“Educação e Ciência são pilares do desenvolvimento”
Entrevista com Comte Bittencourt
Reeleito presidente da executiva estadual do Cidadania, o ex-deputado estadual e professor Comte Bittencourt, que ocupou o cargo de secretário estadual de Educação, em 2021, liderando a retomada das aulas nas escolas públicas estaduais no sistema híbrido, presencial e remoto, prevê para o próximo ano desafios ainda maiores, tanto no campo político quanto na Educação. “Em 22, vamos travar um debate crucial para o futuro do país e do estado do Rio”.
P - Você foi reeleito presidente estadual do Cidadania. O partido conta com prefeituras de cidades importantes no estado do Rio. A legenda lançará candidato ao governo do estado?
Comte - Fui reconduzido à presidência da executiva estadual, tendo como vices os companheiros Welberth Rezende, prefeito de Macaé, o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha e o Aécio Nanci. Ainda é cedo para definirmos o nosso posicionamento, mas não estamos perdendo tempo. Neste segundo semestre, o partido realizou um ciclo de palestras virtuais com alguns pré-candidatos e lideranças políticas do estado. O que posso adiantar é que estamos bem informados e comprometidos com a defesa da democracia e dos valores republicanos.
É preciso compreender o momento histórico que vivemos. Em 22, vamos travar um debate crucial para o futuro do país e do estado do Rio. É preciso estar preparado para afirmar a democracia e defender a Educação e a Ciência como pilares do nosso projeto de desenvolvimento.
P - Sua trajetória é bastante ligada à Educação no estado do Rio de Janeiro. Você foi presidente da Comissão de Educação da Alerj por quatro mandatos consecutivos. Qual o maior obstáculo para qualificação do ensino público?
Comte - Em linhas gerais, o maior obstáculo continua sendo o de encararmos a Educação como política de estado e não de governo. É preciso garantir um planejamento para além do período de um mandato, pois sabemos que em quatro anos é impossível reverter décadas de negligência com a rede estadual de ensino. Os desafios da educação precisam ser enfrentados independentemente das eleições. Por exemplo, hoje os gestores púbicos deveriam tratar com urgência o resgate dos alunos que se desestimularam no período da pandemia. São 244 mil jovens e crianças fora da escola em todo Brasil. Combater a evasão escolar pode não dar voto como a realização de obras, mas é o que precisa ser feito como prioridade.
P - De setembro de 2020 a maio de 2021, você foi secretário estadual de Educação, um período em que a pandemia estava num dos seus piores momentos. Qual foi o aprendizado desta experiência no executivo?
Comte - Eu sabia que tínhamos ótimos profissionais na Seeduc-RJ, mas quando estive lá percebi que o preparo e o comprometimento dos nossos servidores concursados é ainda maior. No dia a dia, sempre pautados pela ciência, fizemos um planejamento estratégico para enfrentar o desafio de adaptar o ensino na rede estadual às restrições da pandemia. Para retomar as aulas no sistema híbrido em fevereiro investimos em tecnologia na educação pública; realizamos obras de infraestrutura nas unidades; valorizamos os profissionais de educação através do auxílio tecnológico e oferecemos um link patrocinado, para navegação gratuita de alunos e professores, 24 horas, através do aplicativo, “Aplique-se”, desenvolvido pela própria Seeduc.
P - Ainda dentro do tema da tecnologia no ambiente escolar, o que você espera da chegada da tecnologia 5G na rotina dos alunos e professores?
Comte - Nada se compara ao que está por vir nos próximos anos com a chegada da Educação 5G. Com a internet 50 vezes mais rápida, os estudantes poderão ter acesso instantâneo a conteúdos audiovisuais, realidade virtual ou receber aulas personalizadas com a Inteligência artificial. Como resultado, haverá mais engajamento e interesse no aprendizado. A tecnologia chegou para ficar, mas para colocar em prática tantas mudanças, é necessário dar suporte aos educadores. A implantação precisa vir acompanhada de uma ampla política de formação e ambientação para o uso destas ferramentas. Ao mesmo tempo, a sociedade deve estar atenta ao risco do acesso às novas tecnologias ampliar a desigualdade no país. É preciso acompanhar de perto o cronograma de implantação da tecnologia 5G, para que as escolas públicas sejam de fato uma prioridade como previsto no edital de concessão.
P - O que você diria a um jovem que estuda em escola pública em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho, considerando o atual cenário econômico do país?
Comte - Seja qual for o tamanho do obstáculo, a melhor forma de superá-lo é através da Educação. Diria para este jovem que ele se dedique aos estudos, mas que também exerça o seu papel de cidadão, para cobrar melhores condições de ensino para todos. Este, aliás, é um dever da sociedade: reforçar e valorizar a Educação como o verdadeiro instrumento de transformação social da nossa realidade.