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Eleições Municipais de São Gonçalo 2020 | Entrevista com o pré-candidato Ricardo Pericar

Vice-prefeito quer ser 'promovido' a prefeito pelos eleitores em outubro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de março de 2020 - 20:26
Equipe de O SÃO GONÇALO esteve na casa do pré-candidato e vice-prefeito da cidade, Ricardo Pericar, na manhã de terça-feira (10)
Equipe de O SÃO GONÇALO esteve na casa do pré-candidato e vice-prefeito da cidade, Ricardo Pericar, na manhã de terça-feira (10) -

Por Rennan Rebello

O atual vice-prefeito de São Gonçalo, Ricardo Pericar, 53, quer 'subir de posto', após uma curta temporada em Brasília como deputado federal suplente no lugar da Major Fabiana (PSL), que havia assumido temporariamente a Secretaria Estadual de Vitimização Policial, a convite do governador Wilson Witzel (PSC). Pericar já é um 'veterano' na política local. Desde os idos dos anos 2000 se manifestava contra a concessionária de energia elétrica da cidade com o slogan 'Fora, Ampla!', atual Enel. Com isso, conquistou três mandatos de vereador, 2004 e 2016, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Movimento Democrático Brasileiro (MDB, na época PMDB), Partido Democrático Trabalhista (PDT) e Solidariedade (SDD), antes de se filiar ao Partido Social Liberal (PSL). 

Pouco tempo depois de ser empossado como vice-prefeito de José Luiz Nanci (Cidadania), em 2017, Pericar rompeu com o atual chefe do Executivo alegando ter sido boicotado, fazendo acusações graves a Nanci e sua família, especialmente à primeira-dama Elaine Gabriel. Inclusive, no último desfile cívico da cidade, no dia 22 de setembro, Pericar sequer subiu no palco montado em frente à Prefeitura, onde estavam o prefeito José Luiz Nanci e outras figuras ligadas à política local, como o hoje pré-candidato a prefeito, Capitão Nelson.

Morador do Mutondo, Ricardo Pericar recebeu a equipe de O SÃO GONÇALO em sua residência no início da manhã de ontem (10), e detalhou problemas no atual governo municipal e de sua ruptura com o prefeito Nanci. "Quando aceitei ser vice-prefeito da coligação, acreditava no (slogan) 'Bora mudar de verdade'. Porém, me decepcionei com o alto grau de corrupção neste governo e do nepotismo na distribuição dos cargos. Inclusive sequer fui à cerimônia de posse (em 1º de janeiro de 2017) como protesto. No entanto, tentei trabalhar e convencer o prefeito do contrário. Como não consegui a Secretaria de Obras, que teve uma prima do prefeito nomeada, a Badiá (Gabriel, exonerada ainda em 2017; prima da primeira dama, Elaine Gabriel, que também é chefe de gabinete do prefeito Nanci) peguei as minhas máquinas e tentei cuidar da limpeza urbana, que não era atribuição minha. Recolhemos toneladas de lixos pela cidade, o que até levantou a autoestima do gonçalense, mas comecei a ser tolhido internamente e não consegui fazer meu trabalho, pois vi o mesmo esquema de corrupção da época de Aparecida Panisset (prefeita entre 2005 e 2012) e Neilton Mulim (prefeito entre 2013-2016) continuar", disse Pericar.

Saudosista e personalista, Pericar afirma que se inspira em políticos do passado e do presente para sua trajetória na vida pública."Eu sou uma mistura de Joaquim Lavoura (ex-prefeito de São Gonçalo), Sergio Meneguelli (prefeito de Colatina, Espírito Santo) e do (presidente) Jair Bolsonaro, pois eu faço o que gosto. E, quando se faz o que gosta, acaba-se fazendo em grande quantidade e as pessoas acabam confundindo com 'populismo'. Mas, quando me vêem nas ruas com retroescavadeira limpando um valão até duas horas da manhã, eu não estou ali apenas por ofício, e sim por prazer. É como se fosse uma espécie de vídeo game para mim. Quem nunca ficou jogando vídeo game até de madrugada? E quando estou na retroescavadeira, estou em um vídeo game, pois estou trabalhando no que gosto", comparou.

Caso consiga sucesso e se torne o sucessor de seu desafeto político na gestão do Poder Executivo, Pericar garantiu que não nomeará parentes, nem o seu filho Pedro Pericar (candidato a vereador em 2016). "Meu filho teve uma boa votação como candidato a vereador por mérito próprio, mas não o colocaria em uma eventual gestão, pois nepotismo também é corrupção. Ele é primeiro suplente pelo PSL e eu poderia sugerir o convite de um vereador para assumir alguma secretaria para meu filho entrar na Câmara, mas não fiz isso", justifica.

Pericar falou um pouco sobre seus planos, caso seja escolhido candidato na convenção de seu partido e se eleja prefeito. "Na Segurança Pública vou usar a tecnologia via aplicativos e monitoramento com câmeras; equipar bem a Guarda Municipal, investindo em motos, que são veículo mais rápidos para atender ocorrências de pequeno porte, como assaltos. Além disso, como política para Guarda Municipal, penso em criar um concurso aos moldes da Polícia Militar, com treinamento para o porte de armas de fogo. Outra obrigação do prefeito é dialogar com o governador para aumentar o policiamento local. No transporte público, vamos rever a questão do contrato 'Consórcio São Gonçalo', porque precisamos redefinir o mapa das linhas do ônibus, começar do zero", afirmou.

Sobre o secretariado, Pericar afirma que os componentes serão oriundos da própria máquina pública. "Nós temos funcionários públicos que conhecem bem os setores e estão há vários governos trabalhando. Temos ótimos nomes para formarem o secretariado. Mas, antes de mais nada, caso sejamos eleitos, vamos conversar com cada área, para escolher a pessoa mais capacitada para assumir esta função. Na Cultura, vamos dizer que não sou uma boa pessoa que entenda sobre (este assunto), mas, a minha pauta é fazer uma audiência pública para que o setor possa dar seu parecer e quem sabe a gente possa escolher o secretário idealpar", concluiu.

Dois pré-candidatos e um partido -  O Partido Social Liberal (PSL) de São Gonçalo, no momento, tem dois políticos que se declaram pré-candidatos a prefeito. Além de Ricardo Pericar, o deputado estadual Filippe Poubel pleiteia a vaga. Durante a entrevista, Pericar garantiu que será o candidato do PSL, ex-partido de Bolsonaro. Ele foi taxativo em rejeitar compor uma coligação, como vice-prefeito, e só aceitará ser o cabeça da chapa.

"Não serei vice de nenhum dos pré-candidatos já anunciados. Quanto a (possível) candidatura, acredito que serei eu o escolhido. O Poubel ainda está no partido, mas acho que se afastou um pouquinho e posso dizer que o PSL está bem definido em relação ao meu nome, pois sou de São Gonçalo e tive mais votos (em 2018, como deputado federal) do que ele e estes critérios técnicos são predominantes para a definição do candidato. Embora a gente ainda não esteja procurando uma coligação, certamente, posso te afirmar de que só aceitaremos no máximo dois partidos como base, porque a nossa preocupação não é ganhar a eleição, e sim, em caso de vitória, poder governar", analisou.

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