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Axel Grael não contrata professores e alunos estão sem aulas há quatro meses em Niterói

Por falta de professores estudantes do 1° ano do fundamental de colégio da Ititioca estão em casa desde abril

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 07 de agosto de 2023 - 16:17
Alunos estão sem aulas há quatro meses em escola de Ititioca
Alunos estão sem aulas há quatro meses em escola de Ititioca -

Enquanto milhares de alunos da rede municipal de Niterói já iniciaram o segundo semestre do ano letivo, um grupo de estudantes da Escola Municipal Vila Costa Monteiro, em Ititioca, estão há quatro meses sem aulas. Todos os estudantes do 1° ano do Ensino Fundamental estão sem aulas desde o dia 10 de abril por conta da falta de professores na unidade. De acordo com relatos das mães, os pequenos, a maioria de 6 a 7 anos, foram matriculados no turno da tarde e chegaram a iniciar o ano letivo normalmente, mas logo ficaram sem professora. Uma profissional de educação responsável pelo acompanhamento das crianças com necessidades especiais chegou a assumir a turma, só que acabou precisando deixar a função.

Por mensagem, os pais receberam, na época, o aviso de que as aulas da turma GR 1B estariam suspensas "até que a Fundação Municipal de Educação (FME) envie um professor para assumir a turma" a partir de 10/04. Quase quatro meses depois, o professor substituto ainda não chegou. Como a outra turma de 1° ano no turno da manhã já estava lotada, os pais também não puderam mudar os filhos de horário e as crianças, que deveriam estar em processo de alfabetização, seguem em casa.

"Ele precisa aprender a ler e escrever. São meses sem ter aula. A gente vem aqui e eles falam que tem que esperar. Esperar até quando gente? Daqui a pouco chega dezembro e acabou. Antes das férias falaram: 'quando voltarem as aulas, a gente vai ter uma previsão de quando vai ter professora'. Voltou dia 24 e, até agora, não temos nem previsão", desabafa a dona de casa Nataly Fernandes, de 36 anos, mãe do Miguel, de 6.


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Ela conta que o filho sofre de reumatismo e hiperatividade, o que o faz precisar do apoio de um professor especializado. Até o ano passado, ainda na educação infantil, ele encontrava o suporte necessário no colégio, que dispõe de uma sala de apoio e de material específico para o atendimento a crianças com deficiências. Esse ano, porém, já no fundamental, ele não tem sido acompanhado nem por um profissional de apoio, nem por um professor regular.

Mãe de aluno está preocupada com os estudos do filhos tendo em vista que a Prefeitura não contrata os professores necessários
Mãe de aluno está preocupada com os estudos do filhos tendo em vista que a Prefeitura não contrata os professores necessários |  Foto: Layla Mussi



"Nunca aconteceu isso nessa escola, é a primeira vez que acontece. Ficou um tempão em obra, manutenção. De que adianta ter feito obra, o colégio estar bonito, e não ter professora para dar aula?", reclama a mãe. A indignação é a mesma de Maria de Fátima Melo, de 46 anos, mãe da pequena Giovana, de 6, e representante eleita dos responsáveis da escola.

Na época em que as aulas foram suspensas, ela levou um abaixo-assinado para a Secretaria Municipal de Educação (SME), com reivindicações em nome dos pais. Apesar disso, o pedido ainda não foi atendido, e, até o momento, sequer conseguiu falar diretamente com o secretário de Educação do município, Bira Marques.

"Bati até no gabinete do prefeito, mas nada. Eu procurei o Bira, mas ele não chegou a falar diretamente comigo. Quem falou foi uma subsecretária, que me passou para uma outra senhora na secretaria. Ficam neste joga-joga. Eu não sou boneca de pano pra ficar me jogando assim, tem que sentar e conversar comigo sobre essa falta", conta Fátima.


Ela narra que tentou entrar em contato com o prefeito Axel Grael (PDT) quando ele apareceu na mesma via para reinaugurar o Centro Social Arena 44, que teve reforma concluída pela Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa), em maio. Apesar disso, ela não conseguiu chegar a tempo para falar com o chefe do Executivo municipal no espaço social, que, inclusive, ainda não está em funcionamento.

Ainda de acordo com ela, a falta de professores na Vila Costa Monteiro aconteceu com outras turmas, de 2° e de 4° anos. No caso delas, no entanto, professores de apoio e substitutos assumiram o comando das classes. Já para o 1° ano, a alternativa sugerida foi de aguardar por novas convocações do último concurso público ou buscar vagas em outras escolas.

O problema é que os colégios mais próximos, segundo as mães, já estão cheios, e muitos dos responsáveis não têm condições de levá-los para escolas mais distantes. "Eu moro perto, o colégio fica a uma distância pequena da minha casa. Eu vou colocar meus filhos em outro colégio? Eu não tenho condição de levar para longe. Se eu tenho direito aqui, vou levar aqui", afirma Fátima.

Até o momento, não há previsão de novos profissionais contratados para a escola. Uma lista de novos professores de apoio convocados do concurso público de 2008 foi anunciada pela Prefeitura Municipal neste mês, mas ainda não há confirmação se algum dos profissionais integrará o corpo docente da E. M. Vila Costa Monteiro.


O que já foi confirmado, no entanto, é que os menores sem aula não vão ser reprovados e devem passar para o 2° ano em 2024, seguindo a recomendação do Ministério da Educação (MEC) para que não se reprove alunos dos três primeiros anos do fundamental. Os responsáveis se preocupam com a defasagem no ensino que isso pode deixar. "Vão passar de ano sem saber nada", define Nataly.

Enquanto isso, os pais se desdobram para tentar, como podem, dar conta de amenizar essa lacuna. "Minha filha que está em casa, por exemplo, tem hora que já não lembra mais direito nem das letras. Eu tenho que ficar puxando, ensinado ela. Eu não sou professora, não tenho essa formação, eu sou mãe, mas eu que tenho que ter a paciência de ensinar", conclui Maria de Fátima.

Procuradas, a Secretaria (SME) e a Fundação Municipal de Educação (FME) de Niterói disseram que a gestão da escola "está acompanhando a situação da unidade e executando um plano para garantir a carga horária completa aos alunos". Em nota, eles informaram também que "um novo concurso para a contratação de professores será anunciado ainda neste segundo semestre".

Sobre o Centro Social Arena 44, a Prefeitura prometeu que "as atividades serão iniciadas neste segundo semestre" e que o espaço irá oferecer "aulas de artes marciais, culinária e treino funcional, além de uma recepção e área de convivência".

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