Capitão Nelson fala sobre obras e projetos para seu segundo mandato que começa hoje
Prefeito reeleito conversou com a equipe de O São Gonçalo em seu gabinete
Reeleito no primeiro turno da última eleição municipal, o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL), recebeu as equipes do jornal O SÃO GONÇALO e da TV Universo para uma conversa sobre os projetos e expectativas para seu segundo mandato, que começa nesse 1° de janeiro.
Ex-policial militar e ex-vereador, Capitão Nelson vive foi reeleito com 84,49% dos votos no último pleito eleitoral, e segue no comando do município, agora com um novo vice-prefeito, João Ventura (União), que substitui Sérgio Gevu (PL). Na conversa, o político celebrou a aprovação dos primeiros quatro anos de gestão, destacou parcerias com o Governo do Estado e evitou comentar se pretende seguir para outros cargos públicos no futuro. Confira a conversa na íntegra:
A sua reeleição com uma votação expressiva gera uma expectativa nos eleitores para seu segundo mandato. O que a população pode esperar do senhor nesses próximos quatro anos? Quais serão os maiores desafios para esse novo mandato?
A gente fica muito agradecido pelo reconhecimento da população gonçalense e pela votação expressiva, que eu acho que nunca aconteceu. Pelo que foi me informado, foi a maior votação do Brasil nos municípios acima de 500 mil habitantes. Então, a gente é muito agradecido e tenho a certeza de que a gente tem muitas obras em andamento aqui na cidade e a população gonçalense pode esperar muito mais ainda.
Eu aproveito para dar uma notícia muito boa: neste mês de janeiro, devemos começar as obras de revitalização do Centro do Alcântara. Todas as ruas do entorno do Alcântara serão contempladas.
Falando de saúde, São Gonçalo já iniciou a sua primeira turma do curso de Medicina na Universo. Para o senhor, qual a importância da implantação do curso de Medicina da Universo no campus de São Gonçalo? De que forma o município pretende aproveitar a parceria com a universidade para utilizar futuros profissionais na Atenção Básica de Saúde de São Gonçalo?
No início do governo, nós tínhamos 117 postos de saúde aqui. Mais de 20 estavam sem médicos. Nós trabalhamos muito e, hoje, graças a Deus, não temos nenhum posto de saúde sem médico. Mas temos uma dificuldade muito grande de contratar médicos para a cidade. Então, isso gera essa importância de nós participarmos, junto com a Universo, [do projeto] de trazer uma Universidade de Medicina para cá. São Gonçalo é muito grande. Nós somos a segunda cidade do Estado do Rio de Janeiro.
A gente trabalhou junto com toda a diretoria da Universidade de Salgado de Oliveira para conseguir trazer essa Faculdade de Medicina para cá. É com muito orgulho, muita satisfação. Eu tenho certeza que esses estudantes que virão para a cidade de São Gonçalo cursar Medicina vão permanecer aqui na cidade. Vai favorecer muito a saúde do gonçalense.
A gente vai priorizar entregar uma saúde cada vez melhor, com um alto nível de equipamentos avançados, de última geração. Antes, o gonçalense tinha que sair da cidade para realizar qualquer tipo de exame, tratamento ou cirurgia. Hoje, não; a gente conseguiu implantar o Hospital do Câncer e do Coração. Cateterismo, angioplastia, revascularização, cirurgias de câncer e quimioterapia, já fazemos tudo isso no HCCOR. Implantamos também o Centro de Imagens e Especialidades lá no Vila Três. Por dia, o CIESG recebe cerca de 1,3 mil gonçalenses para realizar exames e consultas. São Gonçalo está avançando muito.
Nós temos uma obra grandiosa de um grande hospital municipal. Ali onde era o antigo Hospital Menino de Deus, agora é o Hospital de Retaguarda, que vai ser um hospital de última geração. Já está com as obras bem avançadas. Vai ser um hospital com capacidade de 155 leitos, dois centros cirúrgicos, todos os equipamentos de última geração e cumprindo todas as normas vigentes no Ministério da Saúde. Essas obras ainda vão levar uns dez, onze meses, mas acredito que o gonçalense vai ter um hospital de última geração, com toda a tecnologia possível para prestar um bom atendimento.
