Jovem de Niterói encontrado morto a tiros na Baixada é sepultado no Barreto
Corpo de Gabriel Cordeiro foi encontrado por familiares no IML de Nova Iguaçu após passar dois dias desaparecido
Foi sepultado na tarde dessa terça-feira (18/04), no Barreto, em Niterói, o corpo de Gabriel Cordeiro, de 20 anos, morador do município que foi encontrado morto no último domingo (16/04), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Morador de Vila Ipiranga, no Fonseca, o jovem, que estava desaparecido desde sexta-feira (14/04), foi baleado com dois tiros na cabeça.
Percussionista em escolas de samba da região, Gabriel saiu de casa na sexta, sem dizer para onde ia, e não retornou. Ele vivia com uma família adotiva. Sua avó materna, com quem viveu desde o nascimento até os 16 anos de idade, disse que nem familiares e nem amigos sabem quem pode ter cometido o crime e o que teria motivado.
"Eu fiquei preocupada, mas pensei: ‘ah, Gabriel deve estar zoando por aí’. Ele era assim, estava aqui e lá. Pensei: ‘Ele foi para a casa de algum amigo e deve estar bem lá’. Só que aí comecei a achar estranho, porque nem os amigos sambista, nem os amigos da religião dele sabia nada, aí comecei a ficar mais preocupada. Fomos em todos os hospitais de São Gonçalo, no IML de Niterói e depois no IML de Tribobó, onde descobrimos", conta Denise Gonçalves, de 59 anos, avó da vítima.
A cerimônia de despedida ao jovem aconteceu em uma capela funerária em frente ao Cemitério do Maruí, onde ele foi sepultado. Dezenas de familiares e colegas de Gabriel estiveram no local para prestar as últimas homenagens. Integrantes da ONG Educasamba, da qual o ritmista fazia parte, destacaram a alegria do jovem, que já realizou trabalhos com a Escola de Samba Sabiá, Acadêmicos de Niterói, Porto da Pedra, e Cubango.
"Onde ele estava tinha alegria, na certa, e muita bagunça. Você nunca via o Gabriel pra baixo. Independente de qualquer problema que ele estivesse passando, ele sempre estava para cima, fazendo os outros rir, sendo extremamente alegre", comenta a amiga Elaine Pinto, integrante da ONG.
Colegas do grupo umbandista do qual fazia parte e do Colégio Estadual Henrique Lage, onde estudou, também estiveram no local. "Ele era contagiante. Era uma alma inquieta, mas uma alma muito boa. E muito inteligente", disse a pedagoga Maria da Hora, que foi professora do jovem.
Desde o fim da adolescência, ele havia deixado de viver com a avó por conta de desentendimentos pessoais com a família. Apesar disso, Denise destaca que Gabriel e seus familiares não se distanciaram.
"Eu nunca abandonei o meu filho, só falei para ele: ‘filho, para nós vivermos juntos, muitas coisas você vai ter que mudar, não tenho como vivenciar’. Ele optou por morar sozinho e depois conheceu uma pessoa que lhe deu atenção. Eu não vou falar mal da mulher porque não posso falar mal de alguém que acolheu ele. Quando ele precisou, ela deu apoio a ele, acho bonito. Mas eu criei ele. Larguei minha vida para cuidar deles. Eu abracei não como vó, eu fui mãe. Larguei emprego, larguei tudo para abraçar, como uma galinha abraça os pintinhos. Meu sonho era que ele estivesse aqui, junto com a gente".
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Ainda não se sabe o que pode ter motivado o crime; a família acredita que Gabriel possa ter sido vítima de uma emboscada, por mais que não saibam de qualquer desavença que o jovem tivesse. "Levaram ele para lá, mas pegaram ele em Niterói. Agora, quem foi que pegou a gente não sabe. Quem dera se soubéssemos. Ninguém tem o direito de tirar a vida do outro", lamentou a avó.