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Cineasta gonçalense lança seu primeiro longa rodado em SG

Longa que tem o elenco majoritariamente negro, retrata questões raciais

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de março de 2019 - 09:39
Objetivo de cineasta Alberto Sena é valorizar o trabalho de atores e atrizes do município
Objetivo de cineasta Alberto Sena é valorizar o trabalho de atores e atrizes do município -

Por Samara Oliveira e Marcela Freitas


Ototo Obaluayê: a saudação ao Orixá da religião de matriz africana, o candomblé, é também agora o nome de um filme com origem gonçalense.

Segundo o cineasta Alberto Sena, de 50 anos, o longa-metragem conta a história de Tarik, interpretado pelo ator Reinaldo Junior, um jovem que saiu do Brasil para fazer doutorado em biomedicina e voltou para o país, já formado, após a morte dos pais. Tarik conhece Zaila, interpretada pela atriz Luana Arah, que enfrenta um drama familiar e Tarik, então, se vê obrigado a entrar num problema para o qual ainda não está preparado.

Com um elenco composto por 16 pessoas, majoritariamente negro, incluindo ainda, duas participações especiais dos atores da Rede Globo, Érico Brás e Dani Ornellas, o filme retrata diversas vertentes da questão racial que vão desde afetividade entre um casal negro, extermínio dessa população, ancestralidade, religião e racismo.

O diretor conta que esta será sua primeira assinatura sozinho em direção e roteiro e por isso procura valorizar profissionais da própria cidade.

“Quero colocar o máximo de gonçalenses envolvidos nessa obra. Sempre trabalhamos para outros lugares, colocando outras pessoas. Eu sempre fiquei muito inquieto querendo fazer as minhas produções, algo com a minha cara. Já fiz muitos trabalhos, mas sempre em parceria com alguém. Então pretendo buscar mais profissionais daqui que possam contribuir com seus trabalhos no filme”, contou.

Sena não somente prioriza profissionais da cidade como também vai usar o município como cenário de sua trama, gravando partes do longa no centro de São Gonçalo. Como o filme é independente, o produtor e cineasta está captando recursos para continuar filmando e poder entregar a obra o mais rápido possível para a população gonçalense. No entanto, a previsão de estreia é até o primeiro semestre de 2020, podendo ser antecipado.

Quem tiver interesse em colaborar com patrocínio, valores ou até mesmo equipamentos deve entrar em contato com o produtor Marcos Moura pelos telefones (21) 9 9266-0026 ou 98816-2676.

Protagonista no filme é ex-moradora de SG

A protagonista do filme e ex-moradora da cidade, Luana Arah, de 38 anos, conta como encontrou dificuldade para viver da arte em São Gonçalo até notar que era necessário buscar isso nas cidades vizinhas.

“Minha família é toda de São Gonçalo. Eu precisei me mudar para o Rio justamente pela falta de cultura e pela dificuldade que eu tinha de encontrar pessoas que fizessem arte. Mas vejo o quanto isso está mudando. Antes não havia tantas possibilidades em São Gonçalo, agora vemos que tem grupos de teatro, um circuito de cinema. Um movimento que já se coloca independente do eixo Rio-São Paulo, isso é muito importante”, contou

A atriz fala também como é interpretar pela primeira vez um filme de origem gonçalense, cidade onde passou toda adolescência e início da fase adulta, se tratando ainda de questões das quais ela se identifica

“Quando eu recebi o convite para participar do elenco eu fiquei muito feliz, muito mesmo. Esse é o meu terceiro longa, mas como protagonista será o primeiro. Eu e Alberto nos conhecemos em um trabalho anterior em que éramos do mesmo elenco. Sena também é ator. A história do filme vai de encontro a tudo que eu acredito. Existem poucos papéis importantes para pessoas negras e eu analiso isso, independente do cachê. Já recusei trabalhos em que eu percebi que seria hipersexualizada como mulher negra. Mas quando vi o roteiro desse filme eu fiquei encantada”, completou.

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