Sua gestão tem uma relação direta com o governador Cláudio Castro e conseguiu trazer, através de parcerias com ele, obras importantes para o município. Queríamos ouvir sua expectativa sobre duas delas: a implantação do Mobilidade Urbana Verde Integrada e a inauguração do Parque RJ, na área do antigo Piscinão?
Eu costumo dizer o seguinte: São Gonçalo era uma antes e vai ser uma depois da obra do Muvi, totalmente diferente. [A obra] vem ocupando 18 km, lá de Neves até Guaxindiba, por todo aquele espaço da antiga linha férrea que estava sendo ocupado irregularmente, com alguns locais servindo como lixeira. Está sendo implantada uma ciclovia. Vão ser construídas 31 estações e, algumas delas, vão ser contempladas com áreas kids, áreas de convivência e centros de gastronomia.
Pontes vão ser construídas cinco. Já estamos iniciando as obras de uma ponte [que passa] por trás do Alcântara 1 e vai se ligar àquele lado do Jardim Catarina. As obras estão em andamento, a pleno vapor. Tudo [através] dessa grande parceria que a gente realizou com o governador Cláudio Castro. O orçamento de São Gonçalo é muito pequeno. Nós pagamos a folha de pagamento e, para o investimento, só sobra 1,4% do orçamento. Então, como é que você vai investir na cidade? Não tem como. Nós somos altamente dependentes tanto do Governo do Estado quanto do Governo Federal.
Essa parceria tem gerado inúmeros frutos para o gonçalense. Um deles é o Parque RJ, que fica naquele local que estava abandonado desde 2013, servindo de ‘criadouro’ para mosquito. Lá, está sendo construído um grande equipamento, que vai beneficiar toda a família gonçalense, da criança até o idoso.
Vai ter área kids, várias quadras para prática de esportes de areia, uma piscina com cascata, pista de skate oficial. Vai favorecer todo gonçalense, que, antes, quando existia o Piscinão, só o utilizava na época do verão. Agora não, nós vamos ter um equipamento que vai ser utilizado durante o ano inteiro, em todas as estações do ano.
Temos também as obras de revitalização da Praia das Pedrinhas, que foi [projetada] através de emendas parlamentares e já está sendo realizada. Todo aquele esgoto que era jogado na Baía de Guanabara pelos moradores da região, já está, através do trabalho pela Águas do Rio, sendo jogado para a estação. Eu estive lá esses dias e é engraçado como a natureza trabalha regenerando. A água já está com cor diferente, já não tem aquele mau cheiro. Esse trabalho já foi realizado e as obras de pavimentação de calçada da Praia das Pedrinhas já estão em andamento.
E há várias outras obras que a gente tem em andamento em São Gonçalo. Nós temos duas clínicas: uma na Lagoinha e a outra em Neves. A gente estátrabalhando para que todas sejam equipadas com tomógrafo, mamógrafo e raio-x. A gente quer descentralizar a saúde, porque o município é muito grande. Nós temos mais de 1 milhão de habitantes. Queremos evitar esse deslocamento dos cidadãos da região de baixo para cima.
Estamos em obra também de duas grandes creches. Já entregamos cinco e estamos construindo mais duas, que são a de Jardim Miriambi e do Portão do Rosa. [As obras] já estão bem avançadas, acredito que, até meados desse ano, a gente deve entregar todas as creches novas. A gente espera que São Gonçalo se torne outro em mais quatro anos.
Falando em obras, o senhor comentou que deve iniciar uma série de obras em Alcântara. Pode nos contar mais detalhes do projeto?
A gente tem vários calçadões ali e algumas ruas vão se tornar calçadões. Todo esse trabalho vai ser realizado ali no Centro Alcântara, favorecendo o pedestre. Várias ruas vão ser contempladas. O projeto é grandioso. Logicamente, no momento da obra, a gente incomoda um pouquinho. Vai incomodar os comerciantes, vai incomodar os transeuntes, que ali transitam. Mas, no final, eu tenho certeza que todos vão gostar, porque o projeto é muito lindo e muito benéfico para a cidade.
Estamos no período do verão, em que o volume de chuvas costuma aumentar. Nos últimos dois anos, a cidade passou por episódios de fortes chuvas no começo do ano. Quais são as políticas voltadas para prevenção de enchentes e evitar danos para a população?
