Samba da Série A do Carnaval carioca vai parar na polícia
Em meio ao 'racha' entre escolas de samba, até detetives da Polícia Civil invadem reunião na Lierj
O samba foi parar na polícia. Em meio ao vácuo deixado pela renúncia do presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), Renato Thor, um episódio nada louvável marcou negativamente a história do Carnaval da capital, um dos maiores eventos culturais do país.
Na noite da última sexta-feira, quatro policiais civis invadiram a plenária que estava sendo realizada pelos presidentes filiados a Lierj na sede da entidade, no Centro do Rio, para discutir a formação da nova diretoria, em função da renúncia de Thor. Os policiais, que aparentemente seriam detetives, estavam uniformizados, armados e fizeram vários questionamentos sobre o que estava sendo tratado no encontro. Constrangidos, os sambistas decidiram registrar queixa na 4ªDP (Praça da República).
Denúncias - O resultado dos desfiles da Série A no Carnaval de 2019, que teve como campeã a Estácio de Sá, gerou uma série de protestos por parte das escolas que compõem a Série A no Carnaval carioca. Logo após a divulgação dos envelopes, um dos julgadores informou aos dirigentes derrotados, se forma sigilosa, temendo represálias, que a nota máxima que ele havia dado a uma determinada agremiação não correspondia a que foi lida no dia da apuração na Praça da Apoteóse, na quarta-feira de cinzas. Outros julgadores também haviam reclamado. Iniciou-se então, um movimento, entre os dirigentes, para analisar a situação, que colocaria em xeque toda a lisura dos desfiles da Séria A.
A situação provocou um 'racha' na entidade. Em meio a crise, passou-se a discutir a legitimidade do mandado da atual diretoria, que vinha mantendo atividades, em caráter provisória, em função da renúncia, em abril do ano passado, do ex-presidente Déo Pessoa. Santa Cruz, Rocinha, Inocentes de Belford Roxo, Acadêmicos de Vigário Geral, Sossego, Unidos da Ponte, Cubango, Unidos de Bangu, Império Serrano, Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra se uniram em prol da causa. A campeã Estácio e a Império da Tijuca ficaram neutras.
Entre outras reivindicações, o grupo dissidente pedia a saída de Renato Thor, também presidente da Unidos de Tuiuti, do Grupo Especial do Rio, que havia também ocupado a direção da Lierj, de forma provisória, após a renúncia de Déo . em meio ao 'racha', Thor renunciou ao cargo na Lierj e a oposição montou nova diretoria. "Não entendemos porque policiais que deveriam estar trabalhando em prol da Segurança Pública da população foram fazer em uma reunião de sambistas, como se estivéssemos cometendo algum crime. isso é inadmissível e mancha de forma negativa o Carnaval do Rio de Janeiro, que é um das principais manifestações culturais do paós, reconhecida internacionalmente", afirmou um dos sambistas.
Na próxima semana, os diretores eleitos no grupo de oposição pretendem analisar a situação junto ao Departamento Jurídico da Lierj para saber que providências deverão ser adotadas daqui para frente.