Deputada é chamada de 'macaca' após denunciar racismo sofrido por plataforma de IA
Os xingamentos serão investigados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)
A deputada Renata Souza (Psol) vai entregar a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) os registros dos xingamentos que recebeu nas redes sociais após denunciar o racismo de uma plataforma de Inteligência Artificial, por ter criminalizado a imagem de uma mulher negra.
Após ter denunciado a plataforma, a deputada foi chamada de ‘’macaca’’ e recebeu xingamentos em seu perfil. Renata vai à especializada, no Centro do Rio, no fim da manhã desta quinta-feira (09), para apresentar as ofensas e apresentar o estereótipo propagado pela ferramenta.
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"Vocês vão perder às IAs desenhadeiras porque uma macaca (sim, uma macaca), fabricou uma notícia falsa sobre a IA que simula traços da Disney"; "Essa macaca, p* e arrombada (isso mesmo, macaca mesmo! Dane-se se você acha isso racismo), fabricando uma notícia falsa para, muito provavelmente, dar entrada com uma lei que proíbe o uso de inteligência artificial desenhista para o público. Uma doente mental desgraçada", destilou um usuário contra a parlamentar.
Toda a situação iniciou no último dia 26, quando a parlamentar, também presidenta da CPI do Reconhecimento Fotográfico nas Delegacias, sofreu o racismo algoritmo. Numa simulação em que pediu ao robô que possui habilidade de criar ilustrações ao estilo Pixar, a parlamentar pediu que a Inteligência desenhasse uma mulher negra na favela. O resultado: Uma boneca negra com uma arma na mão.
Conforme a parlamentar, o pedido se deu através de uma descrição que demandava uma mulher negra, de cabelos afro e roupas de estampa africanas num cenário de favela, no entanto, a imagem reproduz apenas o cenário discriminatório a que são vistas pessoas faveladas. Veja:
"Não pode uma mulher negra, cria da favela, estar num espaço que não da violência? O que leva essa 'desinteligência artificial' a associar o meu corpo, a minha identidade, com uma arma?" questionou.
"O imaginário de violência nas favelas e de criminalização de corpos e territórios negros também está presente em tecnologias, o que coloca em risco a segurança de pessoas negras. É preciso rever essas tecnologias e procedimentos", lamentou Renata.
Na mesma publicação, Renata adicionou uma foto sua, na qual segura um diploma de Doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em uma favela. A deputada foi criada no Complexo da Maré. Zona Norte do Rio.
A empresa Microsoft informou através de nota ao jornal O Dia que está trabalhando para aprimorar a plataforma: "Estamos investigando este relato e tomaremos as medidas adequadas para ajustar nosso serviço. Estamos totalmente comprometidos em melhorar a precisão dos resultados desta nova tecnologia e continuaremos fazendo investimentos adicionais para isso à medida que ela continua a evoluir", comunicaram.