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Digital Influencer: a profissão da moda

Pessoas comuns ‘de um dia para o outro’ tornam-se referências nas redes sociais

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 28 de julho de 2019 - 09:42
Sarah Fonseca, mora no bairro Fonseca, em Niterói, participou de reality show e atualmente é influenciadora digital na rede Instag
Sarah Fonseca, mora no bairro Fonseca, em Niterói, participou de reality show e atualmente é influenciadora digital na rede Instag -

Por Thalita Queiroz*

Com a popularização da rede social Instagram, compartilhar o dia a dia nunca pareceu tão normal e simples. Fazer vídeos andando na rua, em uma mesa de restaurante ou até mesmo deixar de bater palma em um parabéns para registrar o momento, se tornou comum nesses últimos anos. Foi desse hábito de mostrar a rotina que os influenciadores digitais tomaram conta da linha do tempo da plataforma digital.

São pessoas comuns que de um dia para o outro, ou como fruto de muita pesquisa para se firmar nesse meio, que acumulam milhares de seguidores em sua conta oficial.

Os números podem variar mas ainda assim, se intitulam como um influenciador digital. Para ser considerado um influenciador, é preciso que algo seja mostrado constantemente nas redes sociais para influenciar realmente quem está do outro lado da tela do celular.

Neste ramo, é possível encontrar pessoas que falem sobre diversos assuntos: beleza, moda, comida, lazer, dicas de compras, esporte e dessa forma, eles acabam entrando na vida dessas pessoas que os seguem.

As mudanças de algoritmos e as constantes atualizações na plataforma digital possibilitam que cada vez mais os usuários do aplicativo possam acompanhar o influenciador, das formas mais variadas possíveis, seja em tempo real; através das transmissões ao vivo, por mensagens diretas ou até mesmo por fotos e vídeos curtos de 15 segundos no próprio aplicativo.

Muitos usufruem desse tipo de opções para fazer disso o seu trabalho e faturar, e muito, apenas mostrando a rotina.

Segundo uma pesquisa realizada pelo site Dummies, um influenciador digital, com mais de 100 mil seguidores pode faturar entre R$ 5 mil a R$ 10 mil por anúncio patrocinado, os chamados “publiposts”.

Os publiposts são um meio que as marcas encontraram para aproveitar a popularidade dos influenciadores e conseguir ganhar visibilidade em cima disso. Algumas marcas dão roupas referentes às novas coleções, produtos de beleza e entre outros itens, para que o “influencer” exiba em seu perfil.

Professora na vida real e conselheira de economia no mundo digital

Layza Cardoso tem tem 27 anos, é moradora de São Gonçalo e há três anos se aventurou no mundo digital.

No início, era como um fuga para a jovem que passava por momentos complicados na família e estava desempregada. “Eu ficava em casa olhando alguns perfis que falavam coisas que me interessavam e comecei a produzir conteúdos para o meu próprio perfil e fui buscando o meu espaço”, conta ela.

Layza, que é dona do perfil @dica_da_iza, conta que sua vida começou a mudar em 2017, após a popularização do aplicativo. “Eu fui publicando coisas que eu achava que era relevante, sempre gostei muito de pesquisar preço e coisas baratinhas então passei a fazer isso e divulgar para os meus seguidores as dicas, e fez muito sucesso”, conta a jovem.

Acumulando 25,3 mil seguidores em seu perfil, Layza, conhecida na rede como Iza, é professora formada e dá aulas durante a semana. “São duas paixões que eu tenho, o meu Instagram e dar aulas. Não quero deixar de fazer uma coisa por causa da outra, sempre vou conciliar essas duas paixões”, explica.

Com seguidores majoritariamente de São Gonçalo e Niterói, Layza se concentra em publicar dicas que possam ajudar esse grupo de pessoas. “Vou às lojas procurando preços em promoção e já publico no meu perfil, os seguidores amam”, diz ela.

