Adolescente com espectro autista é agredido dentro de coletivo em Maricá
Funcionária pública que estava no coletivo viu as agressões e ajudou o menino a chegar em casa
Um menino, de 16 anos, que tem o espectro autista e tem deficiência intelectual, foi agredido por três adolescentes, dentro de um ônibus, em Maricá. A agressão aconteceu na tarde desta quinta-feira (03), na altura do bairro Itapeba, quando o menino retornava da escola.
Uma funcionaria pública, de 43 anos, estava dentro do coletivo e ajudou o jovem a escapar dos agressores. Ela falou com exclusividade ao O São Gonçalo como tudo aconteceu.
"As crianças estavam animadas, falando alto. Então quando começou a confusão, eu não percebi. Quando olhei, já vi o menino levando socos de três homens, grandes. Ele caiu e foi quando eu consegui pegar ele", contou a mulher, que acalmou o jovem e o acompanhou até em casa.
Muito assustado, o menino contou que os jovens, com aparentes 17 ou 18 anos, estavam puxando seu short. Com a ação insistente dos meninos, ele se sentiu constrangido e tentou impedir que puxassem novamente. Foi quando as agressões começaram.
O trio não estava uniformizado, mas poderá ser identificado por imagens de câmeras de segurança do coletivo da cidade.
A mãe da vítima, uma fotógrafa e estudante de serviço social, de 48 anos, ficou assustada ao saber do ocorrido.
Eu cheguei e vi ele todo machucado. Boca cortada, orelha, pescoço. Ele estava muito nervoso, a pressão subiu. Fomos a delegacia, mas não registramos no dia, pois precisei ir ao hospital com ele. Por isso voltei hoje para registrar o caso e identificar os autores Mãe da vítima
A fotógrafa contou que essa violência pode representar um retrocesso na evolução do jovem.
"Ele tem as dificuldades dele. Faz somente três meses que ele passou a andar de ônibus sozinho. Com a especificidade dele, é difícil conquistar autonomia. Para ele, ir para escola sozinho é uma conquista. Foi uma conquista muito grande, que agora ele está com medo de seguir. Uma ação dessa, pode retroceder muito tempo de evolução que ele vem tendo", lamentou a mãe a vítima.
Embora quem tenha o espectro autista possa ter dificuldade para se comunicar, o jovem conseguiu contar para a testemunha da agressão o que tinha acontecido.
Na hora, eu só me preocupei com ele. Ele foi muito educado, muito amoroso. Me disse o que aconteceu e ficou ao meu lado. Preocupada com ele, eu nem falei com os adolescentes Testemunha do caso
Apesar das marcas na orelha e no pescoço, e os cortes na boca, o menino está bem e acompanhou a mãe para registrar o caso na 82°DP (Maricá), na manhã desta sexta-feira (04).