. Com recursos próprios e doações, Ariela irá distribuir chocolates para crianças em situação de vulnerabilidade, em um gesto simbólico que resgata o verdadeiro espírito da data: compaixão, partilha e transformação.
“A gente cresce ouvindo que a Páscoa é tempo de renascimento, mas quase ninguém se pergunta: renascer pra quem? Quando você nasce excluído, quando você cresce sendo rejeitado, você precisa criar os seus próprios rituais de afeto e presença”, afirma Ariela.
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Mas o momento mais potente da ação virá com a contação de histórias infantis com foco no combate à discriminação e aos preconceitos estruturais. Ali, no chão da comunidade, uma travesti vai olhar nos olhos de crianças e contar narrativas que falam de empatia, respeito e diversidade, valores raramente celebrados nas datas comerciais.
Essa ação simples, mas profundamente subversiva confronta diretamente a normatividade que estrutura o modo como o Brasil celebra suas festas. Enquanto o mercado lucra com a fantasia, Ariela planta humanidade onde o Estado não chega. “É preciso disputar o imaginário desde cedo. Uma criança que é ensinada a respeitar o outro, mesmo que diferente, é uma chance de futuro que não repita o ódio que nos atinge”, completa ela.
A presença de uma travesti em um espaço historicamente voltado à infância ainda causa desconforto em setores conservadores. E é exatamente aí que reside o poder do gesto. Ao assumir com coragem esse papel, Ariela mostra que inclusão não é ameaça é caminho.
Serviço:
O que: Ação de Páscoa com distribuição de chocolates e contação de histórias infantis com foco em inclusão e combate ao preconceito.
Quem: Ariela Nascimento, travesti, professora e fundadora do projeto Favela Kids
Quando: Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2025
Onde: Conjunto Habitacional do Terceiro Batalhão de Infantaria, Venda da Cruz, São Gonçalo (RJ).
Apoio: Doações voluntárias e recursos próprios
Contato para imprensa e entrevistas:
[Jorge Luiz e/ou Ariela Nascimento ]
[21977443536/WhatsApp]
[favelaprojetokids@gmail.com]