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Munições usadas para matar Marielle foram encontradas em outros 20 homicídios no Rio

O lote de 1,8 milhões infringia portaria publicada pelo exército em 2004

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 23 de julho de 2021 - 15:08
Marielle Franco
Marielle Franco -

O inquérito da Polícia Federal, que apura como cartuchos desviados de forças de segurança foram parar nas mãos de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018, aponta que as munições foram usadas em pelo menos outros 20 homicídios, só no estado do Rio. As informações são do Grupo Globo.

As munições do lote foram utilizadas em diversos crimes cometidos por traficantes, milicianos e matadores de aluguel em 8 cidades da Região Metropolitana do Rio. Além disso, também estiveram presentes em ações fora do estado, como um assalto a uma agência dos Correios na Paraíba e na maior chacina da história do estado de São Paulo, na qual 17 pessoas foram assassinadas nos municípios de Barueri e Osasco em agosto de 2015.

As investigações do Ministério Público Federal são dificultadas pelo tamanho dos lotes comprados pelas forças de segurança. Uma portaria aprovada pelo Exército em 2004, delimita que as munições adquiridas com essa intenção se limitem a lotes de até 10 mil cartuchos, a fim de facilitar o rastreio dos projéteis e trazer à justiça os responsáveis por crimes como os que tiraram a vida de Marielle e Anderson. Mas, como nos é revelado pelo caso da vereadora, em que o lote continha mais de 1,8 milhões de cartuchos, a portaria não é recorrentemente respeitada.

Há 10 anos atrás, foi justamente o rastreio dos lotes que permitiu aos investigadores descobrirem a identidade dos assassinos da juíza Patrícia Acioli. A série que continha apenas 10 mil projéteis havia sido distribuída a dois batalhões do estado e em um deles, o 7º BPM de São Gonçalo, estavam lotados vários policiais envolvidos em processos conduzidos pela juíza.

Em abril de 2020, o Exército publicou outra portaria com o intuito de reduzir o número de cartuchos presentes em cada lote e facilitar, assim, o controle de munição. Contudo, o texto que estipulava que, “a cada dez mil unidades comercializadas, deverá ser utilizado um único código de rastreabilidade, podendo ser marcadas frações menores até um mínimo de mil unidades”, foi derrubado pelo Presidente Jair Bolsonaro um dia após sua publicação.

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