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Operação contra assassino de Marielle e bicheiro revela corrupção na Polícia Civil

Quase R$2 milhões em espécie foram apreendidos na casa de uma delegada da PCERJ

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 10 de maio de 2022 - 12:37
Rogério Andrade, denunciado pelo MP como líder da quadrilha
Rogério Andrade, denunciado pelo MP como líder da quadrilha -

Titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) por muitos anos, a delegada Adriana Cardoso Belém é um dos alvos da Operação Calígula. Deflagrada nesta terça-feira (10), a ação mira uma organização criminosa liderada pelos bicheiros Rogério e Gustavo Andrade, pai e filho, respectivamente, e o policial militar reformado Ronnie Lessa, preso desde 2019 pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.

Adriana entregou a titularidade da distrital que comandava um dia após Jorge Luiz Camillo Alves, então chefe do Setor de Investigações (SI) da 16ª, conhecido por milicianos como o “Amigo da 16”, ser preso pela Operação Intocáveis II, suspeito de envolvimento com grupos paramilitares que atuam na Zona Norte do Rio, em janeiro de 2020. Lotado na mesma DP, Alex Fabiano Costa de Abreu, também foi preso na ocasião.

Na casa da delegada, num condomínio residencial na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foram apreendidos quase R$2 milhões em espécie, escondidos em sacolas de grifes de luxo e em uma mala no closet. Lotada como assessora na Secretaria Municipal de Esportes do Rio, Adriana, será exonerada ainda hoje, de acordo com a prefeitura.

A Operação é fruto da investigação do caso Marielle Franco, pela Força Tarefa do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Ao todo, foram 30 denunciados pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão foram expedidos. Até agora, 11 prisões foram confirmadas e quatro bingos estourados.

Acusados de comandar uma estrutura criminosa voltada à exploração de jogos de azar em diversos estados, Rogério e seu filho continuam foragidos. A organização perpetuava seu monopólio através da permanente corrupção de agentes públicos, através do pagamento de propinas, do emprego da violência contra desafetos e concorrentes e de execuções premeditadas.

Diversos policiais civis são alvo da operação. Dentre estes, o aposentado Amaury Lopes Júnior, apontado como elo da quadrilha com as delegacias, o inspetor Vinícius de Lima Gomez, responsável pela receptação de propinas destinadas à membros do alto escalão da PCERJ, e o delegado Marcos Cipriano de Oliveira Mello. Titular da Delegacia de Defraudações, Cipriano teria intermediado um encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Belém e, seu braço-direito, Jorge Camillo, que resultou na devolução de 80 máquinas caça-níqueis apreendidas pela Polícia Civil em casas de aposta regidas pela família Andrade, segundo denúncia do Ministério Público (MP).

Ainda de acordo com o MP, a parceria entre Rogério Andrade e Ronnie Lessa é anterior a 2009, quando o último perdeu uma perna em um atentado à bomba que explodiu seu carro. À época, o policial militar reformado já atuava como segurança do contraventor. Os dois chegaram a abrir uma casa de apostas juntos, no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, em 2018, ano da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes. O Bingo, financiado pelo bicheiro e administrado por Gustavo e Lessa, foi fechado no dia de sua inauguração, mas reaberto após os atos de contravenção descritos acima, envolvendo agentes das polícias militar e civil, liberarem as máquinas apreendidas. 

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