Conheça MC Jordan, autor do maior hit dos camelôs do Alcântara
Ele compôs 'Camisa é 10 Reais'

Por Dayse Alvarenga e Vitor d'Àvila
Quem caminha pelos camelôs do Alcântara certamente já conhece o seguinte refrão: “Camisa é 10! Camisa é 10 Reais”. O funk chiclete, que já está na boca do povo, é a trilha sonora de todas as barracas de roupas da região. O que poucos sabem é a história por trás desta música, que é de autoria de um dos nomes mais conhecidos do funk em São Gonçalo.
“Camisa é 10 Reais” foi escrita pelo cantor e compositor gonçalense MC Jordan. Tudo começou numa brincadeira, na qual Yuri, amigo de Jordan e camelô, pediu que o cantor fizesse uma música para chamar os clientes para sua barraca. Foi então que Jordan, que estava em estúdio gravando uma de suas novas canções, aproveitou para atender o pedido do amigo, sem ter ideia da grande repercussão que estava por vir.
Hoje, o hit é presença certa em quase todas as barracas de roupas do Alcântara e já está na boca do povo. Todo mundo sabe de cabeça o refrão, e, as vendas, não só de Yuri, como também dos demais camelôs, cresceram rapidamente. No entanto, a história de MC Jordan vai muito além disso. Entre seus trabalhos, têm até composições para a televisão e parcerias com cantores famosos.
Jordan, de 28 anos, começou a cantar aos 17 anos, quando trabalhava como camelô no Alcântara, como forma de diversão, em eventos promovidos por seu primo Kleber, no bairro do Rio do Ouro. Para divulgar seu trabalho, ele telefonava para produtores de festas em São Gonçalo e pedia para cantar de graça, sem receber cachê. Foi então que Jordan chamou a atenção do MC Dieyd, que se tornou seu primeiro empresário e levou sua música para tocar no programa Big Mix, do DJ Marlboro.
Depois disso, o trabalho de MC Jordan começou a ficar cada vez mais conhecido. Em 2008, ele foi contratado pela Furacão 2000. Lá, além de cantar sua músicas, passou a compor para artistas da produtora, como o grupo “Os Lelekes”, além de estar no mesmo DVD que artistas de projeção nacional, como Anitta e Nego do Borel.
A partir de 2014, Jordan passou a compôr para emissoras de TV. Entre os trabalhos de mais destaque estão as músicas “Dança do Boneco”, interpretada pelo ator Mateus Uêta; e “Delícia”, na voz da apresentadora Lívia Andrade. Estes trabalhos foram feitos em parceria com o produtor musical do SBT, Arnaldo Saccomani, por quem Jordan guarda enorme carinho.
MC Jordan também compôs músicas para produções da Rede Globo.
Em 2016 veio um duro golpe na carreira de Jordan. Ao fechar contrato com uma conhecida produtora paulista de funks, ele esperava dar o grande salto em sua carreira. Porém, uma briga entre o empresário que o havia indicado e o dono da produtora fizeram com que Jordan ficasse impedido de cantar por dois anos devido a uma cláusula contratual que garantia à produtora exclusividade para explorar seu nome, músicas e shows.
“Fui para a produtora de São Paulo. Fiquei dois anos na ‘geladeira’. Tive depressão, pensei até em suicídio”, revelou.
Sem poder gravar e fazer shows, Jordan não conseguia manter sua família, formada por sua esposa e seus três filhos: Giovana, de 11 anos; David, de seis anos; e Daniel, que tem apenas um ano. Com isso, o cantor retornou para São Gonçalo e voltou a trabalhar como camelô no Alcântara, vendendo artigos para celulares.
“Por alguns meses, fiquei sem ter o que comer em casa. Ainda recebia pelas composições da TV, mas não era o suficiente para manter minha família”, disse.
Após finalmente conseguir a rescisão do contrato com a produtora, no final de 2017, Jordan rapidamente voltou a fazer seus shows, dentro e fora do Estado do Rio de Janeiro, e gravar novas músicas. Ele segue compondo para TV e, para o verão de 2019, lançou o hit “Absurdamente”, além de escrever “Popô de Metralhadora”, interpretada por MC Bocão.
Embora deixe claro que tem muito orgulho de ser camelô, Jordan diz que ainda pretende voltar a viver exclusivamente da música.
“Penso em viver só da música, é o que eu gosto de fazer, mas tenho muito orgulho de ser camelô aqui no Alcântara. Foi aqui que reencontrei meus amigos e pude lançar o funk da camisa”, concluiu.