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Kat Torres, falsa guru espiritual, é condenada a oito anos de prisão por tráfico humano

Além desse crime, as investigações apontam que as vítimas foram submetidas a exploração sexual e trabalho análogo a escravidão

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de julho de 2024 - 15:06
Kat Torres foi condenada a oito anos de prisão
Kat Torres foi condenada a oito anos de prisão -

Katiuscia Torres Soares, de 34 anos, foi condenada a oito anos de prisão pelos crimes de tráfico humano e condições análogas à escravidão contra uma mulher. De acordo com informações da BBC, o juiz responsável pelo caso, afirmou que a falsa guru espiritual atraiu a vítima Desirrê Freitas, de 28 anos, para os Estados Unidos, com a intenção de explorar a jovem sexualmente. Além desse crime, Kat Torres é alvo de outra investigação baseada em denúncias de mais mulheres vítimas.

Em outubro de 2023, Kat Torres foi presa e desembarcou no Brasil de um avião com pessoas que viviam nos Estados Unidos de forma irregular. A influenciadora, que já havia trabalhado como modelo e atriz no exterior, começou a ficar famosa e acumular milhões de seguidores por memes nas redes sociais, com isso adquiriu uma vida financeira estável em Los Angeles. Um pouco antes de se tornar líder de uma suposta seita religiosa, a mulher teve sua prisão alterada para preventiva já em solo brasileiro, e acabou sendo transferida para um presídio feminino em Bangu, situado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.


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A denúncia que foi apresentada para a Justiça Federal, que contém sete testemunhas, o MPF alegou que Kat Torres atraiu Desirrê Freitas e a obrigou a manter uma rotina degradante, que iniciou no início de abril de 2022 se prolongando até o dia 2 de novembro do mesmo ano. De acordo com os procuradores Katiuscia atraiu, acomodou a vítima, mediante fraude, com o objetivo de obriga-la a trabalhar em condições análogas à escravidão, a jovem também foi submetida a exploração sexual, tento como argumento que a jovem estava na casa de Kat Torres. "Katiuscia reduziu (a vítima) à condição análoga a de escravo, submetendo-a à jornada exaustiva e sujeitando-a a condições degradantes de trabalho", alegaram os procuradores Orlando Monteiro Espíndola da Cunha e Ana Cristina Bandeira Lins.

A denúncia aponta que Desirrê era obrigada a se apresentar em um clube de striptease, com jornadas de trabalho desumanas com mais de 13 horas e sem descanso semanal. A imagem da jovem também foi divulgada em um site de prostituição, o perfil oferecia os serviços de sexo, fetiches e massagem em Austin e San Antonio, no Texas. Esses crimes eram cometidos em nome da suposta “voz” que comandava a seita de Katiusca. O lucro obtido com essa exploração era entregue a para a líder religiosa.

Em entrevista para o O Globo, Desirrê revelou que nos últimos meses familiares e amigos acreditavam que ela estava desaparecida, pois foi obrigada a mentir e se afastar deles. A vítima também afirma que era uma farsa montada pela falsa guru espiritual, que por trás das câmeras, se definia como fria e calculista. Além disso, pediu desculpas publicamente por todas as falsas acusações nas redes sociais, principalmente para a top model Yasmin Brunet, que foram feitas por Kat Torres.

Porém, esse caso não foi o único registrado. Os outros relatos que surgiram também envolviam falsas promessas de dinheiro, sucesso financeiro e até mesmo sucesso amoroso. A abordagem ocorria da mesma forma, o alvo eram sempre seguidoras jovens, bonitas e que estavam passando por momentos de fragilidade emocional. Toda essa ação era realizada em nome da crença de uma falsa divindade, conhecida pelos seguidores da seita como “A Voz”, em alguns casos era usado o chá alucinante de Ayahuasca. O depoimento das vítimas para o Ministério Público de São Paulo, no ano passado, foram anexadas ao inquérito comandado atualmente pelo Ministério Público Federal. As histórias contidas neste novo depoimento são sensíveis e ainda não foram feitas pela procuradoria mas nenhuma denúncia com esses novos conteúdos.

Nesses últimos registros, uma das vítimas revela que estava passando por dificuldades no país norte-americano, e que estava morando nas ruas na época que foi abordada por Kat Torres. Utilizando as falsas promessas e pregando sobre “A Voz”, ela comentou que foi convencida pela “guru” espiritual que seria recompensada se um dia tivesse experiência em um stipclub. Com toda a situação a mulher ficou com vergonha e não conseguiu dançar ou manter relações sexuais com os clientes do estabelecimento, e que os donos do local ficaram com pena e deram 100 dólares e a dispensaram. Tal cenário enfureceu Kat Torres, pois o valor era baixo. Com isso, a jovem ficou encarregada dos serviços domésticos da casa da influenciadora, tendo apenas como garantia as falsas promessas de uma casa para morar.

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