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História de Arariboia vira jogo de videogame; conheça "A Lenda de Niterói"

Contemplado pela Lei Paulo Gustavo, jogo foi desenvolvido por moradores do município e se inspira em história real de batalha na Baía de Guanabara

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 24 de abril de 2025 - 18:23
Projeto foi realizado pela equipe independente Seven Moons, com apoio da Prefeitura de Niterói e do Ministério da Cultura do Governo Federal
Projeto foi realizado pela equipe independente Seven Moons, com apoio da Prefeitura de Niterói e do Ministério da Cultura do Governo Federal -

Umas das figuras mais emblemáticas da história e do imaginário popular de Niterói virou protagonista de videogame. O líder indígena Arariboia e a história da tomada do Forte Coligny, na Baía de Guanabara, são os temas do jogo "A Lenda de Niterói", realizado pela equipe independente Seven Moons. O projeto foi contemplado por edital da Lei Paulo Gustavo e conta com apoio e incentivo da Prefeitura de Niterói e do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Concluído neste mês de abril, o projeto foi desenvolvido ao longo do último ano de maneira “artesanal” pelo grupo de amigos que compõe a Seven Moons: os niteroienses Otto Lehmann, Leonardo Marques e André Rente; e o carioca Augusto Escobar. Com bagagens profissionais diferentes, o grupo se uniu a partir da paixão pelos jogos e da curiosidade particular pela história local, que motivou o projeto e os interesses educacionais que o cercam.


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“Nossa ideia é, depois de todo o processo do edital, entrar em contato com a Secretaria de Cultura para tentar distribuir o jogo, de graça, entre as escolas de Niterói. Nós participamos, recentemente, de um workshop na PUD [Plataforma Urbana Digital] da Engenhoca e levamos o jogo para crianças da região jogarem. Elas gostaram e aprenderam através do jogo. Nossa ideia é fazer isso em outros lugares aqui”, destaca Leonardo Marques, que foi artista, game designer e programador no game.

O valor educativo está bastante ligado ao trabalho de pesquisa por trás do game, conduzido principalmente pelo diretor geral do jogo, Otto Lehmann, que também foi game designer e programador. Psicólogo de formação em transição de carreira, ele conta que seu interesse pela história do Brasil foi o ponto de partida para a narrativa do game.

Projeto foi desenvolvido ao longo do último ano de maneira “artesanal” por grupo de amigos
Projeto foi desenvolvido ao longo do último ano de maneira “artesanal” por grupo de amigos |  Foto: Reprodução

“Eu sempre gostei de aprender e sempre tive uma curiosidade pelas histórias dos indígenas na Baía de Guanabara, que são uma parte da História do Brasil no geral, né? O Leonardo chamou para o edital e eu escrevi um jogo simples a partir disso”, conta o psicólogo.

O levantamento de dados históricos o levou para a rivalidade entre as tribos temiminós e tupinambás nas primeiras décadas pós-descobrimento. Por volta dos anos 1550, o conflito entre as tribos se confundiu com a disputa entre colonizadores europeus, após franceses da colônia França Antártica se aliarem aos tupinambás e incentivarem os confrontos. Os temiminós, por sua vez, que eram liderados por Arariboia, acabaram aliados aos portugueses, o que resultou em pelo menos três batalhas marcantes nos arredores da Baía.

Conflito entre temiminós e tupinambás inspirou game
Conflito entre temiminós e tupinambás inspirou game |  Foto: Reprodução

“A Lenda de Niterói” se passa nesse contexto. O jogador controla Arariboia em missões nas regiões de conflito entre as aldeias, passando por locais como a praia de Icaraí, até chegar na tomada do forte francês de Coligny, localizado na antiga ilha de Serigipe - depois chamada Ilha de Villegagnon, que atualmente faz parte do Aeroporto Santos Dumont. Ao longo do caminho, ele precisa lutar contra colonos, tupinambás e até contra animais perigosos da fauna local, como a onça-pintada e a aranha armadeira.

Entre um inimigo e outro, o jogador se depara com alguns “pergaminhos” pelo caminho, que trazem curiosidades e informações sobre a região, sobre a biodiversidade e sobra e história local - tudo baseado em um rigoroso trabalho de pesquisa. Para além dos textos informativos, toda a ambientação da narrativa, do visual dos cenários às características de personagens, passou pelo crivo da pesquisa.

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    "Nossa ideia é, depois de todo o processo do edital, entrar em contato com a Secretaria de Cultura para tentar distribuir o jogo, de graça, entre as escolas de Niterói", explicam desenvolvedores
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    Otto Lehmann, diretor, game designer e programador
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    Leonardo Marques, artista, game designer e programador
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    André Rente, compositor e sound designer
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O compositor e sound designer André Rente explica que o processo de pesquisa se refletiu até mesmo na composição da trilha sonora. “Nós utilizamos um banco de sons que foi todo gravado por tribos indígenas da Amazônia. Eu manipulei esses sons para compor a trilha e os efeitos, é claro, mas eles foram todos gravados com a tribo. Tentamos utilizar na situação sonora todo esse trabalho de pesquisa do jogo, para trazer uma certa proximidade, deixar mais fiel”, explica.

O projeto ainda não tem previsão de lançamento oficial, mas, segundo a equipe, a ideia é tentar deixar “A Lenda de Niterói” disponível de forma gratuita para estudantes da rede pública antes de levar o jogo para o grande público.

“As nossas referências [culturais] são todas de coisas lá do exterior. A gente cresce vendo os jogos de cavaleiros medievais ou com animais comuns lá fora. Mas, ao mesmo tempo, a gente sabendo de pouca coisa daqui - da nossa cultura, da nossa biodiversidade. Então, a nossa ideia é trazer isso; não só essa dimensão educativa mais formal, mas despertar essa admiração pelas coisas nossas”, completa Otto.

“A Lenda de Niterói” foi contemplado por edital da Lei Paulo Gustavo
“A Lenda de Niterói” foi contemplado por edital da Lei Paulo Gustavo |  Foto: Reprodução

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