Manifestantes golpistas planejavam enforcar Alexandre de Moraes
Grupos que participaram de invasão em Brasília no 08/01 tinha ao menos três planos de ataque contra ministro
Um grupo de manifestantes que participou dos protestos golpistas em Brasília em 8 de janeiro de 2023 planejava prender e enforcar, em praça pública, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o juiz, foram apurados pelo menos três planos de ataques contra ele durante as investigações do atentado.
Em entrevista especial ao jornal "O Globo", o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) comentou o episódio e detalhou algumas das ameaças e planos apurados durante as investigações do ato, que culminou na invasão da sede dos Três Poderes por grupos insatisfeitos com a vitória nas urnas do presidente Lula (PT).
Leia também:
➢ Morre Quinho, intérprete e ícone do Salgueiro, aos 66 anos
➢ Projeto prevê prisão e multa para venda de cigarro eletrônico a menor de 18 anos
"Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição", revelou o ministro.
Moraes detalhou, ainda, que há indícios de que os suspeitos monitoravam sua atividade para planejarem uma tentativa de prisão. "Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão", afirmou.
Na entrevista, o ministro também citou os episódios do dia 8 de janeiro como o "ápice" de um movimento de negação do resultado eleitoral que já se desenhava desde as semanas posteriores ao segundo turno, em outubro de 2022.
"Foi um erro muito grande das autoridades deixar, durante o ano passado, aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos", disse Moraes.
2,1 mil pessoas foram presas por conta dos ataques em Brasília, na época. Atualmente, apenas 66 deles continuam presos. Desses, oito foram condenados pelo STF e 33 foram denunciados como executores dos crimes investigados, enquanto o restante ainda aguarda o desenrolar de investigações.