De ‘influencer’ digital a empreendedora com mais de 200 mil seguidores

Sarah Fonseca, é uma das influenciadoras mais queridas das marcas no momento. Tendo uma boa visibilidade após participar de um programa de reality show, neste ano, a jovem de 25 anos, mora no bairro do Fonseca, em Niterói e conta em seu perfil @sarahfonseca, com 255 mil seguidores.

Produzindo atualmente conteúdos sobre empreendedorismo, seus treinos, empoderamento feminino e ainda recebendo perguntas de curiosos sobre sua participação no programa de TV, Sarah já tem uma história de longa data dentro da rede social.

“Eu comecei quando eu tinha 22 anos no Instagram, participava de treinos de uma marca de produtos esportivo famosa e tinha amizade com cantores do mundo do funk que eram bem conhecidos também. Aos poucos fui sendo convidada para participar de eventos”, diz a influenciadora.

Antes do programa, ela já tinha começado uma empresa de bijuterias e fazia trabalho como modelo. Depois do programa ela começou a receber propostas de marcas importantes e teve a oportunidade de ganhar mais de 230 mil seguidores.

“Hoje eu sinto muita diferença de como as marcas se portavam antes, porque no começo era muito desconhecido, ninguém sabia se ia funcionar mesmo ou não. Agora essas parcerias confiam mais e já fecham trabalhos com mais tranquilidade”, diz ela que afirma já ter conquistado sua independência financeira com o trabalho no Instagram e com a empresa de bijuterias, @sr_biju.

“Eu não tenho dúvidas que vou querer continuar trabalhando com isso”, declara a influenciadora.

Nutricionista vê sucesso acontecer ‘do dia pra noite’

A jovem Flávia Freitas, de 25 anos, caiu de paraquedas neste meio e, até hoje, não entende muito como começou a ganhar seguidores. A dona do perfil @sraflaviafreitas_, é recém formada em Nutrição, mora em São Gonçalo, e diz que tudo começou quando postou uma foto durante suas férias e recebeu mais de 3 mil curtidas em poucas horas: “Foi do nada, começou a subir muito o número de curtidas e eu fiquei bem assustada porque eu não era ninguém importante na rede, não estava buscando nenhum tipo de engajamento, só postei para os meus amigos que me seguiam”, diz ela.

Após ter conquistado 9 mil seguidores, a nutricionista diz que não tem pretensões de se tornar uma influenciadora digital.

Carreira pode ser curta’, diz especialista

Segundo Victor Antonio, de 27 anos, formado em belas artes com especialização em design e mídias digitais, acompanhar a rotina do outro é uma forma de construção identitária.

“As pessoas querem é ser vistas, seja da forma que for, por curtidas em fotos ou comentários. Essa geração vê as redes sociais como um espelho, há um forte desejo de se mostrar também”, diz ele.

Victor se preocupa com o impacto dessas ações. “Me pergunto até que ponto isso não se torna prioridade na vida dos indivíduos então, junto com a busca por fama, curtidas e seguidores, vem a busca pela perfeição, a busca pelo corpo perfeito, pela magreza, pela aparência plastificada e sem defeitos.”

Ele ainda relaciona o cenário com as questões levantadas por um filósofo Zygmunt Bauman. “Ele vai dizer que diante da liquidez do mundo, as pessoas não se importam mais em construir, em fincar bases ou construir vidas sólidas, elas querem imediatismo. Elas desejam o imediato, desejam a fama instantânea, o dinheiro instantâneo e elas não se planejam para que isso não seja duradouro”, completa ele.

Para o acadêmico, a carreira de um influenciador digital pode ser uma carreira a curto prazo. “Cada vez mais vai ter um número maior de influenciadores, de pessoas querendo ser influenciadores e consequentemente essa é uma carreira curta, isso é preocupante”.

Estagiária supervisionada por Marcela Freitas*

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