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Aumento da criminalidade preocupa moradores do Pé Pequeno, em Niterói

Casas têm sido invadidas por criminosos para furto de objetos para revenda em ferros-velhos

relogio min de leitura | Escrito por Lara Neves | 24 de outubro de 2022 - 15:21
Cercas agora são parte das fachadas.
Cercas agora são parte das fachadas. -

Moradores do Pé Pequeno, em Niterói, reclamam do aumento da criminalidade e da sensação de insegurança no bairro nos últimos meses. Os relatos de furtos e roubos começaram a crescer consideravelmente na região e, agora, câmeras, grades, arame farpado e cerca elétricas passam a fazer parte das fachadas das residências.

Na Rua Itaguaí, os suspeitos levaram bicicletas, esquadrias de alumínio de casas e prédios, caixas de correio de ferro, números residenciais, cestos de lixo e até a fiação. Um carro de um dos moradores chegou a ter suas duas placas furtadas pela quarta vez.

Casas à venda, uma creche e uma clínica para pessoas com deficiência também sofreram com invasões. As queixas são de que os criminosos não se importam com o horário. Eles entram de dia, tarde, noite ou madrugada para tentar furtar.

Câmeras estão sendo instaladas na tentativa de aumentar a segurança.
Câmeras estão sendo instaladas na tentativa de aumentar a segurança. |  Foto: Filipe Aguiar
 

Além das reclamações de furtos, há também uma sensação de abandono dos moradores por parte da Prefeitura. Eles alegam que a iluminação pública e a poda de árvores na região estão prejudicadas. Os vizinhos teriam se unido para reclamar, mas sem um retorno devido do poder público.

Para o morador Marco Antônio, de 60 anos, a região está abandonada, e ele e os vizinhos precisaram tomar as próprias medidas para se proteger.

"A gente está sentindo um aumento absurdo da criminalidade. Para mim, a abertura dos novos bares e o surgimento de uma 'cracolândia' no bairro do Cubango têm contribuído para isso", conta.

Ele mora no bairro há mais de 20 anos e percebe as mudanças recentes na região. Segundo Marco Antônio, nos últimos meses, foram registradas cerca de seis ocorrências de roubo por motoqueiros em uma mesma semana.

A falta de ação do poder público também preocupa, segundo o morador. Ele revela que tem uma lâmpada de um poste que não acende há quase um ano, mesmo com a abertura de queixas na prefeitura. 

Os bares abertos recentemente na região também têm sido uma dor de cabeça, de acordo com Marco Antônio. Brigas e confusões, carros estacionados de forma irregular, lixo descartado no lugar errado e até uso de drogas por frequentadores chegaram a fazer com que vizinhos se mudassem.

"É um conjunto de coisas. Voltaram a pichar os muros das nossas casas, a deixar pinos de drogas nas nossas calçadas, a invadir nossas residências. Eles se aproveitam da iluminação precária e da falta de poda das árvores, que deixa tudo mais escuro", conta.

A situação está tão preocupante, que moradores de uma residência sofreram com três roubos seguidos. Por conta disso, desistiram de morar no bairro e se mudaram.

Até caixas de correio estão sendo furtadas no bairro.
Até caixas de correio estão sendo furtadas no bairro. |  Foto: Filipe Aguiar
 

Ana Souza, de 44 anos, mora no Pé Pequeno desde que nasceu. Ela confirma o aumento da violência no bairro, onde chegou a sofrer uma tentativa de assalto por dois homens em uma moto. 

"Aqui era um bairro muito tranquilo, mas já tem um tempo que estamos presenciando corriqueiros assaltos e invasão de casas", diz.

Um outro morador que preferiu não se identificar também afirma a presença de pichadores e de pessoas que estão invadindo casas à venda ou abandonadas na região.

"No último dia 12, por volta das 04h40, um homem invadiu uma casa próxima a minha residência. Ouvi um barulho que parecia com o de uma marreta na parede. Quando olhei pela janela, vi fumaça e fogo. Rapidamente chamamos o Segurança Presente, que entrou na casa e não encontrou mais ninguém", relata.

Segundo o mesmo morador, quatro dias antes, dois homens entraram nessa mesma casa na parte da tarde, ficaram lá dentro por volta de 15 minutos e saíram com alguns objetos que eram da residência.

O problema da iluminação pública também tem preocupado a estudante Fabianna Alvim, de 23 anos, que mora no Pé Pequeno há quase duas décadas.

"Essa semana queimou a luz de um poste e está um breu em frente ao meu prédio. Está horrível. Eu chego só de noite da faculdade, então eu fico muito tensa de ter que caminhar no escuro", revela.

O SÃO GONÇALO procurou a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura de Niterói para esclarecer o que tem sido feito no bairro.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o 12° BPM (Niterói) já realizou 505 prisões e que faz patrulhamento ostensivo na região, por meio de viaturas do Regime Adicional de Serviço, além de comboios com viaturas de outros bairros.

A Secretaria também relata que realiza reuniões comunitárias com a população para ouvir as demandas de cada região.

"Após as recentes reuniões ocorridas nos dia 14 de setembro e 13 de outubro, deste ano, foram apontados características de um elemento que cometeu roubos na região de Santa Rosa e Pé Pequeno, o qual utilizava uma moto e mochila de entregador, sendo então aumentado a abordagem com vista a esses elementos, sendo possível, após a mudança do planejamento, inibir suas intentadas criminosas na região. Da mesma forma, através das iniciativas em conjunto com a Guarda Municipal de Niterói e o Programa Segurança Presente, foram intensificadas as abordagens as diversas pessoas em situação de rua e dependentes químicos que habitam o bairro de Santa Rosa, bem como os bairros de Icaraí, Vital Brasil e o Centro da Cidade", diz a nota da assessoria.

Já a Prefeitura de Niterói solicitou o envio dos nomes da ruas em que os moradores alegam que há falta de luz ou luzes queimadas no bairro do Pé Pequeno para providenciar melhorias, e respondeu em nota o seguinte:

"A Seconser pede aos cidadãos que enviem reclamações da iluminação pública para o COLAB, Facebook ou para o serviço do Disque Luz da Secretaria de Conservação de Serviços Públicos (Seconser) pode ser acionado através do número de contato é o 0800 94 02 550. Por lá, o contribuinte poderá escolher entre as alternativas lâmpada apagada ou lâmpada acesa, e depois de um sinal sonoro, informar o nome e o endereço.

Já a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) informa que multa e notifica proprietários de terrenos e comércio por conta descarte irregular de resíduos. A Companhia  é responsável pela limpeza urbana  e destinação final dos resíduos sólidos e tem o compromisso de prestar serviços que atendam a população de maneira ordenada, regular e eficaz."

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