MP denuncia 11 PMs pela morte de Rayane Nazareth, a Hello Kitty
Na denúncia, aceita pela Justiça, o tenente-coronel Gilmar Tramontini da Silva, então comandante em São Gonçalo, teria ordenado a execução após forjar uma operação
A Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra 11 PMs pela morte de Rayane Nazareth Cardozo da Silveira, a Hello Kitty, de 21 anos, e de outros três homens. A promotora Renata de Vasconcellos Araújo Bressan sustentou que quem mandou matar a traficante foi o então comandante do 7º BPM (São Gonçalo), o tenente-coronel Gilmar Tramontini da Silva.
Os policiais viraram réus por homicídio com agravante. Todos foram afastados das ruas no dia 28 de fevereiro, de acordo com a PM.
Hello Kitty e outros três acusados de tráfico e outros crimes, foram mortos durante uma operação policial Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em julho de 2021. À época, Hello Kitty era a mais procurada do estado pelos crimes que cometia.
No dia da operação também morreram: Alessandro Luiz Vieira Moura, de 40, o Vinte Anos; Mikhael Wander Miranda Marins, de 30, e Victor Silva de Paula Faustino, de 21.
O MP destacou na denúncia que o grupo sabia onde estava Hello Kitty e o carro que ela usaria no dia em que foi atacada ao lado do seu bando. Além disso, o MP lembra que os policiais teriam forjado um sequestro de uma família para infringir a ADPF das Favelas que restringe a realização de operações no estado do Rio, exceto em hipóteses de emergência e excepcionalidade.
Os réus são:
Gilmar Tramontini da Silva (tenente-coronel);Thiago Holanda Burgos (1º tenente);Gilsemberg Bittencourt Pessoa (3º sargento);Tiago Ribeiro Brito (cabo);Richard Ramos da Costa (cabo);André Luiz Monteiro (cabo);Anderson França (cabo);Leandro Bastos da Rocha (cabo);Anderson Oliveira Neto (cabo);Alexandre Xavier da Silva (cabo) e Gabriel Cosme Mota de Oliveira (cabo).
Laudo aponta mais de 30 tiros
Segundo o MP, após a interceptação do carro onde estavam Vinte Anos e Rayane, a Hello Kitty, os policiais dispararam "no mínimo 34 disparos, conforme o Laudo de Local", e matando o grupo.
A promotoria afirmou ainda que "dando sequência à ilegalidade que revestiu a operação, a fim de fugir à responsabilidade penal, induzindo a erro as autoridades responsáveis pela persecução penal a ser instaurada, na medida em que recolheram os corpos das vítimas já falecidas, empilhando-os no interior do veículo blindado de transporte de pessoal e os apresentando no Hospital Estadual Alberto Torres, desfazendo o local do crime".
O MP afirma, ainda, que o bando desviou do desempenho da atividade policial e que eles cometeram desvios.
A denúncia foi aceita pela juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine, titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no dia 15 de fevereiro.