A dor de uma mãe: Gonçalense busca respostas para o desaparecimento do filho no Réveillon
Gabriel Alves, jovem de 22 anos, desapareceu após confusão em festa e sua família busca respostas
"Eu falei com ele às 2h da manhã e ele me disse: 'Mãe, feliz ano novo, daqui a pouco estou em casa, eu te amo.' E ele não voltou para casa. Agora, cada canto dessa casa que eu olho eu lembro dele. Eu não tenho esperanças de que meu filho ainda esteja vivo. Mas eu preciso dar um enterro digno para ele, eu preciso de justiça. Eu não estou mais vivendo, eu estou existindo por conta do meu outro filho." Essas palavras, carregadas de dor, são de Marilena Alves, de 49 anos, empresária e mãe de Gabriel Alves, um jovem universitário de 22 anos, morador do bairro Santa Catarina, em São Gonçalo, que desapareceu tragicamente na noite de Réveillon, após uma confusão numa festa, no MACquinho, próximo a um dos acessos ao Morro do Palácio, na Zona Sul de Niterói.
Gabriel, o filho caçula de Marilena, era descrito como um jovem alegre, amante de futebol e apaixonado pelo Flamengo. O jovem, que cursava Educação Física e atuava como goleiro de aluguel, seguiu, na noite de 31 de dezembro, junto de uma amiga e outros três amigos, até a Praia de Icaraí, na Zona Sul de Niterói, para assistir à tradicional queima de fogos.
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Após o espetáculo pirotécnico, o grupo decidiu prolongar as comemorações em uma festa no MACquinho – Centro Cultural de Cidadania e Economia Criativa, localizado próximo ao acesso do Morro do Palácio, também em Niterói. Mas o que deveria ser uma noite de diversão terminou em tragédia.
Por volta das 3h30 da manhã de 1º de janeiro, uma confusão envolvendo o grupo de Gabriel e um criminoso ligado ao tráfico de drogas local levou ao desaparecimento do jovem. Testemunhas relataram que, durante o desentendimento, o traficante deixou sua arma cair. Gabriel teria arrecadado a pistola e jogado fora. Enquanto os amigos conseguiram escapar em direções diferentes e retornar para casa, Gabriel nunca mais foi visto.
“O que ficamos sabendo é que os criminosos conseguiram pegar ele e já mataram ele ali perto mesmo. Ele achou que se tirasse a arma dali salvaria todo mundo, ninguém seria baleado e tudo acabaria. Ele sempre foi assim. Sempre agiu com heroísmo. Se ele visse uma briga, ele tentava separar, ajudava as pessoas… não tem uma pessoa que fale mal do meu filho. Um menino bom, educado, carinhoso, justo. Esse negócio de ser herói não o fez pensar. Agora eu sei que ele tá morto e sei que essa dor nunca vai passar”, disse emocionada a mãe do rapaz.
Ao perceberem o desaparecimento de Gabriel, familiares empreenderam buscas incessantes, visitando hospitais e retornando ao Morro do Palácio para tentar encontrar pistas. O irmão da vítima chegou a realizar buscas em áreas de matas da comunidade, mas não localizou Gabriel. Contudo, a história de que o jovem havia sido executado foi novamente narrada por testemunhas.
O caso foi registrado na 77ª DP (Icaraí), e uma operação policial foi realizada na sexta-feira (03) na região, no entanto, o corpo do universitário ainda não foi localizado.
Para Marilena, a dor da perda é amplificada pela impossibilidade de se despedir do filho de forma digna. "Nós só queremos ter o direito de enterrá-lo com dignidade, que a cada dia que passa isso fica mais difícil. Isso é o mínimo que uma mãe e uma família merecem", desabafou.
Gabriel era conhecido por suas tatuagens – entre elas, um escudo do Flamengo no peito –, pelo piercing na sobrancelha esquerda e por sua alegria contagiante. Na noite do desaparecimento, ele vestia uma camisa e uma bermuda brancas, além de chinelos da esma cor. Agora, sua família e amigos clamam por respostas e por justiça.
O caso mobilizou moradores de São Gonçalo e Niterói, que expressaram solidariedade à família e cobraram uma ação mais eficaz das autoridades. Quem tiver qualquer informação que possa ajudar a localizar o corpo de Gabriel ou identificar os responsáveis por sua morte, pode entrar em contato com o Disque-Denúncia pelo número 2253-1177. O anonimato é garantido.
Marilena segue vivendo um dia de cada vez, tentando encontrar forças em seu filho mais velho para suportar a ausência do caçula. "Nada vai trazer o Gabriel de volta, mas eu preciso de uma resposta. Preciso de justiça para ele e para nós."