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Abram alas! A Porto da Pedra vai passar!

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 18 de fevereiro de 2017 - 20:32

Abram alas! Meu Tigre chegou/ Cantando versos de amor/ No esplendor do amanhecer/ quero ver me segurar/ Tem marchinha até o dia clarear. É abrindo alas e se apresentando na maior animação que a Porto da Pedra vai passar na avenida, na próxima sexta-feira, dia 25, com o enredo do carnavalesco Jaime Cezário: “Ó Abre-alas que as Marchinhas vão passar! Porto da Pedra é quem vai ganhar… seu coração!”.

A promessa do carnavalesco é transformar a passarela do samba num imenso cordão, no qual seus foliões vão se divertir a valer. Aliás, o que não falta é motivação para isto, pois o enredo tem tudo para balançar a Marquês de Sapucaí. Afinal, o grande impulso do nosso Carnaval, depois do entrudo e do Zé Pereira, foram as marchinhas. 

Estávamos, ainda, no século XIX quando vieram às ruas, os clubes carnavalescos comandados pela elite carioca. Eram desfiles de carruagens e corsos em forma de ranchos carnavalescos. Um deles foi o rancho Rosa de Ouro, fundado pela maestrina Chiquinha Gonzaga. 

A relação entre Chiquinha e o Rosa de Ouro fincou, no terreno das músicas do Carnaval, um marco histórico: as marchinhas, com letras alegres e irreverentes, compostas especialmente para os foliões se divertirem à vontade. Foi assim, cantando a primeira marchinha feita para ele, que o Carnaval carioca de 1900 esquentou as ruas, abrindo alas: Ó abre alas que eu quero passar/ Eu sou da Lira, não posso negar/ Rosa de ouro é que vai ganhar. 

A partir daí, o ritmo das marchinhas foi ganhando o Carnaval, mas só atingiu o seu apogeu entre as décadas de 1920 e 1960. No entanto, elas vivem até hoje animando os foliões e, neste ano, em especial, o nosso Grêmio Recreativo Escola de Samba Porto da Pedra. As letras divertidas, maliciosas, bem humoradas fazem uma verdadeira caricatura da sociedade brasileira e o politicamente correto não tem espaço nelas, já que a irreverência é o seu fio condutor. As frases de duplo sentido proliferam! Nenhum assunto é proibido e qualquer questão séria vira uma grande brincadeira. 

O triângulo amoroso dos famosos personagens da Commedia dell’Arte, gênero teatral que lotava os teatros no século XVI, na Itália, foi o que inspirou Noel Rosa e Heitor dos Prazeres a compor a marchinha Pierrot Apaixonado. A peça conta a história de um serviçal pobre e ingênuo que se apaixona por uma Colombina, mas ela só tem olhos para o Arlequim, um servo debochado e preguiçoso. 

Mas não foram somente estes dois compositores que se encantaram pela história e a transformaram em marcha carnavalesca. Ela também foi aproveitada por Zé Kéti que, em 1967, lança Máscara Negra, um dos maiores sucessos carnavalescos. Se a escola vai passar na passarela do samba afogando-se em confetes, serpentinas, Pierrôs e Colombinas, como promete, vai trazer, também, os antigos personagens como o Pirata da Perna de Pau, a Nega Maluca, a Linda Morena e outros tantos que foram celebrizados nas marchinhas que, sempre com aquele deboche tipicamente carioca, brincam com tipos e costumes da época, o que foi muito bem captado pela escola pois, segundo a sinopse do enredo: “Nada escapou dessa paródia sutil, maliciosa e crítica, não é mesmo, seu condutor? Pare o bonde para descer o meu amor! Mas por favor, vai com jeito, porque a Maria é escandalosa”. 

Costurando uma artística colcha de retalhos com as letras e personagens das marchinhas, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Porto da Pedra vai empolgar a avenida e oferecer momentos de muita animação e saudades. Vai mexer com a cabeça, o corpo e o coração dos foliões e da plateia que, com certeza, estará de pé, cantando e pulando nas arquibancadas. É a própria escola que se coloca, lindamente, ao final de sua exposição: Nós, da Porto da Pedra do município de São Gonçalo, homenageamos a todos os compositores que nos presentearam com essas incríveis canções que, a cada Carnaval, permitem aos foliões liberar até as Cinzas, a alegria, a energia, a irreverência e, assim, exorcizar as mazelas de um ano inteiro pelas ruas e salões! O Tigre saúda “O Rio de Janeiro, inventor das Marchinhas”. Emocionado, convida a todos, num só canto, a celebrar: “Bandeira Branca amor… eu peço Paz”! Vai com fé, Porto da Pedra.

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