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Por que o boneco de Judas é 'malhado' na Semana Santa? Entenda tradição

A tradição popular, que sobrevive ao tempo e se reinventa em cada geração, costuma acontecer justamente no Sábado Santo não por acaso

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de abril de 2025 - 12:20
A escolha do sábado tem raízes simbólicas profundas
A escolha do sábado tem raízes simbólicas profundas -

O Sábado Santo, também conhecido como Sábado de Aleluia, encerra o Tríduo Pascal, período que se estende da Sexta-feira Santa ao Domingo de Páscoa, marcando a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Para os cristãos, especialmente os católicos, é um dia envolto em silêncio, contemplação e expectativa. As igrejas permanecem sem celebrações ou decorações, refletindo o tempo em que, segundo os Evangelhos, Jesus permaneceu no túmulo.

Mas, enquanto a liturgia silencia, nas ruas de muitas cidades brasileiras, ecoa um outro tipo de ritual: a Malhação do Judas. A tradição popular, que sobrevive ao tempo e se reinventa em cada geração, costuma acontecer justamente no Sábado Santo e não por acaso.

Por que Judas é malhado no sábado?

A escolha do sábado tem raízes simbólicas profundas. Entre o luto da Sexta-feira Santa e o júbilo do Domingo de Páscoa, o sábado representa um vácuo, um tempo suspenso entre a morte e a ressurreição, entre a decepção e a esperança. É nesse limiar que a figura de Judas, o apóstolo que traiu Jesus, ganha destaque.

Segundo pesquisadores, ao malhar Judas no sábado, a tradição popular transforma o sentimento de traição em ato simbólico de justiça e purgação. O sábado, então, se torna palco dessa catarse coletiva: um momento para extravasar indignações, canalizar frustrações e, em certo sentido, “expulsar o mal” antes da celebração da ressurreição.

Em muitas comunidades, o boneco — feito de trapos, papel ou palha — é pendurado em postes ou árvores na noite de sexta-feira. Ao meio-dia do sábado, é retirado e espancado por populares. Em alguns casos, Judas dá lugar a personagens contemporâneos, como políticos, celebridades ou figuras polêmicas — numa crítica social irreverente, que mistura fé, folclore e sátira.

Enquanto nas ruas se malha o traidor, nas igrejas, o clima ainda é de vigília. O papa Francisco, em uma reflexão feita no Sábado Santo de 2015, destacou a dor e o medo que envolveram os discípulos após a morte de Jesus. “Foi uma noite de temor”, disse o pontífice, lembrando que os homens se esconderam, enquanto as mulheres foram ao sepulcro, e lá descobriram que a pedra havia sido removida. A sepultura, misteriosamente, estava aberta.

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