Funcionários do SBT Rio alegam descaso com os funcionários durante pandemia
Segundo eles, jornalistas com maior projeção pública recebem mais assistência

Localizada no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a sede do SBT na cidade é facilmente identificada na região modernizada pelo mercado imobiliário. Apesar de toda renovação, o prédio da emissora no bairro é antigo e a redação onde ficam os jornalistas não tem janelas, o que aumenta o risco de contágio e propagação do coronavírus. Nesta quinta-feira (2), a administração da empresa contratou profissionais para higienizar o prédio que possui este antigo problema estrutural.
Um número alarmante de profissionais da emissora desenvolveram sintomas da Covid-19. A apresentadora Isabele Benito, por exemplo, publicou um vídeo nas redes sociais informando seus seguidores que está infectada com coronavírus.
Após o marido, Marcielo Rios ser diagnosticado com a doença, a apresentadora decidiu se submeter ao exame e atestou positivo. Ela chegou a ficar cinco dias no CTI. O repórter Caio Álex também realizou o teste. Em quarentena desde o dia 25 de março, o jornalista informou em sua rede social que testou positivo para o coronavírus.
Outros funcionários também estão com os sintomas, sendo dois deles um produtor e um auxiliar de câmera que estão no CTI dependendo de respiradores artificiais. Para aumentar a angústia, as esposas de ambos estão grávidas.
Funcionários que não estão nos holofotes contam que não estão sendo tão bem assistidos como apresentadores e repórteres com maior projeção pública. Segundo Sidney Rezende, empregados da emissora disseram ter sido obrigados a pagar R$ 300 pelo exame para saber se estavam com coronavírus. "Tiramos do próprio bolso. O SBT não se dignou a pagar", disse um deles.
Uma produtora teme estar com a doença, mas disse que não tem dinheiro para pagar o teste: “É arriscado? É, sim! Mas não disponho desta importância, infelizmente. Estou com medo”.
Outros funcionários reclamam também que a emissora demorou muito para agir e tomar medidas contra o coronavírus, como a compra de álcool em gel para uso geral.
Além disso, repórteres que voltavam de "externas" após entrevistas com pessoas suspeitas de portarem o vírus, voltavam ao ambiente de trabalho sem serem alertados dos riscos pela empresa. Então, os repórteres passaram a se precaver por conta própria.
Jornalistas do SBT afirmam que há pelo menos 28 colegas com a doença e o número pode aumentar já que, por falta de testes, ainda não tem como confirmar a situação de cada funcionário.
Com quatro repórteres, quatro editores de texto, dois chefes de reportagem e dois produtores em quarentena, a equipe do SBT Rio sofre em dar andamento ao trabalho.
Os funcionários que alegam estar se sentindo desassistidos dizem que vão denunciar a situação de "abandono" ao Compliance da emissora, uma espécie de ouvidoria. Segundo eles, vão esperar o momento crítico da pandemia passar para formalizar a reclamação.
Procurada por Sidney Rezende, a gerência de Comunicação do Sistema Brasileiro de Televisão informou que, entre os que pediram afastamento por morar com diabéticos e idosos, pessoas que são do grupo de risco e estagiários, o número é de 17 funcionários; e outros 14 por suspeita de estarem com o coronavírus.