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Mercado Municipal de Niterói 'reinventa' tradição comercial para dialogar com novos públicos

Prédio histórico virou destino badalado com visual apropriado para as redes sociais

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 22 de novembro de 2023 - 15:20
Imagem ilustrativa da imagem Mercado Municipal de Niterói 'reinventa' tradição comercial para dialogar com novos públicos

Dentre os destinos que representam o município de Niterói na ocasião de seu aniversário de 450 anos, poucos servem tão bem como símbolo como o Mercado Municipal. Reinaugurado no último mês de julho, o espaço é, em semelhança à cidade, um pouco anacrônico no melhor dos sentidos: um edifício antigo restaurado com atenção especial às suas características históricas, mas que, ao mesmo tempo, tem um visual bastante jovial e ‘antenado’ às tendências em voga para estabelecimentos comerciais do tipo. Velho espaço com alma de jovem, um pouco como a própria Niterói.

Imagem ilustrativa da imagem Mercado Municipal de Niterói 'reinventa' tradição comercial para dialogar com novos públicos

O prédio, relançado ao público no último dia 27 de julho, fica na Avenida Feliciano Sodré e foi inaugurado em 1938, na época em que a cidade ainda era capital do estado. A proposta era construir um espaço que reunisse as mercadorias que chegavam pelo porto da cidade. O empreendimento foi feito, é claro, com a pompa das construções modernas da época; a estrutura geral e o desenho arquitetônico misturava o art deco europeu com tendências neoclássicas. No fim dos anos 30, o espaço, de 9.700 metros quadrados, finalmente ficou pronto. A inauguração, badalada, contou com a presença do então presidente Getúlio Vargas e do governador do estado à época, Ernâni do Amaral Peixoto, que ainda não sonhava em virar nome de avenida.

Por umas boas décadas, o mercado viu sucesso comercial. O 'boom' das rodovias nos anos 50, porém, foi diminuindo sua potência na região, uma vez que o próprio porto que o alimentava também vinha perdendo a efervescência das décadas anteriores. Os anos 60 deram continuidade a esse processo, que culminou, nos 70, no fechamento do espaço. Tudo acontecendo enquanto a própria Niterói também deixava para trás um pouco de sua centralidade política na região, deixando de ser capital com a 'reformulação' do estado em 1977. Era o fim de uma era, e o início de outra, bem menos notória, para o Mercado e para a cidade.

No meio-tempo até sua nova encarnação, o espaço onde o centro comercial funcionava serviu de depósito, de Ceasa e até de centro de assistência social. Por fim, acabou totalmente parado por alguns bons anos, esvaziado.

Reinauguração

As conversas para reabertura foram lentas e só viriam a se concretizar, de fato, quatro décadas depois do fechamento inicial. Com mais de 170 lojas, a reabertura trouxe de volta o nome de mercado municipal, mas atualizando a proposta comercial ao compasso dos tempos. Além disso, também dialoga com demandas do roteiro turístico da cidade, conforme explica a guia Nani Rodrigues, de 47 anos, moradora da região.

“Quem trabalha com turismo aqui sabe que essa região nunca teve um local para a gente finalizar o roteiro. ‘Classicamente’, é muito comum, em um programa de turismo e principalmente os de excursão, levar os turistas a algum lugar em que possam comprar coisas da cidade, souvenir. A gente não tinha esse tipo de lugar em Niterói”, relata a moradora.

Até agora, o feedback tem sido positivo, explica a guia. “As pessoas estão curtindo porque, na Região Metropolitana do Rio, a gente tem poucas coisas com essa proposta. Só temos, do outro lado, a Cadeg, que teria essa mesma proposta, mas o Mercado de Niterói ainda difere um pouco, porque foi planejado para ser uma espécie de shopping meio ‘gourmet’”, conta Nani, que frequenta o lugar mesmo fora do horário de trabalho.

Na ocasião em que conversou com OSG, por exemplo, ela visitava o local casualmente, para apresentar os estabelecimentos ao itaboraiense Alex Paul Strogoff, de 43 anos. O visitante aprovou a experiência. “Achei muito bonito. Tudo muito organizado, limpo. Achei que ficou bem bacana. Já andei muito por esse mundo, já fui em lugares parecidos, mas achei esse aqui muito bem organizado, muito bonito, bem fácil de chegar”, elogiou.

Clima gourmet

Imagem ilustrativa da imagem Mercado Municipal de Niterói 'reinventa' tradição comercial para dialogar com novos públicos

No novo projeto, o clima de ‘feira’ dá lugar a estabelecimentos de perfil mais sofisticado. Tanto nos lanches e bebidas dos ‘foodhall’ e ‘biergarten’, como nos hortifrutis, peixarias e queijarias, a decoração e os produtos apostam numa roupagem mais requintada, um pouco mais distante da atmosfera original. Para a maioria dos visitantes, a chegada dos espaços ‘gourmet’ é uma ideia interessante - por mais que alguns também sintam falta da antiga proposta.

“A única coisa que eu senti falta é de uma parte mais parecida de mercados municipais como São Paulo, aquela parte com muitos legumes e verduras. Ficou um pouco mais para um shopping, acho que podia ter mais coisas de mercado. Mas tá bom, tá gostoso de vir para passear”, opina a aposentada Rosane Naum, de 68 anos. Mesmo sentindo falta, ela gostou do espaço para, ocasionalmente, convidar as amigas Ana Maria Ribeiro, de 68 anos, Dina Bastos, de 75, e Lenita Barros, de 72, para passear no espaço.

“A arquitetura favorece muito, porque tem esses espaços amplos. Visualmente também é muito agradável. Tem bastante restaurante, peixaria, hortifruti, fora as coisas que ainda estão para abrir”, afirma Dina. Moradoras de Icaraí, as amigas defendem que, mesmo com as ofertas de estabelecimentos similares na Região Oceânica, o deslocamento até a Região Norte da cidade pelo Mercado vale a pena.

Potencial ‘instagramável’

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Quem também visita o espaço com os amigos tem as melhores oportunidades de aproveitar o potencial instagramável do local. Além das lojas coloridas e decoradas aqui e lá, o próprio desenho do edifício, feito muitas décadas antes das redes sociais, também funciona bem como cenário de fotografia para o Instagram.

Um dos melhores espaços para fotografar é o mezanino. Posar na subida da escada, enquanto o amigo fotógrafo registra em contra-plongée - nome difícil para o ângulo ‘debaixo para cima’ - funciona bem, porque aproveita a arquitetura do teto e a iluminação do enorme lustre central.

Já quem visita o espaço sozinho, pode também aproveitar a luminária na hora de recorrer às selfies. Não tem segredo; só enquadrar o rosto ao lado da luz e já rende uma foto legal. Para quem estiver interessado em atualizar a foto do perfil e precisar de foco maior no rosto, a melhor alternativa é colocar a câmera do celular no modo retrato e deixar que o lustre atrás da cabeça fique desfocado. As luzes criam pequenos borrões, ‘bolinhas’ de luz conhecidas pelos fotógrafos como ‘bokeh’, que ajudam a destacar o rosto na foto.

Serviço

Mercado Municipal de Niterói

Avenida Feliciano Sodré, 488 - Centro, Niterói

Horários:

Floricultura, Boulevard e Mercado - de 08h às 20h

Gastronomia e Biergarten - de 12h às 00h

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