Traficante sem mão 'duela' com 'Anão' por 'mina de ouro' em Niterói
Saiba quem são os homens apontados pela polícia como integrantes da 'linha de frente' na disputa pelo tráfico no Morro do Estado, em área estratégica e valorizada no centro da cidade
Um é anão e tem pouco mais de um metro e meio. O outro não tem uma das mãos. Mas diferenças físicas à parte, os dois, com as suas devidas características, estão de lados opostos em uma 'guerra' nada louvável. Walace Araújo Torres, o Anão, do Terceiro Comando Puro' (TCP), e Marcos Patrick da Silva Aquino, o Tiquinho' ou 'Putão, são apontados pelos setores de inteligência da Polícia, e através de denúncias, como protagonistas dos confrontos entre as duas facções rivais, que têm submetido os moradores do Morro do Estado, no Centro de Niterói, a uma rotina de medo e terror desde o último fim de semana.
Mas para entender o motivo dos conflitos em um das mais antigas comunidades do país, e seus protagonistas, é preciso voltar no tempo. Em 2020, as lideranças 'vermelhas' se instalaram no Estado como forma de minimizar o prejuízo provocado pelas ocupações policiais permanentes nas comunidades do Viradouro e do Areal (Santa Rosa), Igrejinha (Largo da Batalha) e da Grota (São Francisco).
Além do Morro do Estado, o CV de Tiquinho também dividiu o grupo para outras comunidades da Região Oceânica de Niterói. Tudo ia bem entre os 'vermelhos' com as recentes conquistas em disputas contra o TCP ocorridas ao longo do mês passado em cinco comunidades da Zona Norte: Coronel Leôncio (Engenhoca), Coréia e Santo Cristo (Fonseca), além de Pimba e Palmeira, na Riodades, segundo investigações da 78ªDP (Fonseca) e informações chegadas ao Disque Denúncia (2253-1177).
O Morro do Estado foi escolhido pelo TCP como uma espécie de 'piloto' na tentativa de 'reestruturação' na cidade contra os rivais pelo fato de existirem em liberdade muitos 'crias' no local com estreitas ligações com Anão, que mesmo com altura de uma criança, e preso desde 2013, ainda goza de grande ascendência sobre aquela comunidade. O motivo foi a forma paternalista e 'festeira' - com realização de eventos e cessão de presentes aos moradores - como exercia seu comando, antes de sair de cena.
Com o aval do antigo líder, mesmo atrás das grades, segundo a polícia, foi formado então, o Bonde do Anão, com grupos de criminosos expulsos das comunidades da zona norte, e também apoio dos traficantes dos Complexos da Maré e de Acari, no Rio de Janeiro.
O Bonde do Anão teria se espalhado estrategicamente, em outras comunidades vizinhas ao Estado, nos Morros do Arroz e da Chácara, para tentar expulsar os inimigos de uma dos maiores e mais antigos 'bolsões' de miséria do país, formado na época da abolição da escravatura, e onde o tráfico de drogas, nos moldes atuais, teria se iniciado no interior, na década de 70, com a criação das primeiras 'bocas de fumo'.
Pelo fato de o Morro do Estado estar 'no coração' da cidade e situado próximo à Baía de Guanabara, estima-se que os traficantes possam conseguir lucros que ultrapassariam os R$ 100 mil por mês, não apenas com a venda de drogas, mas também com o pagamento de taxas de utilização de TV a cabo clandestina, entre outros 'negócios'. Apenas no Estado, haveria, atualmente, cinco pontos para a venda de drogas, nas localidades do Campinho, do Beco do 30 - na parte alta - e da 'Lixeira' e do Comando Paraíba, ou CP, na parte baixa, segundo investigações da polícia.
CV ainda 'predomina' com apoio de outras comunidades
O 'consórcio' do TCP no entanto, não foi suficiente para permanecer no Estado. Segundo investigações da 76ªDP (Niterói), os criminosos 'azuis' trocam tiros com os rivais, sempre durante à noite, desde o último sábado, e saem. O que garante o domínio do CV no local, segundo investigações da polícia, é o fato de a facção ter enviado numerosos 'reforços', não apenas das comunidades da Zona Sul de Niterói, mas também da Zona Norte e também do Morro do Palácio, no Ingá, que também tem ligações com o Viradouro.
O fato de ter bom trânsito entre os antigos 'chefões' do tráfico da Zona Sul de Niterói, segundo a polícia, é fundamental para que Tiquinho tenha respaldo no comando da 'resistência' aos rivais no Estado. Dois traficantes identificados como Jogador e Boladinho seriam, atualmente, os responsáveis pela 'gerência' dos negócios dos traficantes da quadrilha de Tiquinho no Morro do Estado.
Ele não tem uma das mãos, pois na primeira vez que foi preso, uma granada que tentou jogar nos policiais do 12ºBPM (Niterói), durante confronto, explodiu entre seus dedos, na comunidade do Viradouro. Em 2017, ele ganhou liberdade condicional e como não voltou para cumprir a pena em regime semi-aberto, é considerado foragido. Já Anão cumpre pena em uma unidade do Rio de Janeiro, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado.
Quem tiver informações sobre os traficantes envolvidos nos conflitos no Morro do Estado, deve ligar para os seguintes canais:
Whatsapp ou Telegram Portal dos Procurados (21) 98849-6099; pelo facebook/(inbox), endereço: https://www.facebook.com/procurados.org/, pelo mesa de atendimento do Disque-Denúncia (21) 2253-1177, ou pelo Aplicativo para celular - Disque Denúncia. O Anonimato é garantido.
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