Mulher trans morre após ser espancada no Rio
Valentina Reis Rodrigues, de 37 anos, estava em uma festa quando dois homens chegaram chamando-a de 'viadinho' e começaram a golpeá-la
A designer de unhas Valentina Reis Rodrigues, conhecida como Fabinha, de 37 anos, morreu nessa segunda-feira (16), um dia após ser espancada por dois homens, um deles seria um policial militar, de acordo com testemunhas que foram em sua casa, no bairro Xavantes, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Os assassinos são, de acordo com parentes, ligados a seguranças de um mercado da região de onde a vítima furtou um sabonete no último dia 11.
"Se ele furtou, tinham que ter chamado a polícia. Não fazer isso. Chegaram aqui chamando meu filho de "viado" e "viadinho". Por isso eu acho que (o crime) foi motivado por homofobia", disse a costureira Luciene Reis, de 54 anos, que se refere a Valentina no gênero masculino.
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Luciene estava em casa no dia do crime. De acordo com ela, a designer de unhas estava sentada em frente ao portão da casa vizinha, onde acontecia o aniversário de 3 anos de uma criança. Os dois homens teriam dito que "o chefe" havia mandado que fossem até o local e um deles afirmou: "Viemos para matar mesmo".
"Aconteceu na frente de todo mundo. Tinham crianças lá. Meu neto de 10 anos chegou a desmaiar", contou a costureira.
Ela foi chamada em casa. Ao chegar ao local, os dois homens que espancavam Valentina tentaram agredi-la também. Luciene disse que, apesar de saber que os suspeitos podem voltar à sua residência e de ter medo, não desistirá de lutar por justiça:
O caso foi registrado na 58ª DP (Posse). No registro de ocorrência constam os nomes dos dois homens apontados como suspeitos pela família e por parentes de Valentina. No laudo do Instituto Médico-Legal consta que a causa da morte foi "traumatismo cranioencefálico com hemorragia" causado por "ação contundente".
O sepultamento de Valentina será nesta terça-feira (17), às 14h, no Cemitério de Nova Iguaçu.
Crime repercutiu
A morte da designer de unhas chocou amigos e repercutiu nas redes sociais. Postagens pedem a prisão dos suspeitos. "Arrancaram a vida de uma trans por transfobia", afirma uma delas.
Outra diz que "um erro não justifica o outro": "Pegaram a Fabinha e bateram tanto que ela foi parar em coma no hospital e teve morte cerebral, tudo isso por causa de um sabonete, um erro não justifica o outro. Fabinha cometeu o crime de furto, mas o que esses heróis da comunidade cometeram foi pior ainda: homicídio, tortura e transfobia".