Escolas sofrem com falta de investimentos do Governo
Cieps são os mais castigados com a falta de recursos
Por Marcela Freitas
“Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”, a frase dita pelo antropólogo Darcy Ribeiro, há 35 anos, parece ter cada dia mais sentido. Com agravamento da crise financeira do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Educação vem sendo castigada e, sem recursos, dá os seus “últimos suspiros pela sobrevivência”.
Os órgãos que mais sofrem com a falta de investimentos são os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), projeto educacional de Darcy Ribeiro, que os considerava “uma revolução na educação pública do País”.
Implantados ao longo dos dois governos de Leonel Brizola (1983 – 1987 e 1991 – 1994), os Cieps - popularmente chamados de Brizolões - tinham o objetivo de oferecer ensino público de qualidade em período integral aos alunos da rede estadual.
Atualmente não existe ensino integral nessa rede, bem como investimentos em infraestrutura e profissionais. Em São Gonçalo, por exemplo, os Cieps sofrem com um processo de depredação.
O Ciep 045 do Porto do Rosa foi completamente abandonado pelo poder público e, como muitos outros, se tornou local vulnerável para o acesso de traficantes e usuário de drogas. A unidade chegou a ser municipalizada em 2006, mas foi devolvida ao Estado nos primeiros meses de 2016.
Em janeiro de 2015, um episódio chamou bastante atenção na unidade. Funcionários foram expulsos por homens em motocicletas, que estariam cumprindo uma determinação do tráfico local. A expulsão seria uma retaliação às denúncias de que traficantes haviam montado uma ‘boca de fumo’ nas dependências da escola.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que tem investido na melhoria da educação nas cidades de São Gonçalo e de Itaboraí. Em 2017, por exemplo, foi implementado Ensino Médio Profissionalizante em Empreendedorismo em seis unidades de ensino dessas cidades, sendo três em São Gonçalo e três em Itaboraí. Sobre o processo de municipalização, a Seeduc informou que o que tem ocorrido é o processo de municipalização do Ensino Fundamental, que é de responsabilidade das prefeituras.
Faltam professores e sobram dificuldades
Assim como no Porto do Rosa, outras unidades sofrem com a falta de investimentos. No Ciep 121 - Professor Joadélio Codeço, em Marambaia, São Gonçalo, os alunos têm dificuldades para chegar à escola por conta de matos e esgoto que impedem a travessia segura dos estudantes.
Também é nessa unidade que estão estudando os aludos do Colégio Estadual Doutor Moacyr Meirelles Padilha, no Apollo II, em Itaboraí, que se viram obrigados a mudar de escola, após um incêncio atingir a biblioteca e laboratório de informática. Remanejados para o Ciep de forma provisória, os alunos completam dois anos letivos na unidade emprestada e veem distante a chance de voltar para a única escola com ensino médio do bairro onde vivem.
No Ciep 050 - Paulo Neruda - no Laranjal, a quadra está sem equipamentos básicos, como a rede de basquete, e uma das maiores queixas é a falta de professores.
O abandono das escolas não se limitam apenas aos Cieps. O Colégio Estadual Coronel João Tarcísio Bueno foi interditado pela Secretaria Estadual de Educação após o teto da biblioteca desabar em agosto de 2015. A comunidade escolas tem se mobilizado e cobrado às autoridades um cronograma para retorno ao prédio de origem. Essa indecisão deixou os alunos longe da escola, no ano que ela completaria 50 anos. Atualmente os alunos foram remanejados para o prédio do Ciep, que fica a cerca de 300 metros do antigo colégio.