Abrigo cuida de animais e cria oportunidades para pessoas em situação de rua
Hope é uma lição de amor ao próximo
Daniela Scaffo
A paixão por animais e o desejo de ajudar os moradores de rua foram os pontos que fizeram com que o Abrigo Hope surgisse no Rio de Janeiro. A ideia do americano erradicado no Rio de Janeiro e jornalista Gleen Greenwald, em parceria com o vereador David Miranda, surgiu após recolherem o cão de um homem que vivia na rua e foi atropelado.
O tema de companheirismo e carinho entre moradores de rua e animais abandonados foi explorado pelo casal, que produziu dois documentários dirigidos por Laura Poitras, em 2015. Assim começou o questionamento do por que não construir um local que recebesse tanto os animais como pessoas que estão nas ruas.
"O Gleen já tinha essa ideia e depois de assistir uma palestra minha sobre adoção de crianças, me propôs coordenar o abrigo. Eu tenho três filhos adotados e o Gleen, dois", contou.
A ONG começou ajudando a Caroline, que é trans, moradora de rua e tinha invadido uma casa no Alto da Boa Vista. Ela pegava cachorros de rua e levava para essa residência no Rio, onde já estava com mais de 25 animais resgatados. Na época, o Gleen também tinha mais ou menos a mesma quantidade de cachorros resgatados e ficou cinco anos ajudando a Caroline doando ração", contou o diretor executivo e financeiro da Hope, Francisco Anselmo Miranda David, de 41 anos.
Como a casa onde Caroline morava era invadida e havia outros moradores de rua habitando no local, os diretores da Hope não conseguiram dar continuidade ao projeto no local. Por isso, decidiram alugar um sítio em Maricá, onde foi estabelecida a ONG, em outubro do ano passado.
Hoje, o espaço conta com quase 60 cães abrigados, que podem ser adotados através do site da instituição e em feiras promovidas pela Hope. Além disso, três pessoas que estavam em situação de rua, hoje estão abrigados e trabalhando na ONG.
"Ainda estamos no início, o sítio ainda não é nosso e por isso não temos permissão para fazermos obras. Ainda estamos tentando com Maricá, uma parceria parecida com a que a gente tinha com a assistência social do Rio, onde eles nos encaminhavam os moradores de rua para trabalhar com a gente na Hope", informou Francisco.
Depois de conseguir adquirir permanentemente a primeira unidade, a ideia dos fundadores é replicar o projeto em outras cidades e estados do país, dando oportunidades para pessoas sem moradia e animais abandonados.
"O Gleen tem a intensão de fazer disso aqui, um santuário. Terá visitação para trazer as crianças mais para perto dos animais, e os cachorros para a adoção terão um espaço maior no sítio", emendou.
Para Caroline, uma das inspirações para o projeto nascer, a oportunidade tem sido boa e a experiência recompensatória.
"Agora a gente tem trabalho, coisa que não tínhamos antes. Assim, temos condições melhores de vida. Foi uma boa oportunidade que nos ofereceram. Eu sempre gostei de bicho, já criei vários, até cobra", disse Caroline, de 40 anos, que mora com o companheiro, o caseiro da Hope, Marcelo Santos Barros, 37.
Quem quiser ajudar a instituição ou adotar um animal, pode entrar em contato através da página https://abrigohope.org/.