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São Gonçalo sofre com falta de incentivo cultural para a população

Teatro e Biblioteca Municipais, e Escola de Música estão entre os projetos parados no município

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 05 de agosto de 2019 - 19:22
Teatro Municipal de São Gonçalo segue fechado
Teatro Municipal de São Gonçalo segue fechado -

Por Thalita Queiroz*

Um dos maiores desafios que a cidade de São Gonçalo encontra hoje é cumprir com as políticas públicas de cultura e conseguir colocar para frente planos de incentivo cultural para a população gonçalense, e que sejam duradouros. Escola de música, teatro municipal, agenda cultural mensal e biblioteca, são alguns exemplos de patrimônios da cidade que não atendem a população de forma devida atualmente. 

Em outubro de 2016, membros do Fórum Gonçalense de Cultura, apresentaram a “Carta da Cultura de Gonça” em que eles citavam principais itens para que o novo prefeito, José Luiz Nanci, pudesse projetar e efetivar soluções para os desafios que ele encontraria na sua gestão. 

A carta se perdeu em meio a tantas promessas. Nanci assinou a 'Carta' diante de outros membros do setor artístico e de alguns auxiliares no período eleitoral, que hoje são secretários municipais e vivem em um jogo de “empurra-empurra”, declarando que não são responsáveis por certas demandas.

Cleise Campos, que faz parte do Fórum Gonçalense de Cultura está em uma luta constante para que ações possam ser tomadas e a cultura de São Gonçalo possa ganhar um fôlego novo. Ela escreveu uma carta aberta para chamar a atenção desse cenário caótico que se arrasta há anos na cidade. Em um dos trechos ela afirma que: “Nestes últimos dezoito anos, a lista do que foi perdido e do que deixamos de ganhar na área cultural para nossa cidade deveria ser motivo de indignação para todos nós que atuamos na área. Deveria ser  motivo de aguda vergonha para os gestores públicos de cultura que passaram pela pasta,para quem responde atualmente pela gestão cultural da cidade".

Cleise, que é professora e doutoranda em História Social pela UERJ, em sua declaração levou diversos questionamentos sobre a política cultural. Entre eles, ela também destaca a falta de embasamento técnico da equipe de cultura, pois a maioria, segundo ela, é de indicação política e não teria um currículo para dar conta de cumprir o Plano Municipal de Cultura.

Além disso, ela cobra os editais públicos da Secretaria Municipal de Cultura para os diferentes segmentos artísticos da cidade, uma equipe para elaborar minuta de lei para aprovação da Câmara Municipal da Lei  Municipal de Incentivo à Cultura da cidade, levando em consideração um baixo o orçamento para a cultura. 

Em outra parte da mensagem, Cleise vai mais a fundo nas reflexões: “Quem pode citar dez projetos (ao menos), integrantes de programas contínuos anualmente, com rubrica orçamentária, que englobe todos os segmentos artísticos? Quantas e  quais parcerias temos entre a PMSG e os governos estadual e federal, no âmbito da Cultura? Quais convênios estão em vigor, com recursos externos, para nossa cultura local?”

Hoje a situação dos patrimônios culturais da cidade são portas fechadas. A Escola de música Pixinguinha, uma referência no incentivo de inclusão a crianças com algum tipo de deficiência cognitiva, está fechada desde 2016, dando lugar a um posto de saúde. A Fazenda Colubandê, um ponto turístico da cidade, deu lugar a ocupação de policiais militares para controlar quem entra e quem sai de um espaço desativado. 

A Biblioteca Pública Municipal, que ficava no Centro Cultural Joaquim Lavourão, fechou em março deste ano. Outro projeto voltado para os livros e que chegou ao fim em 2017, foi o Projeto ‘Mais Leitura’, fruto de uma parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia com a Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro. A ação tinha como objetivo estimular a leitura, disponibilizando livros com preços acessíveis à população, entre R$ 2 e R$ 4.

A demora para que o Teatro Municipal seja inaugurado também chama a atenção daqueles que estão na luta. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou ao prefeito José Luiz Nanci que o município de São Gonçalo tem 60 dias para inaugurar o Teatro, que já se encontra completamente equipado, mas não é aberto por conta da paralisação do contrato desde dezembro de 2016.

Paulo Carvalho é membro do Fórum Gonçalense de Cultura e advogado, filho de professora, e reafirma o posicionamento de que é preciso ordem para que ações no setor de cultura possam ser tomadas. "A cultura ressocializa, quem bebe na fonte da cultura acaba tendo uma sensibilidade diferente e afasta a sociedade da marginalidade", diz ele.

Paulo fala ainda sobre a importância da abertura do teatro: "O município precisa ter um calendário cultural, coisas que eu não tive quando era adolescente. O teatro municipal pode ter aulas de teatro, música ou artesanatos. É uma boa oportunidade para esses jovens".

Cleise Campos, finaliza sua mensagem com um desabafo: “Para quem quer atuar na gestão pública cultural, é necessário fazer por merecer a função”. 

O SÃO GONÇALO entrou em contato com a prefeitura que informou que:

Biblioteca Pública Municipal- O novo local está em obras e deve ser inaugurado no início de setembro.

Escola de Música Pixinguinha- Transferência para a secretaria de Educação, de modo que a orquestra municipal terá o prédio da escola como sede e irá gerir a escola de música.

Fazenda Colubandê -  A Prefeitura informa que a Fazenda Colubandê é de responsabilidade do Governo do Estado, através do  Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC).  A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer mantém alguns projetos no espaço anexo, por isso, é feita a manutenção nos locais de prática de esportes. 

Projeto Mais Leitura - É do Estado, através da Imprensa Oficial. Lembrando que reinauguramos a lona cultural do Jardim Catarina, que estava fechada há anos, na última semana.

"A manutenção desta lona é indispensável, pois figura entre as principais ferramentas de inclusão e geração de oportunidades, principalmente para os jovens, em uma comunidade que necessita tanto disso. Além de oferecer lazer e diversão às famílias", ressalta Carlos Ney Ribeiro, secretário municipal de Turismo e Cultura. 

"Em setembro iremos inaugurar a Feira Nordestina, em Neves", finalizou.

Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas*

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