Justiça condena líderes religiosos que abusavam sexualmente de fiéis
Vítimas eram induzidas a relações sexuais hipoteticamente determinadas por entidades
Marcelo Antonio Marques, Leonardo Campello e Jayson Garrido foram condenados e respondem ao crime de violação sexual mediante fraude. A condenação foi executada pela juíza Simone de Araujo Rolim da 29° Vara Criminal do Rio de Janeiro. Os homens integravam o Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL), na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. No centro, segundo a denúncia, os três homens praticavam abusos de seus fiéis com a desculpa de que estavam realizando a ‘’iniciação tântrica’’.
O caso já havia sido denunciado ao Ministério Público estadual em 2018, na época, os acusados foram determinados pela justiça que usassem tornozeleiras eletrônicas e fossem proibidos de frequentar o centro espiritual, foram restringidos também de manter qualquer contato com as testemunhas e fiéis.
Ainda no mesmo ano um pedido de prisão foi assinado, mas não foi deferido pela Justiça.
O centro alegava pregar o universalismo como filosofia, reunindo matrizes religiosas de umbanda, candomblé, Igreja Gnóstica Cristã e correntes orientais. Os homens afirmavam estar possuídos por diversas entidades como "Caboclo Pena Branca", "Preta-Velha Maria Conga", "Vovô-Rei Congo de Aruanda" e "Boiadeiro Urubizara" com o objetivo de convencer os fiéis a iniciarem as práticas religiosas, essa prática sinalizava os abusos. Atos sexuais e libidinosos eram inclusos nos rituais de ‘’iniciação tântrica’’. As vítimas eram informadas que estavam ‘’prontas’ para serem iniciadas por Marcelo, que se dizia a autoridade máxima. Durante o período de 2009 a 2016, foram registrados mais de 100 abusos praticados por ele.
O vice-presidente, Leonardo, além de saber dos abusos, também incentivava as vítimas a obedecerem a vontade de Marcelo. O mesmo também praticava abusos e se passava por psicólogo, cobrando pelas sessões que realizava irregularmente. O terceiro condenado, Jayson, antigo médium da CESL teria sido denunciado por abusar de duas meninas, uma sendo menor, na época, com 15 anos de idade.
A maior parte dos fiéis não suspeitavam da atividade abusiva pelas grandes encenações em nome da religião.
As vítimas não eram somente mulheres, Marcelo escolhia somente homens com as características de serem bonitos e jovens, e os coagiam a acreditarem que ‘’depositaria seu axé’’ em um chacra secreto. Esse, ficava localizado dentro do ânus do fiel. Além das práticas sexuais, os fiéis eram convencidos a abdicar de suas vidas pessoais para ir em busca da religião.
Marcelo, Leonardo e Jayson, foram condenados, respectivamente a 5 e 3 anos de prisão e poderão recorrer em liberdade.