Guerra em comunidade de Niterói teria relação com união entre facções
Disputa no Morro do Estado, segundo investigações, foi motivada a partir de união entre 'TCP' e Milícia, além da transferência de 'Cabeça', do 'CV', para fora do Rio
As forças de Segurança Pública do Rio de Janeiro, através de Setores de Inteligência, acompanham, atentas, a mobilização de facções criminosas que iniciaram, há duas semanas, uma disputa pelo controle do tráfico de drogas no Morro do Estado, uma das maiores comunidades de Niterói, causando preocupação a moradores locais e de regiões próximas, no Centro da cidade. A exemplo do que vem acontecendo na capital, a investida seria decorrente de um acordo entre as cúpulas do Terceiro Coando Puro' (TCP) e de milicianos para fazer frente ao quase total monopólio dos integrantes do Comando Vermelho (CV), no eixo Niterói/São Gonçalo.
O tráfico de drogas no Morro do Estado, estaria, segundo a polícia, sendo administrado por uma espécie de 'consórcio' entre traficantes do CV que atuam em comunidades de outras regiões de Niterói. A partir da expulsão dos rivais do TCP, do Complexo da Alma, entre os bairros do Coelho e da Amendoeira, em SG, em março de 2021, os traficantes 'verelhos', ao longo desse mesmo ano, estenderam o plano a Niterói às comunidades do Centro e Zona Norte de Niterói.
O 'monopólio' do CV, no entanto, durou até meados do ano passado, quando traficantes de algumas comunidades da Zona Norte, decidiram, em seus redutos e sem disparar um só tiro, 'pular' para o TCP, que estaria oferecendo melhores condições para o fornecimento de drogas e armas, e condições mais facilitadas para o pagamento. Segundo levantamentos da polícia, a Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, se transformou em um dos principais redutos da facção 'azul', tendo o traficante Thiago da Silva Folly, o TH, como líder do crime organizado.
Segundo a polícia, TH, um dos mais influentes 'conselheiros do TCP, foi um dos integrantes da cúpula da facção que apoiou a fusão com os milicianos, recentemente, para tentar neutralizar a estratégia do CV em expandir seus domínios em comunidades da capital, como a de Rio das Pedras Curicica, Muzema e Tijuquinha, onde já foram registrados violentos conflitos.
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Segundo a polícia, dessa união, surgiu também o plano de tentativa de retomada do Morro do Estado, pelo TCP, há duas semanas. Mas os traficantes da comunidade do Viradouro, em Santa Rosa, que mantém o Estado como uma espécie de 'filial' da facção, com apoio de traficantes de outras favelas da Zona Sul de Niterói,, conseguiram expulsar os rivais e restabelecer as atividades naquela comunidade do Centro da cidade.
Cabeça - A polícia já sabe de outro fator que levou o TCP a elaborar o plano de invasão ao Estado: a transferência Carlos Alberto Lírio da Fonseca, o Cabeça, do CV, apontado pela polícia como 'chefe' do tráfico nas comunidades do Sabão, em São Lourenço e do Mic, na Ilha da Conceição, para o sistema penitenciário de fora do Estado do Rio, junto com outros 21 acusados de liderar quadrilhas de traficantes e milicianos ligados ao tráfico no Rio de Janeiro.
A medida foi determinada por autoridades da Justiça e a área de Segurança Pública do Estado do Rio, por medida de segurança e também, como forma de tentar neutralizar as disputas entre esses grupos e enfraquecê-los.
Comprovação - A morte do miliciano Leandro Xavier da Silva, o Playboy da Curicica, em ação da Polícia Civil do Rio na comunidade da Vila dos Pinheiros, nessa quinta-feira (29), comprova a descoberta das forças de Segurança Pública sobre a união entre os traficantes do TCP e milicianos.