Após morte de pastor, suposto comunicado do 'CV' proíbe roubos em São Gonçalo
Nota atribuída à facção criminosa ameaça ladrões que atuarem em regiões comandadas pelo grupo; “irmãos já estão sendo severamente punidos por esses atos irresponsáveis”

Seis dias após a morte de um pastor e um diácono após ataque a tiros na BR-101, em São Gonçalo, circula nas redes sociais, entre moradores de comunidades em São Gonçalo, um suposto comunicado de uma facção criminosa proibindo roubos na cidade. Atribuído à liderança da facção Comando Vermelho (CV), o informe ameaça com punições “severas” ladrões que atuarem em regiões onde o crime é comandado pelo grupo.
Relatos iniciais indicam que o comunicado seria uma espécie de “resposta” da facção ao crime na BR-101, que pode ter sido ocasionado durante uma tentativa de assalto realizado por criminosos ligados ao grupo. A informação ainda está sendo investigada pela Polícia Civil; rumores indicam, no entanto, que lideranças da facção teriam descoberto e punido os autores dos disparos que deixaram dois mortos e um ferido na rodovia, na noite da última segunda (10).
Relembre o caso:
➢ Missionário morto a tiros na BR-101 voltava de curso para ser pastor quando foi baleado
O comunicado cita o roubo de veículos, cargas e celulares entre os crimes “proibidos” pela facção. “Irmãos já estão sendo severamente punidos por esses atos irresponsáveis que desafiam a determinação da facção Comando Vermelho. Aqueles que forem pegos desrespeitando essa ordem - seja dono de boca ou ladrão que aja de forma isolada - serão punidos”, afirma o texto. Na nota atribuída ao CV, o grupo alega, ainda, que o motivo para a proibição é “preservar um bem maior definido pela facção”.
Crime pode estar ligado à liderança criminosa
Segundo os relatos informais de moradores da região, uma suposta liderança criminosa responsável por atividades ilegais no Boaçu e no Portão do Rosa estaria sendo apontada pela facção como responsável pelo crime. O suspeito seria conhecido pelos apelidos Verdão e Hulk. O rumor que circula na região é de que o CV retirou o suspeito das atividades criminosas que ele administrava após a repercussão do caso.
As informações, no entanto, ainda não foram confirmadas pela Polícia Civil que segue investigando o caso. Agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo realizam diligências para apurar o caso.
Na última semana, o único sobrevivente do crime - William Melo do Nascimento, que estava no carro alvejado - foi ouvido pelos policiais. Aos agentes, ele teria dito que os criminosos que atacaram o veículo onde ele estava queriam roubar o automóvel, um Fiat Toro. Segundo o relato, ele tentou dizer aos criminosos que o grupo era de uma igreja evangélica, mas os suspeitos teriam atirado mesmo assim.
Pastor e missionário morreram no ataque
O crime aconteceu na última segunda (10). O pastor Luiz Carlos de Figueiredo Kamp, de 63 anos, estava dirigindo o veículo e dava carona para dois diáconos da sua igreja: William e Saulo Farias, de 33 anos. Os três, que faziam parte da igreja de Nova Vida em Nova Cidade, estavam voltando de um curso de formação teológica da denominação, em Caxias.
Quando estavam na altura do Boaçu, na BR-101, o carro em que estavam foi alvejado. O pr. Kamp e Saulo morreram no local; eles foram sepultados no Pacheco na última terça (11). William foi socorrido e levado para o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca, em Niterói, onde segue internado com quadro estável.