Filha é presa por aplicar golpe de R$725 milhões em mãe idosa

Uma mulher foi presa por aplicar um golpe milionário na própria mãe, uma idosa de 82 anos, na Zona Sul do Rio, na manhã desta quarta-feira (10). O prejuízo sofrido pela vítima, que é viúva de um renomado colecionador de arte, foi estimado em R$725 milhões, entre extorsão de pagamentos em espécie e roubos de joias e quadros, incluindo alguns originais de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

A ação da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade faz parte da “Operação Sol Poente”, que cumpriu seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em endereços nas Zonas Sul e Norte do Rio. Até às 7h da manhã desta quarta-feira, quatro pessoas já haviam sido presas.

De acordo com as investigações, o esquema começou a ser elaborado ainda no início de 2020, quando a mulher contratou uma farsante para abordar sua mãe na saída de um banco em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e alertá-la sobre a morte iminente de sua filha, no caso a própria mandante do crime. Em seguida, a farsante encaminhou a idosa a outras duas comparsas, apresentadas como uma cartomante e uma mãe de santo que lhe induziram a pagar por um trabalho para salvá-la.

Assustada, a idosa contou tudo para sua filha, que prosseguiu com o plano fingindo terror e suplicando para que a mãe fizesse o pagamento. A mãe atendeu ao pedido, realizando oito transferências bancárias, que ultrapassam a suma de R$5 milhões, entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020.

Após o início do falso tratamento, a filha começou a isolar a idosa, lhe impedindo de encontrar pessoas de seu convívio regular e dispensando funcionários que prestavam serviços domésticos a ela. A vítima começou a suspeitar e suspendeu o pagamento do trabalho. Foi então que ela passou a ser alvo de agressões e ameaças por parte da quadrilha.

Ao todo 16 quadros foram levados pelos criminosos, alguns dos quais já foram recuperados pelas autoridades. Dentre estes está a peça “Sol Poente”, de Tarsila do Amaral, avaliada em R$250 milhões, que batizou a operação. A obra foi encontrada sob o estrado da cama de um dos suspeitos.

Outras três obras foram recuperadas em uma galeria de arte em São Paulo. O proprietário do local confirmou ter vendido outras duas peças para o Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires, na Argentina. Segundo ele, os quadros foram entregues pela própria filha, o que, por já conhecer a família, não levantou suspeitas.