Rodrigo Medeiros, prefeito reeleito de Tanguá, projeta seu segundo mandato
Ao lado do vice André Paixão (União Brasil), Rodrigo recebeu 80,20% dos votos no primeiro turno das eleições
Rodrigo Medeiros (PL), prefeito de Tanguá reeleito para seu segundo mandato na última eleição, recebeu as equipes de O SÃO GONÇALO e da TV Universo para falar sobre seus projetos para a cidade nos próximos quatro anos. Ao lado do vice André Paixão (União Brasil), Rodrigo recebeu 80,20% dos votos no primeiro turno das eleições.
Natural de São Gonçalo, o político é o quarto a assumir o Executivo municipal desde a emancipação do município de Rio Bonito, em dezembro de 1995. Entre vários, Rodrigo falou sobre a proposta de armar a Guarda Municipal; sobre a construção de uma nova unidade de saúde e das denúncias sobre seu primeiro mandato que são investigadas pelo Ministério Público.
O senhor foi reeleito com mais de 80% dos votos. O seu companheiro de partido (PL), o Capitão Nelson, também foi reeleito em São Gonçalo com um percentual semelhante, mais de 84%. Ambos são representantes de um partido de direita. Na sua opinião, qual é a mensagem que o eleitor passa com a sua reeleição e a do Capitão Nelson?
Eu acho que esse comportamento do eleitor está muito associado à dedicação e ao trabalho. Eu ‘estou’ prefeito de Tanguá, mas sou nascido em São Gonçalo. E vejo com admiração o trabalho que o prefeito Capitão Nelson está fazendo lá. Qualifico como um trabalho de muito esforço e que se conectou com a população.
Acho que aqui não foi diferente. Identifico que isso está muito mais ligado a esse perfil de candidatos. E aí o meu partido, o PL, buscou oferecer candidatos com essa mentalidade. Temos uma safra boa de prefeitos vindo aí. O Capitão teve o reconhecimento desse trabalho. Aqui, eu fui muito abençoado com esse reconhecimento da população e com uma equipe muito engajada. E se a gente ampliar o aspecto dessa análise, vai encontrar aqui na região mesmo outros prefeitos que saíram muito bem.
Acho que a população não tolera mais aquela postura do governante que se exime de responsabilidade; ele quer uma política que dialogue diretamente com o dia-a-dia da cidade. E também com as questões ‘onde’ a gente precisa estar mais vigilante, como o que está sendo oferecido para os nossos filhos dentro da escola, o que está sendo oferecido dentro dos espaços públicos?
A gente começou a lidar, num passado recente, com uma precipitação de pautas que eu acho que a gente, pelo menos nós do PL, temos cuidado em tentar preservar. E acho que isso é uma maneira de ficar mais em diálogo com a população, que não quer ver iniciada a precipitação de algumas pautas muito sensíveis, especialmente para o público infanto-juvenil. Acho que essa pauta mais conservadora, mais alinhada aos objetivos da segurança e sempre vinculada ao trabalho, tem falado alto na percepção do eleitor de uma forma geral.
A que o senhor credita essa sua reeleição com esse alto índice de aprovação? O que os eleitores podem esperar desse seu próximo mandato?
Podem esperar ainda mais trabalho e compromisso em fazer com que essa cidade aproveite todo o seu potencial. A gente tem uma localização geográfica muito privilegiada, e um contexto histórico favorável justamente vinculado à juventude da cidade. Somos uma cidade muito jovem, que está prestes a completar 29 anos de emancipação político-administrativa. E isso, impõe alguns desafios a serem superados, como nos indicadores sociais, mas, por outro lado, também nos liberta porque não nos envolve em problemas que estão enraizados em muitas administrações que às vezes romperam séculos aí.