Desde o início do governo, a gente vem trabalhando junto ao Inea. Estamos realizando inúmeros trabalhos em São Gonçalo, principalmente na dragagem dos rios. Realizamos a dragagem do rio Alcântara, do rio Brandoas. Agora mesmo, nós estamos com uma escavadeira anfíbia desassoreando a foz do rio Marimbondo, para tentar baixar a água. Já tínhamos dragado todo o rio Marimbondo, mas a foz dele continuava alta - quando a água chegava a um certo nível, ela não conseguia mais jogar na Baía.
As obras do Muvi vêm contemplando também essa parte da drenagem. Entre as obras antigas que foram realizadas aqui em São Gonçalo, nenhuma delas previa essas mudanças climáticas que estão ocorrendo atualmente. Logicamente, todo esse trabalho de prevenção a gente está realizando.
Agora, nós temos inúmeros bairros aqui em São Gonçalo que são abaixo do nível do mar: Neves, Vila Lage, Salgueiro, Jardim Catarina. Então, se por acaso nós tivermos um grande temporal por um longo tempo, com mais de 40 minutos de chuva intensa, e se pegarmos a Baía de Guanabara com maré alta, aí nós vamos ter problema. Não tem drenagem que dê jeito. O último temporal que ocorreu, na Espanha, foi em uma cidade que é de primeiro mundo, lá em Valência. Mas, o que que ocorreu? Um desastre.
Eu espero que isso nunca ocorra aqui, porque Deus olha muito para São Gonçalo e a gente quer que ele continue olhando pela gente. Mas nenhuma cidade do mundo está preparada para essas mudanças climáticas. Não tem como a gente prever isso. Estamos realizando o trabalho de prevenção em todos os bairros na cidade.
*No verão, além das chuvas, cidades da região têm enfrentado problemas no combate a doenças como dengue, zika e chikungunya? Quais são as ações preventivas para evitar proliferação dessas doenças?
A gente tem números baixíssimos de dengue, chikungunya e zika. A gente não tem nenhum caso já há um bom tempo. Mas a gente vem fazendo aquele trabalho de prevenção. Nós temos por aí várias motos, o motofog, que vem espalhando aquela fumaça por vários bairros em São Gonçalo. Esse trabalho de prevenção a gente já vem realizando há um bom tempo para que não ocorra.
Se o gonçalense adoecer, ele vai me dar trabalho onde? Na saúde. Então, eu prefiro investir na prevenção. Nós temos mais de trinta motos percorrendo toda a cidade de São Gonçalo com esse trabalho de motofog
Na educação, quais são os planos da prefeitura para continuar lidando com a demanda por vagas em creches e escolas? Há um plano para ampliar o número de vagas?
Nós tínhamos um grande problema na educação quando iniciamos o governo. Nós tínhamos menos de 30 mil alunos matriculados na rede de ensino e iniciamos o governo na pandemia, não estava tendo aula. Nós encontramos 119 colégios abandonados. Eu sempre lembro que o Castelo Branco, que é um colégio de referência da cidade, estava com o mato de três metros de altura,. Tivemos que preparar todos os colégios. Estavam pichados, com banheiros danificados. Nós estamos falando de 119 unidades, não estamos falando de uma ou duas. Todo esse trabalho de preparo para o retorno às aulas a gente fez.
Tínhamos uma escola que estava interditada há seis anos, que era o colégio do bairro Almerinda. Alguns engenheiros haviam condenado aquela obra e eu compareci lá com três engenheiros de uma empreiteira e conseguimos realizar as obras necessárias. O colégio está em funcionamento. Em vários outros onde a gente encontrou problemas, fizemos as obras e botamos para funcionar. Nós também fomos detectar inúmeros problemas. Um deles era o uniforme, que só era distribuído no final do ano. Outro era a falta de profissionais de educação. Outro era merenda escolar, que era de péssima qualidade.
E aí começamos a pautar um por um. Hoje, o kit escolar é entregue no início do ano letivo; na merenda, nós pautamos por uma alimentação de qualidade que é fiscalizada diariamente em todos os colégios. Nós tínhamos o problema de a comida estragar porque o freezer escangalhava e a geladeira [estava] com a porta caindo. Nós fizemos uma licitação e adquirimos 600 freezers. Todos os colégios de São Gonçalo estão com freezers novos.
