Vice-presidente do PT posta foto com elogios a Pazuello e é criticado
O deputado federal Washington Quaquá defendeu que 'a tarefa do governo Lula e da figura maior do nosso presidente é unir, pacificar e reconstruir' o país
Vice-presidente nacional do PT e deputado federal pelo Rio de Janeiro, Washington Quaquá postou, nesta terça-feira (14), uma foto com o também parlamentar Eduardo Pazuello (PL-RJ), ministro da Saúde durante o governo Bolsonaro. No texto que acompanha a imagem, Quaquá tece elogios ao colega de Câmara: "Gostei muito da conversa e do tom civilizado do general". O encontro, porém, não parece ter sido bem recebido pelos seguidores do petista, que externaram incômodo nos comentários do Instagram.
"Acho até falta de respeito essa postagem depois de tudo o que ele fez na pandemia", escreveu uma internauta. "Desrespeito às 600 mil famílias brasileiras que perderam entes queridos", afirmou outra, seguindo a mesma linha. "Diálogo é fundamental. Mas você se reúne com os piores tipos de pessoa. Tem ideia da responsabilidade que esse cara tem nas 700 mil pessoas que perderam as vidas por Covid?", questionou um terceiro.
Na postagem, Quaquá argumenta que "a tarefa do governo Lula e da figura maior do nosso presidente é unir, pacificar e reconstruir" o país. "A esquerda é dialógica e não intolerante e autoritária", prosseguiu o deputado, frisando que pretende se valer da aproximação com Pazuello para "criar pontes de diálogo com os militares". O petista chegou, inclusive, a se antecipar à reação negativa: "Resolvi postar a foto nossa mesmo sabendo que intolerantes da direita e da esquerda vão criticar".
"Acho importante o diálogo com todos os campos ideológicos. E você sempre fez isso de forma brilhante. Você é um dos maiores articuladores políticos do Brasil. Mas não podemos esquecer que Pazuello foi conivente com a omissão do Bolsonaro durante toda pandemia. A mão dele também está suja de sangue", frisou um dos seguidores de Quaquá.
Pazuello foi ministro da Saúde durante boa parte do período mais agudo da pandemia e acabou sendo alvo de ações de improbidade administrativa pela suposta negligência na compra das vacinas contra a Covid-19 e pela acusação de omissão na crise do oxigênio em Manaus, no Amazonas, também causada pelo novo coronavírus. A conclusão do relatório final da CPI da Covid no Senado pediu o seu indiciamento pela acusação de crimes contra humanidade, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação e outros. No ano passado, ele tornou-se o segundo deputado federal mais votado do estado, sendo escolhido por mais de 200 mil eleitores.
Essa não é a primeira figura associada ao bolsonarismo de quem Quaquá se aproxima. O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), um dos mais ferrenhos defensores do ex-presidente na política fluminense, inclusive com frequentes e duras críticas ao PT, foi um dos convidados pelo vice-presidente do partido para um jantar que reuniu diversos parlamentares na quarta-feira da semana passada, como revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar.