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Jovem de São Gonçalo é solto após passar 1 ano preso injustamente

Trancista foi preso por erro em reconhecimento de foto

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de julho de 2024 - 18:00
Vítima de assalto em 2018, João teve foto inserida no álbum de suspeitos da Polícia
Vítima de assalto em 2018, João teve foto inserida no álbum de suspeitos da Polícia -

Após passar um ano e cinco meses preso injustamente, o trancista gonçalense Carlos Vítor Guimarães, de 24 anos, deixou a prisão na última semana. Preso por erro em reconhecimento por foto, o jovem teve a soltura determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, e deixou o presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, na última quinta-feira (25).

Com a decisão, o jovem fica absolvido sumariamente das acusações, que o associavam a um caso de roubo de carga. Para o jovem, a notícia de que finalmente voltaria para casa foi quase inacreditável.

“Parecia algo impossível, algo muito longe de acontecer. Eu já tinha me conformado que a justiça não seria feita para mim, então foi um choque muito grande receber a notícia de que eu realmente ia para casa. Parecia que eu estava sonhando quando vi aquela recepção da minha família, dos meus amigos. Pude respirar aliviado por saber que tudo acabou. Quando me explicaram que eu tinha sido absolvido, que não tinha mais nada pendente, eu nem acreditei”, contou o trancista.


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Carlos foi preso depois que a vítima de um roubo de carga em São Gonçalo o reconheceu como o autor do crime, que ocorreu em 2018. Naquele ano, antes da acusação, Carlos tinha sido vítima de um assalto e teve seus documentos roubados. Sua carteira de identidade foi encontrada pela Polícia com um grupo de suspeitos. Quando o jovem foi convocado à 72ª DP (Mutuá) para recuperar os documentos, descobriu que a foto de sua identidade havia sido inserida no álbum de suspeitos da Polícia.

"Eu já tinha me conformado que a justiça não seria feita para mim, então foi um choque muito grande receber a notícia de que eu realmente ia para casa", conta jovem
"Eu já tinha me conformado que a justiça não seria feita para mim, então foi um choque muito grande receber a notícia de que eu realmente ia para casa", conta jovem |  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por conta da confusão, ele passou duas semanas preso no complexo prisional de Benfica em 2019. Após ser liberado para aguardar o julgamento em liberdade, ele voltou a ser preso no começo de 2023, novamente apontado pelo mesmo caso e apenas com base no reconhecimento fotográfico de uma vítima. O retorno para a prisão foi uma surpresa, conforme relembra o jovem.

“Jamais imaginei que passaria por tudo isso de novo. Quando a Polícia entrou na minha casa para me prender, eu estava sozinho com minha irmã mais nova, porque, na época, quando eu não estava trabalhando como trancista ou fazendo curso, eu cuidava dela. Aí foi um desespero. Não conseguia falar com minha mãe e os policiais queriam me levar na mesma hora. Eu falei: 'peraí, eu estou com uma criança, não posso deixar ela sozinha'. Tive que fingir uma calma que eu não tinha”, relembra Carlos.

Eu quero aproveitar muito a minha família, que foram as pessoas que não me abandonaram", afirma Carlos
Eu quero aproveitar muito a minha família, que foram as pessoas que não me abandonaram", afirma Carlos |  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Quase um ano e meio mais tarde, ele teve a inocência reconhecida pela Justiça, em decisão assinada pela juíza Camila Rocha Guerin. Para Carlos, a determinação representa um recomeço. “Eu quero aproveitar muito a minha família, que foram as pessoas que não me abandonaram nesse momento. E vou seguir minha vida. Voltei a fazer os cabelos, quero voltar pro meu curso e seguir em frente”, conta o gonçalense.

Em nota, a Polícia Civil do Rio disse que a prisão “aconteceu em gestão anterior e que o processo criminal seguiu o trâmite processual previsto em lei”. Segundo a nota, a Secretaria de Polícia Civil “não orienta a utilização, de forma exclusiva, do reconhecimento indireto por fotografia como única prova em inquéritos policiais ou para pedidos de prisão de suspeitos”.

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