Realizamos uma coisa histórica: dois concursos, em um único governo, para Educação. Eu ainda estou chamando profissionais de educação do último concurso. Quando iniciamos o governo, nós tínhamos 100 professores de apoio em São Gonçalo. Hoje nós temos 1,7 mil e ainda continuam chamando.
Esse é até um problema que acho que vai chegar um momento em que os profissionais de educação vão ter que se reunir e tentar entender o que está ocorrendo. Nós temos um professor com uma turma e temos mais quatro de apoio, apoiando alguns [alunos] deficientes. Passamos a ter cinco professores na sala de aula. Em algum momento, eu acho que vai ter que ser elaborada uma legislação destinada a esse tipo de coisa. Senão, isso vai ser um poço sem fundo. Não tem como um município conseguir bancar seis professores numa sala de aula.
Hoje, a gente tem, matriculados na rede de ensino, 62 mil alunos. Mais do que dobramos os matriculados na rede de ensino. Pegamos toda a frota escolar danificada. Não deixaram nenhum ônibus inteiro para mim. Hoje, nós temos vários ônibus e, inclusive, contratamos mais vans para transportar aqueles alunos que não moram próximos do colégio.
Detectamos um outro problema: falta de creche. Aí, entregamos uma em Marambaia, uma no Jardim Bom Retiro e outra no bairro Almerinda. Estamos construindo mais duas no Miriambi e no Portão do Rosa. Temos projeto para mais dez. E eu costumo dizer que são creches de ‘vergonha na cara’: coisa de primeiro mundo, com berçário, cozinha e tudo direitinho para as crianças. A finalidade da creche é dar autonomia ao pai e à mãe para poderem trabalhar. A criança [tem que] chegar lá 8h, ter 4 refeições, socializar com as outras crianças; essa é a finalidade da creche.
Sabemos que Segurança Pública é uma pauta que envolve, principalmente, esforços e a atuação dos governos estadual e federal, mas, em suas campanhas, o senhor sempre defendeu bandeiras para essa área. Neste segundo mandato, quais são as suas propostas e projetos para essa área. Armar a Guarda Municipal está entre suas propostas?
A parceria com o governador Cláudio Castro foi imensa. Nós conseguimos trazer o Segurança Presente para São Gonçalo. O governador aumentou o efetivo do São Gonçalo presente. A gente pegou uma Guarda Municipal sucateada, com viaturas velhas. Nós chamamos 60 guardas do concurso e adquirimos 20 viaturas novas para a Guarda Municipal. Conseguimos elaborar uma lei para que a prefeitura ceda o recurso para o guarda comprar seu uniforme. Criamos a patrulha na madrugada, com a guarda da Romu, patrulhando o Centro da cidade e coibindo aqueles furtos de fios, furtos em comércios e em residências. Todo dia, toda noite, a Guarda efetua uma prisão aqui no Centro. Então, a gente tem avançado muito.
Montamos o Centro de Monitoramento, que tem 440 câmeras espalhadas pela cidade. A minha intenção, agora no segundo mandato, é aumentar esse número de câmeras para mil. O Centro de Monitoramento ajuda muito, tanto na época das chuvas, quanto também nos acidentes de trânsito. O agente, quando toma conhecimento, já comunica os órgãos competentes: ambulância do Bombeiro, Guarda Municipal, Polícia Militar. Então, esse tempo de atendimento melhorou muito com o Centro de Monitoramento.
E nós [também] temos o compromisso do governador de já agora, em janeiro, implantar um outro batalhão da PM aqui em São Gonçalo.
O senhor foi vereador da cidade por vários mandatos e também ocupou por pouco tempo o cargo de deputado estadual como suplente do deputado Marcos Abrahão. Agora foi reeleito com quase 85% dos votos em primeiro turno, a maior votação que um candidato a prefeito de São Gonçalo já recebeu na história. O senhor já pensa num próximo passo na sua carreira política?
A nossa missão agora é cumprir um segundo mandato com muito trabalho e a cada dia avançando mais. Eu digo sempre que eu não vou conseguir resolver todos os problemas de São Gonçalo, mas a cada dia a gente avança um pouquinho mais e dá um pouquinho mais de dignidade à nossa população. Agora, lá na frente, é o destino que vai dizer o que vai acontecer. Ainda tem muito tempo, muita água para rolar ainda.