Meninos de Belford Roxo: um foi torturado até a morte e outros dois foram executados, aponta polícia
Crianças foram torturadas e mortas por traficantes do Comando Vermelho
A Polícia Civil concluiu que os três meninos desaparecidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, foram mortos por traficantes da comunidade Castelar. Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9), os investigadores apontaram que uma criança morreu após uma sessão de espancamento, enquanto as outras duas foram executadas.
De acordo com o delegado Uriel Alcântara, responsável pela investigação, a principal suspeita desde o início do caso era a de que criminosos ligados à facção Comando Vermelho (CV) estivessem por trás do desaparecimento.
“Desde o início a gente já tinha informação da responsabilidade do tráfico sobre o desaparecimento e possibilidade da morte. Isso era uma informação que a gente já trabalhava desde o início, mas só podemos trabalhar exclusivamente com isso, quando a gente começa a materializar isso, que acontece em maio, através de informações de inteligência e um depoimento chave", disse.
Lucas Matheus (9 anos), Alexandre da Silva (11) e Fernando Henrique (12) desapareceram em dezembro do ano passado, após saírem de casa para brincar em um campo de futebol de Areia Branca, também na cidade da Baixada Fluminense.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a ordem para a tortura às crianças partiu do gerente do tráfico da comunidade Castelar, Willer Castro da Silva, conhecido com "Estala". A ação foi autorizada por Edgard Alves de Andrade, conhecido como "Doca" ou "Urso", e José Carlos dos Prazeres Silva, o "Piranha", que são apontados como líderes da organização criminosa que coordenavam seus subordinados do Complexo da Penha, no Rio. Ainda segundo os investigadores, além deles, um gerente de carga de drogas da comunidade, que não teve a identidade divulgada, também teria participado do crime.
O delegado Uriel Alcântara explicou que os três meninos foram apontados como suspeitos do furto de um passarinho do tio do traficante Estala, o que teria motivado a ação dos criminosos.
“Uma testemunha presencia o traficante Estala falando, ela está no mesmo ambiente e ouve ele falando com outro traficante que mataram, executaram as crianças, porque teriam roubado um passarinho do seu tio. E aí ele é questionado por esse outro traficante como que ele teria feito aquilo, se teria autorização do mano, em referência ao Piranha, e ele diz que teve autorização do Doca e do Piranha para que aquilo ocorresse. Em razão disso, eles passam a ser investigados”, explicou o delegado.
Os investigadores revelaram que a intenção inicial dos criminosos era apenas a de agredir os meninos, como uma força de corrigi-los por conta do suposto furto. No entanto, um dos meninos não teria resistido à sessão tortura. Por conta disso, os traficantes decidiram executar também as outras duas crianças.
“Em razão da subtração do passarinho do tio do Estala, eles agrediram as crianças, exageraram e aquilo resulta na morte dessa criança e eles acham que a solução para aquele problema seria executar os outros dois. A gente não sabe quem foi o primeiro que aconteceu isso”, explicou Uriel Alcântara.
A DHBF também apontou que Ana Paula da Rosa Costa, apontada como "Tia Paula", em parceria de outros traficantes, ordenou que um sexto criminoso colocasse o corpo das crianças em sacos e jogasse em um rio da região.