Ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, fala sobre demissão: "foi política"
O ex-ministro deixou seu cargo com menos de um mês no comando
O ministro Nelson Teich explicou as razões pelas quais pediu demissão do cargo de ministro da Saúde em uma entrevista no último domingo (24) para a Globonews. Segundo ele, a questão foi baseada em política. Ele afirmou que não existia um alinhamento entre as ideias dele e as de Bolsonaro.
"Na prática existia entre mim e o presidente uma diferença em como abordar o problema", disse o ex-ministro. Teich ainda explicou que essa diferença entre as ideias dos dois foi importante para que ele resolvesse deixar o poder. "Não foi a cloroquina, foi política", afirmou Teich.
O ex-ministro ainda disse que ainda não há estudos concretos sobre a utilização da cloroquina e a eficácia do remédio no combate ao coronavírus, mas Teich garantiu que eles devem ficar prontos "em duas, três semanas", inclusive no Brasil. Por isso, ele desejava esperar até que esses resultados saíssem, para poder decidir se recomendava ou não o remédio. "Aí fica mais fácil definir", disse ele.
No entanto, o presidente Jair Bolsonaro preferiu tomar sua decisão diretamente e decidiu liberar o uso do remédio nos pacientes com o Covid-19. "O problema não é a cloroquina, o problema é as suas escolhas."
"Ter divergência não é ter conflito, por isso que a saída foi confortável', afirmou Teich que disse que não se sentiu pressionado por Bolsonaro. "Para mim eu tinha que esperar pra tomar uma decisão. Não me senti pressionado, não tem pressão nenhuma", disse ele.
O ex-ministro ainda falou sobre o dinheiro disponibilizado para gastar com a saúde pública. "Se tem coisas que não se sabe se funciona, eu não posso gastar dinheiro nisso, porque tenho pouco dinheiro", disse. Ele concluiu que: "O dinheiro da saúde é muito pouco para ser gasto em coisas que não funcionam".