Tem cidades bicentenárias, tricentenárias que nos rodeiam aqui e que tem problemas de áreas conflagradas, de problemas de situação de terras, que a gente aqui ainda não tem. Então, acho que a gente tem um potencial enorme para o crescimento, uma localização geográfica muito privilegiada e muita vontade de poder fazer com que essa cidade ofereça aos seus residentes, aos filhos e filhas de Tanguá, a possibilidade de fazer um plano de vida, de segurança, de possibilidade de trabalho. Eu acredito muito nisso.
Vejo com muita animação esses próximos quatro anos. Acho que Deus abençoou muito esses quatro primeiros anos, mas os próximos quatro anos, eu não tenho dúvida, serão ainda mais promissores.
Voltando a essa sua reeleição com características parecidas com a reeleição do Capitão Nelson em São Gonçalo. O senhor é gonçalense, né? Pretende procurá-lo para fazer alguma parceria em áreas estratégicas, já que muitos moradores de Tanguá estudam ou trabalham em São Gonçalo?
A cidade de São Gonçalo é a mais populosa da nossa região. Eu nasci em São Gonçalo e estou há mais de 20 anos radicado em Tanguá. Mas acho que, especialmente no ponto da infraestrutura, a gente precisa ter a humildade de olhar pro lado e entender que soluções podem nos inspirar. Por exemplo, o Muvi, que está sendo aplicado lá em São Gonçalo, é uma solução de mobilidade urbana que pode nos ajudar aqui para poder construir isso no futuro.
Estou aqui de portas abertas para receber - e já tenho até recebido - colegas prefeitos e equipes das cidades vizinhas. A gente está sempre junto e eu estou sempre disposto a visitar e conhecer um pouco mais daquilo que está dando certo nas cidades do Rio de Janeiro.
Recentemente vimos cenas de violência gravadas por câmeras de segurança no centro de Rio Bonito, cidade vizinha de Tanguá, com bandidos atacando frequentadores de um bar. Já é fato que o crime organizado e traficantes têm migrado para cidades menores como Tanguá. Como o senhor pretende lidar com isso? Quais são suas propostas para, junto com o governo estadual, oferecer melhores condições de segurança para os moradores de Tanguá? Como a gestão municipal pode ajudar os governos estadual e federal no combate ao crime organizado no município?
Acho que é muito reconhecido pela população - e a gente percebe que foi um grande acerto - a linha filosófica da nossa administração, essa ideia de não tolerar e não se associar a qualquer tipo de situação que estava posta em relação à criminalidade. Não [podemos] tolerar, não normalizar, não naturalizar, que espaços públicos sejam utilizados para promoção de atividades vinculadas ao tráfico, à milícia ou a qualquer coisa do tipo.
Tanguá, eu me orgulho em dizer, é, na Região Metropolitana, a cidade com os indicadores criminais mais baixos. Esses dados são do Instituto de Segurança Pública. Não estou dizendo que aqui é um ‘paraíso’ - até porque esse é um trabalho que exige de nós uma vigilância constante. Mas a gente teve a capacidade e a humildade de poder se relacionar com os outros entes, com a Federação - e, aí, estou me referindo ao Governo Federal, mas também aos municípios. A gente fez parcerias, a gente celebrou convênios, nós fizemos termos de cooperação com a Polícia Civil, com a Polícia Militar, investimos em RAS, em Proeis, em termos de cooperação com a Polícia Rodoviária Federal.
Temos a intenção e estamos avançando na pauta para poder fazer com que Tanguá seja, senão a primeira, uma das primeiras cidades do Estado a ter a sua ‘Polícia Municipal’, a sua Guarda Civil Municipal armada. É evidente que isso não vai alcançar todos os agentes da Guarda, mas sim um grupo de elite, um grupo treinado para isso. Na verdade, essa formação já está acontecendo.
A gente criou a Secretaria de Segurança Pública, que sequer existia aqui. Nunca foi direcionado anteriormente recurso público do orçamento para essa política. A Guarda Municipal era um braço da Secretaria de Governo. Hoje não; ela é um órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública, que tem dotação orçamentária própria e tem uma política de segurança.
