Bolsonaro faz discurso, critica esquerda e diz que vai cumprir a constituição
Presidente falou que manifestações pacíficas são bem vindas, mas não desestimulou bloqueios antidemocráticos em vias pelo país
Após 43 horas de silêncio, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou pela primeira vez após ser derrotado, no último domingo (30/10), po Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
No breve discurso, que durou cerca de dois minutos, Bolsonaro agradeceu os votos recebidos, mas não reconheceu publicamente a derrota e não mencionou a vitória do adversário. O chefe do Executivo também se limitou a dizer que os protestos contrários ao resultado da apuração "não podem ser [como] os da esquerda".
"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento no direito de ir e vir", declarou, em alusão às manifestações de apoiadores que bloqueiam vias por todo o país.
O presidente destacou a ascensão dos candidatos de direita promovida durante seu governo. "Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso", afirmou.
Em menção aos eventos internacionais ocorrido durante sua gestão, ele declarou ter superado a pandemia e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia "mesmo enfrentando todo o sistema".
Por fim, Bolsonaro também alfinetou opositores e alegou ter seguido à risca as normas legislativas. "Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus detratores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", disse.
O presidente se despediu com um aceno a seus apoiadores. "É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira", afirmou antes de ir embora, sem responder aos jornalistas convocados para declaração.
Estiveram presentes na ocasião alguns dos aliados políticos do chefe do Executivo, como o Ministro da Economia, Paulo Guedes (PL), e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.
O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, também estava no local e afirmou, após a fala de Bolsonaro, que já foi 'autorizado' pelo presidente a conduzir o processo de transição. O processo de transição é previsto pela legislação e não depende do aval presidencial para acontecer.