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Praças abandonadas causam medo e trazem perigo para moradores de SG

Locais viraram abrigo para moradores de rua e usuários de drogas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 23 de setembro de 2019 - 09:36
A praça do Colubande não tem sequer o funcionamento do chafariz. Aspecto é de abandono no local
A praça do Colubande não tem sequer o funcionamento do chafariz. Aspecto é de abandono no local -

Por Daniela Scaffo

O que deveria ser ponto de lazer para a população gonçalense, se transformou em evidência de que a prefeitura de São Gonçalo abandonou a cidade. Pelo menos quatro praças na região estão se deteriorando e, sem receber investimentos para melhorias, virou abrigo para moradores de rua e ponto de encontro para usuários de drogas.  

Algumas dessas praças, como a dos Ex-Combatentes, no Patronato, tem incalculável valor histórico - já que exibe objetos utilizados na Segunda Guerra Mundial. OSG percorreu alguns pontos da cidade e listou o abandono das praças.

Praça do Patronato - Intitulada como Praça dos Ex-Combatentes, o espaço localizado no bairro Patronato, foi fundado em 1970 e contém objetos históricos como uma rampa de lançamento de bombas, uma bomba de profundidade, uma âncora de navio da Marinha, um canhão de artilharia, um tanque de guerra e um monumento às Forças Armadas. 

Apesar de ser considerada um museu a céu acerto, a praça está abandonada, com pichações e os objetos históricos degradados pela própria população. Sem a manutenção da prefeitura, 

Segundo a comerciante Sonia Cordeiro, de 61 anos, que mora no local desde que nasceu, apesar da prefeitura disponibilizar uma pessoa para limpar a praça diariamente, o espaço está abandonado e sem atrativo artístico.

"A praça não tem nenhum tipo de atrativo. Além disso, é muito insegura. Constantemente tem assalto nessa região. Seria bom se eles disponibilizassem policiamento ou guarda municipal para ficar nessa arredor. Além disso, os objetos históricos não estão preservados. A população pichou, depois pintaram de rosa e agora está esse verde, que não é a cor original do canhão", contou a comerciante.

A estudante de pedagogia Andrea Porto, 35, também reclamou da insegurança no local. Ela ainda reivindicou uma atividade no local para evitar a ociosidade dos jovens na área.

"Tem estudantes que saem da escola ou da faculdade, vem para a praça para usar drogas. Podia ter alguma atividade aqui na praça, para tirar esses jovens dessa ociosidade", declarou.  

Praça do Colubandê - Os índios tamoios que habitavam na região onde está situado o município, foram surpreendidos pelos primeiros conquistadores, portugueses e franceses. A cidade de São Gonçalo foi fundada em 6 de abril de 1579, pelo colonizador Gonçalo Gonçalves, e seu desmembramento iniciou-se no final do século 16, pelos jesuítas. 

Foram eles que instalaram uma fazenda na zona conhecida como Colubandê no começo do século 17, às margens da atual rodovia RJ-104. Nesse mesmo bairro, foi fundada a Praça Leonel de Moura Brizola, mais conhecida como Praça do Colubandê, que, por muitos anos, era ponto de encontro de jovens de diferentes grupos.

Em 2012, o espaço com área de mais de 10 mil metros quadrados, foi completamente reformado, recebeu brinquedos, um chafariz, mesas para jogos de tabuleiros e 13 aparelhos de musculação. Apenas sete anos depois, a praça encontra-se completamente abandonada.

"Eu me lembro que há anos atrás, as pessoas vinham aqui, tiraram fotos no chafariz e as crianças se divertiam nos brinquedos. Hoje, a gente tem até medo de entrar na praça, pois ela está tomada de moradores de rua e usuários de drogas", contou um morador da localidade, que preferiu não se identificar.

Os brinquedos e aparelhos também estão em péssimo estado de conservação. A população relatou, inclusive, temer que as crianças usem os brinquedos e acabem se machucando.

Praça de Nova Cidade - A falta de referência histórica aos símbolos expostos nos diferentes bairros é um problema no município. Além da Praça dos Ex-Combatentes, um outro exemplo ocorre na Praça de Nova Cidade, que poucos sabem que se chama Praça da Liberdade. No local, uma estátua representa a abolição da escravatura, mas não há qualquer informação sobre a relação de escravos com a região. 

Segundo pesquisadores, o ex-prefeito Lavoura derrubou um prédio antigo para construção da praça, reformada pelo prefeito Jaime Campos. Em 2004, ela recebeu o nome de Praça da Liberdade e reformada por Henry Charles, que nela colocou a escultura que lá se encontra, cujos autores tiveram o nome apagado em reforma feita em 2006 por Aparecida Panisset, ao substituir a placa de seu antecessor. Hoje, inclusive, a estrutura da estátua encontra-se pichada.

Além da desvalorização histórica, a praça, que deveria servir de lazer para a população, se transformou em um local onde as pessoas tem medo até mesmo de visitar. Segundo uma dona de casa que frequentemente passa pelo local, Renata Santos, 30, a região está tomada de moradores de rua.

Até mesmo o balanço que havia na praça, hoje não existe mais. Apesar da estrutura de madeira continua em pé no espaço, não há cadeirinhas para as crianças sentarem. Os aparelhos de ginástica, que estão quebrados, também apresentam perigo para a população.

"A praça está muito abandonada, nem brinquedos tem mais. Com isso, os usuários de droga tomaram conta de tudo. Eu tenho até medo de passar por aqui porque, como as árvores estão sem poda, atrapalham a iluminação e fica tudo escuro", explicou.

Praça da Trindade - Localizada no coração do bairro, a Praça Leonor Correia, a famosa Praça da Trindade, é muito frequentada pelos moradores e até mesmo pela população que mora em outros bairros da cidade. Isso porque, os bares e restaurantes que rodeiam a praça funcionam até o amanhecer e atraem o público.

Mas poucos conhecem a história por trás dela. A Fazenda da Trindade foi adquirida por Francisco José Ramos e Thereza Maria Moreaux Ramos, em 19 de julho de 1877, por 14 contos de réis. Leonor Moreaux Ramos, filha do casal, mudou-se para o Rio de Janeiro após o falecimento dos pais, mantendo a fazenda Trindade.

Após casar-se com Lauro Augusto Corrêa, Leonor volta para São Gonçalo reativando a fazenda. Seguindo orientação de seu genro Humberto Soeiro de Carvalho, após a morte de seu marido, Leonor organizou em 11 de dezembro de 1951 a Imobiliária Trindade LTDA, para lotearem a fazenda. O Doutor Humberto Soeiro Carvalho reservou quatro terrenos: Um para a praça, um outro para a Igreja e outros dois para dois colégios.

Na época, a praça, segundo moradores que moram há anos no bairro, tinha canteiros de gramas, flores e bancos. Após passar por reformulações, o local ganhou brinquedos e quadra de futebol, mas que foram se degradando devido o abandono do local.

"Sem a manutenção necessária todos os brinquedos estão quebrados, meu filho, de cinco anos, vai a praça todos os dias para jogar bola e andar de bicicleta. Não tem condições de brincar na praça com os brinquedos de lá. A praça está abandonada, muitos moradores de rua. Muito mal recolhem o lixo. Não há preservação da praça", contou a comerciante Eliane Pereira, de 46 anos.

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