Nossa intenção é fazer com que essa política de segurança se intensifique ainda mais, porque nós entendemos que não há como se tornar competitivo nesse ambiente, para poder atrair empreendimentos para cá e fazer Tanguá se tornar uma cidade cada vez mais convidativa para quem queira morar aqui, se a gente não oferecer segurança. Então, acho que os próximos quatro anos vão exigir de nós muito esforço, mas a gente está bem conectado com essa pauta.
Seu primeiro mandato foi marcado por algumas obras importantes de mobilidade urbana. Quais serão as principais obras do segundo mandato?
Eu sou muito grato por tudo que tem acontecido. Eu digo que a equipe que trabalhou - os amigos, os parceiros - e as relações políticas foram muito saudáveis e quem ganha quando isso acontece é a população. Sem dúvida nenhuma Deus abençoou e o resultado de vitória que foi construído - com uma margem tão importante e eu diria até histórica - é muito fruto disso.
Mas eu também digo e, falei agora há pouco, que os próximos quatro anos eu vejo como ainda mais promissores, porque as grandes obras de infraestrutura virão a partir de agora. O novo Hospital Municipal com previsão para 52 leitos é uma realidade. A gente já tem esse recurso com o Governo Federal, fruto de emendas parlamentares. A gente já está com o projeto sendo submetido à Caixa Econômica Federal. Então, é uma questão de análise e adequação do projeto, mas nós compramos uma área que vai, sem dúvida nenhuma, ajudar muito na nossa estratégia de saúde pública.
[Faremos] a pavimentação da Estrada da Posse, que é uma estrada que conecta a área urbana da cidade com o nosso balneário de Tomascar, com a área da produção agrícola, citrícola em especial. É uma obra que vai ajudar muito o produtor rural, vai ajudar muito no fortalecimento do nosso turismo, vai ajudar muito para que a gente possa desenvolver aquela região dentro de todo o seu potencial. A gente já tem também todas as fases percorridas: já submetemos à Caixa o projeto e está em análise final para liberação, para licitação.
Então, a Estrada da Posse, o novo Hospital, o boulevard, a malha de ciclovias que vamos fazer aqui - que vai conectar toda a cidade, permitindo fazer uma reorganização do plano de mobilidade - são obras que seguramente vão ajudar muito e vão desenvolver bastante a nossa cidade.
Quais são os planos para melhorar o atendimento nas unidades de saúde municipais no próximo mandato?
Eu vou ‘escalonar’ em três níveis. Acho que nós somos uma cidade que se destacou muito na atenção primária. Somos uma das poucas cidades na Região Metropolitana que tem 100% de cobertura na atenção primária. Para cada morador, para cada residência, há um agente de saúde. Nossos postos de saúde funcionam de segunda a sexta-feira, com a presença de profissionais médicos de primeira. Isso está capilarizado na cidade como um todo.
Avançamos bastante. Precisamos avançar mais, mas avançamos muito na atenção secundária. As clínicas especializadas - Casa do Coração, Casa Rosa, Clínica Escola do Autista, Centro de Reabilitação e Fisioterapia - foram introduzidas nesse serviço e trouxeram um ganho qualitativo realmente enorme para a população.
Acho que a cereja do bolo é o Hospital. O Hospital vai ampliar nossa capacidade. Nós já temos o Hospital Municipal Dermeval Garcia de Freitas, que funciona às margens da rodovia. É uma unidade que, quando eu assumi, era uma policlínica. Depois, ele virou uma UPA e, depois, a gente converteu em um hospital de pequeno porte. Hoje, ele conta com quase vinte leitos, tem sala vermelha, sala amarela, centro pediátrico, a gente introduziu uma usina de geração de gases, mas ele não me permite realizar procedimentos cirúrgicos.
