Operação Torniquete: Polícia Civil combate roubos de veículos e cargas no Complexo da Maré
Os agentes buscam cumprir 74 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro
![A DRFC identificou a estrutura desses grupos após a prisão de um de seus integrantes](https://cdn.osaogoncalo.com.br/img/Chamada-Home/150000/1200x720/Operacao-Torniquete-Policia-Civil-realiza-acao-con0015269800202502061219-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.osaogoncalo.com.br%2Fimg%2FChamada-Home%2F150000%2FOperacao-Torniquete-Policia-Civil-realiza-acao-con0015269800202502061219.jpg%3Fxid%3D659406%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1738855203&xid=659406)
Policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) realizam, nesta quinta-feira (06/02), a "Operação Torniquete" contra um sofisticado esquema criminoso que envolve roubos de cargas e de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. Os agentes buscam cumprir 74 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro — nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, e em outras regiões da capital e da Baixada Fluminense —, além de Ceará, Bahia, Goiás e Santa Catarina, com o apoio das polícias desses estados.
A investigação teve início em meados de 2024, após diversos registros de ocorrências indicarem que dois grupos criminosos estruturados e organizados estariam homiziados no Parque União e na Nova Holanda. Seus integrantes são vinculados à facção criminosa Comando Vermelho e seriam responsáveis pelos grandes roubos de cargas do estado do Rio de Janeiro.
Leia também:
Aposentada morre após ser atingida por motocicleta em Santa Rosa, Niterói
Ensaio de rua de escola de samba prejudica alunos e professores da Universo, em Niterói; vídeo
A DRFC identificou a estrutura desses grupos após a prisão de um de seus integrantes, que relatou a existência de um local dentro da Maré denominado por eles como "escritório", onde seus integrantes se reúnem com o intuito de planejar os roubos de cargas e posteriores revendas dos bens subtraídos. De acordo com o relato, o grupo possui neste local quatro computadores, onde estão armazenados os dados dos funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e os dados de empresários que receptam as cargas subtraídas, bem como o armamento e bloqueadores de sinais GPS, utilizado por eles.
Segundo os agentes, os dois líderes desses grupos possuem mandados de prisão pendentes pelo crime de roubo de cargas.
A atuação dos grupos ocorre nas principais vias do estado, e o transbordo das cargas subtraídas é realizado em comunidades de Duque de Caxias e nos complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos.
Durante as investigações, foi possível obter informações que membros desse grupo estariam abrindo empresas de fachada para realizar transações financeiras com receptadores das cargas subtraídas, legalizar o patrimônio adquirido com o dinheiro proveniente desses roubos e tentar se esquivar de possíveis investigações criminais contra eles. Diante dessas informações, a equipe solicitou cooperação junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sendo possível descobrir um grande esquema criminoso por meio de movimentações financeiras envolvendo roubadores de carga, seus familiares e empresários que receptavam as cargas.
De acordo com dados do Coaf, os criminosos teriam movimentado mais de R$ 18 milhões entre os anos de 2022 e 2023, proveniente das vendas das cargas roubadas. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias relacionadas aos investigados até o limite deste valor.
Essas movimentações foram feitas entre os diversos membros do grupo e empresários que compravam essas cargas. Restou demonstrado que cargas de telefones celulares eram enviadas para o estado do Ceará e pagas por meio de transferências bancárias diretamente para os roubadores e seus familiares. Essa mesma dinâmica era realizada com o envio de veículos roubados para a Bahia. Há também indícios de envio de cargas roubadas para Santa Catarina e Goiás.
A ação faz parte da segunda fase da “Operação Torniquete”, que tem como objetivo reprimir roubo, furto e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 360 presos, além de veículos e cargas recuperados.