Aumento da criminalidade preocupa moradores do Pé Pequeno, em Niterói
Casas têm sido invadidas por criminosos para furto de objetos para revenda em ferros-velhos
Moradores do Pé Pequeno, em Niterói, reclamam do aumento da criminalidade e da sensação de insegurança no bairro nos últimos meses. Os relatos de furtos e roubos começaram a crescer consideravelmente na região e, agora, câmeras, grades, arame farpado e cerca elétricas passam a fazer parte das fachadas das residências.
Na Rua Itaguaí, os suspeitos levaram bicicletas, esquadrias de alumínio de casas e prédios, caixas de correio de ferro, números residenciais, cestos de lixo e até a fiação. Um carro de um dos moradores chegou a ter suas duas placas furtadas pela quarta vez.
Casas à venda, uma creche e uma clínica para pessoas com deficiência também sofreram com invasões. As queixas são de que os criminosos não se importam com o horário. Eles entram de dia, tarde, noite ou madrugada para tentar furtar.
Além das reclamações de furtos, há também uma sensação de abandono dos moradores por parte da Prefeitura. Eles alegam que a iluminação pública e a poda de árvores na região estão prejudicadas. Os vizinhos teriam se unido para reclamar, mas sem um retorno devido do poder público.
Para o morador Marco Antônio, de 60 anos, a região está abandonada, e ele e os vizinhos precisaram tomar as próprias medidas para se proteger.
"A gente está sentindo um aumento absurdo da criminalidade. Para mim, a abertura dos novos bares e o surgimento de uma 'cracolândia' no bairro do Cubango têm contribuído para isso", conta.
Ele mora no bairro há mais de 20 anos e percebe as mudanças recentes na região. Segundo Marco Antônio, nos últimos meses, foram registradas cerca de seis ocorrências de roubo por motoqueiros em uma mesma semana.
A falta de ação do poder público também preocupa, segundo o morador. Ele revela que tem uma lâmpada de um poste que não acende há quase um ano, mesmo com a abertura de queixas na prefeitura.
Os bares abertos recentemente na região também têm sido uma dor de cabeça, de acordo com Marco Antônio. Brigas e confusões, carros estacionados de forma irregular, lixo descartado no lugar errado e até uso de drogas por frequentadores chegaram a fazer com que vizinhos se mudassem.
"É um conjunto de coisas. Voltaram a pichar os muros das nossas casas, a deixar pinos de drogas nas nossas calçadas, a invadir nossas residências. Eles se aproveitam da iluminação precária e da falta de poda das árvores, que deixa tudo mais escuro", conta.
A situação está tão preocupante, que moradores de uma residência sofreram com três roubos seguidos. Por conta disso, desistiram de morar no bairro e se mudaram.
Ana Souza, de 44 anos, mora no Pé Pequeno desde que nasceu. Ela confirma o aumento da violência no bairro, onde chegou a sofrer uma tentativa de assalto por dois homens em uma moto.
"Aqui era um bairro muito tranquilo, mas já tem um tempo que estamos presenciando corriqueiros assaltos e invasão de casas", diz.
Um outro morador que preferiu não se identificar também afirma a presença de pichadores e de pessoas que estão invadindo casas à venda ou abandonadas na região.
"No último dia 12, por volta das 04h40, um homem invadiu uma casa próxima a minha residência. Ouvi um barulho que parecia com o de uma marreta na parede. Quando olhei pela janela, vi fumaça e fogo. Rapidamente chamamos o Segurança Presente, que entrou na casa e não encontrou mais ninguém", relata.
Segundo o mesmo morador, quatro dias antes, dois homens entraram nessa mesma casa na parte da tarde, ficaram lá dentro por volta de 15 minutos e saíram com alguns objetos que eram da residência.
O problema da iluminação pública também tem preocupado a estudante Fabianna Alvim, de 23 anos, que mora no Pé Pequeno há quase duas décadas.
"Essa semana queimou a luz de um poste e está um breu em frente ao meu prédio. Está horrível. Eu chego só de noite da faculdade, então eu fico muito tensa de ter que caminhar no escuro", revela.
O SÃO GONÇALO procurou a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura de Niterói para esclarecer o que tem sido feito no bairro.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o 12° BPM (Niterói) já realizou 505 prisões e que faz patrulhamento ostensivo na região, por meio de viaturas do Regime Adicional de Serviço, além de comboios com viaturas de outros bairros.
A Secretaria também relata que realiza reuniões comunitárias com a população para ouvir as demandas de cada região.
"Após as recentes reuniões ocorridas nos dia 14 de setembro e 13 de outubro, deste ano, foram apontados características de um elemento que cometeu roubos na região de Santa Rosa e Pé Pequeno, o qual utilizava uma moto e mochila de entregador, sendo então aumentado a abordagem com vista a esses elementos, sendo possível, após a mudança do planejamento, inibir suas intentadas criminosas na região. Da mesma forma, através das iniciativas em conjunto com a Guarda Municipal de Niterói e o Programa Segurança Presente, foram intensificadas as abordagens as diversas pessoas em situação de rua e dependentes químicos que habitam o bairro de Santa Rosa, bem como os bairros de Icaraí, Vital Brasil e o Centro da Cidade", diz a nota da assessoria.
Já a Prefeitura de Niterói solicitou o envio dos nomes da ruas em que os moradores alegam que há falta de luz ou luzes queimadas no bairro do Pé Pequeno para providenciar melhorias, e respondeu em nota o seguinte:
"A Seconser pede aos cidadãos que enviem reclamações da iluminação pública para o COLAB, Facebook ou para o serviço do Disque Luz da Secretaria de Conservação de Serviços Públicos (Seconser) pode ser acionado através do número de contato é o 0800 94 02 550. Por lá, o contribuinte poderá escolher entre as alternativas lâmpada apagada ou lâmpada acesa, e depois de um sinal sonoro, informar o nome e o endereço.
Já a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) informa que multa e notifica proprietários de terrenos e comércio por conta descarte irregular de resíduos. A Companhia é responsável pela limpeza urbana e destinação final dos resíduos sólidos e tem o compromisso de prestar serviços que atendam a população de maneira ordenada, regular e eficaz."