O nosso novo hospital, que vai ser construído, vai permitir que a gente realize esses procedimentos que a gente chama de cirurgias gerais, que são 90% do nosso atendimento: hérnia, mioma, vesícula, apendicite, vasectomia, catarata, laqueadura. São cirurgias que a gente tem em profusão e que acabam indo para o um sistema estadual de regulação, o que impõe ao cidadão um tempo de espera maior do que o que a gente deseja.
O nosso novo hospital vai fazer com que a gente resolva esse problema internamente. E aí, aquelas cirurgias de alta complexidade, a gente ainda vai precisar regular para fora do município. Mas acho que boa parte da nossa estratégia vai estar servida com o nosso Hospital de Urgência e Emergência que está programado para ser construído já nesse ano de 2025.
Sabemos que o município mantém convênios com universidades de cidades vizinhas para atender aos alunos que buscam formação em diversas especialidades. A Universo de São Gonçalo acaba de iniciar sua primeira turma do curso de Medicina. Sua gestão pretende fazer convênios com a universidade para que esses acadêmicos e futuros médicos atuem na rede pública de Tanguá?
A Universo é a universidade que mais acolhe universitários de Tanguá. Quando nós iniciamos a gestão, nós tínhamos cerca de 200 universitários aqui. E, hoje, eles são transportados por nós para fora do município, porque nós não temos uma universidade para curso presencial aqui no município. São mais de 500 [universitários] e a Universo tem quase 200. Então, ela é, seguramente, a instituição de ensino superior que mais acolhe os nossos universitários.
Eu tive a felicidade de visitar, recentemente, a unidade de São Gonçalo da Universo e, lá, foi falado a respeito [de uma parceria]. A gente tem sim a intenção de poder celebrar esse e outros convênios que possam estimular, ajudar e colaborar para que, os cidadãos de Tanguá que desejarem, possam realmente acessar a formação científica.
Durante seu primeiro mandato, houve denúncias de nepotismo que foram investigadas pelo Ministério Público. De que forma o senhor encarou essas denúncias e como estão essas investigações?
[Lidei] com naturalidade. A investigação foi fruto de uma denúncia, absolutamente natural, que dava conta de que a chefe do gabinete era uma pessoa ligada a mim. De fato, era e isso está absolutamente ancorado na súmula 13, salvo engano. [A chefe de gabinete] é a minha esposa, que é advogada, tem experiência de ter sido secretária por outros anos, em outras regiões, inclusive. Eu a convidei porque ninguém iria cuidar melhor [do que ela], que é advogada por formação com especialização em Direito Administrativo. Ela me ajuda muito aqui no meu dia a dia.
Tem a questão do meu sogro, que foi prefeito por oito anos aqui na cidade: nosso prefeito Carlos Pereira. [Ele] foi presidente do Conleste, foi presidente da Associação Brasileira de Municípios e, certamente, tem muita colaboração até hoje, mas agora como conselheiro. Ele estava aqui como Assessor Especial, que é um cargo símbolo DAS [Direção e Assessoramento Superior], com status de secretário. O Ministério Público fez uma recomendação de que ele assumisse uma Secretaria, que era permitido, mas que não ficasse no cargo do Assessor Especial. Ele preferiu deixar a administração - o que, particularmente, eu senti muito porque ele colaborava muito comigo aqui. Ele continua colaborando, mas agora como conselheiro, não mais como membro da administração.
Enfim, tinham ainda dois cargos técnicos, todos com formação, mas que também o Ministério Público recomendou que fizesse a exoneração e foi feito. Eu acho que o Ministério Público está no seu papel, que é o de arguir. [O MP] perguntou, a gente informou quem eram as pessoas que tinham vínculo familiar, mas todos com formação, nos quatro casos. E o que o Ministério Público recomendou que saísse, porque entendia haver nepotismo, a gente prontamente fez a recomendação e a administração seguiu.
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