Jovem morto por disparo em ação da PM em SG é sepultado
Corpo do empresário Rhuan Rodrigues foi enterrado na tarde desta quarta (21), no Cemitério de Pacheco. Família diz que policiais “saíram atirando”
Fogões, balões brancos e pedidos de justiça marcaram a despedida de Rhuan Rodrigues Pereira, jovem morto após disparos da Polícia na rodovia BR-101, em São Gonçalo, na última segunda (19). O sepultamento aconteceu na tarde desta quarta-feira (21), no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco. A família acusa os policiais de terem disparado contra o jovem de 20 anos. Já a PM alega que um tiroteio na região teria atingido Rhuan. O caso está sendo investigado.
Centenas de pessoas compareceram ao velório do empresário, que começou cedo e durou até às 15h, quando o rapaz foi sepultado. Dois ônibus lotados levaram os colegas da vítima para o local. Logo após o enterro, amigos de Rhuan lançaram balões brancos no céu e soltaram fogos. Uma fotografia com o sorriso do rapaz estampava as camisetas usadas pelos familiares, que pediram por justiça.
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Ao OSG, um primo da vítima, que estava no mesmo carro que ele no momento dos disparos, afirmou que os policiais dispararam contra Rhuan sem abordar ou dar uma ordem de parada clara. “Eles só vieram atirando e já estavam com o fuzil apontado para mim. Só depois que as meninas vieram gritando que tinha baleado que eles pararam. Eu já saí mostrando que não estava armado e já saí para socorrer ele. Não teve nenhuma troca de tiro”, contou o familiar, que preferiu não ser identificado.
O episódio aconteceu na madrugada de segunda (19), na altura da entrada para o Porto do Rosa. Rhuan estava no carro com o primo e era acompanhado por duas amigas em uma motocicleta. O jovem teria passado o dia comemorando o aniversário da mãe e estava indo para um bar com os amigos.
“Era certo de ele chegar no bar, ficar cinco minutos e meter o pé, porque ele não gostava. Ele foi com as meninas de moto no sentido do bar, mas errou a entrada. Como errou a volta, ele voltou para entrar. Aí tinham duas viaturas que estavam lá apagadas. O policial não fez nada; já saiu atirando, não abordou e nem ligou o giroflex. Se tivesse ligado ou feito um barulhinho, ele ia ouvir, mas nem abordaram, só saíram atirando”, contou um amigo e sócio da vítima, que também preferiu não ser identificado.
Segundo o amigo, Rhuan trabalhava com ele há anos, desde os tempos de estudante. O jovem trabalhou na loja de roupa do amigo por algum tempo e, recentemente, tinha inaugurado um depósito de bebidas “Abrimos o depósito e ele que tomava conta. Ele sempre foi muito trabalhador. Nunca fez nada de errado; nem cigarro ele fumava. Nunca teve briga com ninguém. Até na época de escola dele, se tivesse confusão ele ia para outro lado. Não tinha um que não gostava dele. Só vivia com um sorriso no rosto. Ajudava todo mundo; se você ligasse para ele pedindo para ir arrumar um camelo no deserto, ele ia dar um jeito de ajudar”, destacou o sócio.
A versão da Polícia Militar alega que um tiroteio na região estava acontecendo no momento em que Rhuan foi baleado. “A equipe policial solicitou a parada do veículo, que parou no acesso à comunidade do Salgueiro. Criminosos, ao perceberem a abordagem, efetuaram disparos contra os policiais. Houve confronto, e um homem, que estava no interior do veículo, foi ferido e levado ao hospital”, afirmou, em nota, a corporação, no dia do crime.
Nesta quarta (21), a Polícia informou apenas que o comando do 7º BPM (São Gonçalo) está realizando um procedimento apuratório sobre o caso. “O comando da unidade vai colaborar com o inquérito da Polícia Civil. As armas usadas na ação foram apreendidas pela delegacia responsável pela investigação. A Corregedoria da corporação acompanha o caso”, afirma a nota.
A família espera que a investigação traga “justiça” para a situação. “A gente não quer que seja só mais um. Já teve o João Pedro, já teve Ricardo, e assim vai indo, um por um. Mas o legado do Rhuan vai ficar. A gente não vai deixar que fique impune. A dor é grande, mas a família e os amigos vão correr atrás. A gente está sofrendo, mas não vai deixar esse monte de fake news que estão por aí. Ele não era bandido; era tão querido que você vê o tanto de gente que apareceu no enterro”, disse o sócio da vítima.