Polícia Civil deflagra 2ª fase da 'Operação Caminhos do Cobre' contra quadrilha interestadual que furta cabos subterrâneos de concessionárias
Ação, que tem como alvos membros da cúpula do grupo criminoso no Rio e em São Paulo, inclui o pedido de bloqueio de R$ 200 milhões

Policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), com apoio da Polícia Civil do Paraná, deflagram, nesta quinta-feira (24), uma megaoperação policial voltada à desarticulação de uma organização criminosa altamente estruturada, especializada na prática reiterada de furtos de cabos em grande escala, pertencentes a concessionárias de serviços públicos.
O material é posteriormente receptado por ferros-velhos e metalúrgicas. A quadrilha ainda pratica lavagem de dinheiro por meio de empresas reais e fictícias e contratos simulados. Até o momento, cinco pessoas foram presas.
A ação dá início à segunda fase da "Operação Caminhos do Cobre". A primeira etapa, começada em 2022, representou um marco no combate aos furtos de cabos e outros materiais metálicos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. O trabalho revelou a existência de uma cadeia estruturada de escoamento dos bens subtraídos, direcionando esforços para o rastreamento da receptação em ferros-velhos.
O objetivo da operação desta quinta é o cumprimento de 46 mandados de busca e apreensão, incluindo residências dos alvos, sete ferros-velhos e metalúrgicas nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Há ainda mandados de prisão preventiva expedidos contra integrantes da organização criminosa, inclusive da cúpula, e o pedido judicial de bloqueio de até R$ 200 milhões em contas bancárias e ativos financeiros, além do sequestro e indisponibilidade de bens e imóveis.
As investigações, que levaram à denúncia de 22 integrantes do grupo, revelaram um sofisticado esquema criminoso, baseado na subtração de cabos de telecomunicações e energia elétrica, com posterior recolhimento do material por empresas de reciclagem ligadas aos próprios líderes da organização e lavagem dos lucros ilícitos por meio de transações bancárias fracionadas, aquisição de veículos de luxo, emissão de notas fiscais falsas e simulação de contratos com empresas reais. A quadrilha atuava realizando fraude documental e disfarce operacional, ação furtiva com vigilância armada.
Os furtos ocorriam durante a madrugada, com batedores armados em motocicletas, ligados ao tráfico de drogas, garantindo a evasão e a proteção da operação. Os criminosos amarravam os cabos aos caminhões, puxando-os com força, causando danos estruturais severos às estações subterrâneas.
Os cabos subtraídos eram transportados para galpões e ferros-velhos em Queimados, Baixada Fluminense; no Morro do Fallet, Centro do Rio; e no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo — todos de propriedade dos líderes da organização, situados em territórios dominados por facções criminosas. O grupo dividia o percentual do faturamento com os traficantes locais, garantindo a proteção do território. Nos depósitos, os cabos eram decapados, fracionados e queimados para eliminar vestígios de origem, e revendidos a ferros-velhos e metalúrgicas no Rio de Janeiro e, principalmente, em São Paulo, com apoio de intermediadores.
Parte dos pagamentos era feita com veículos de luxo, e outra era lavada por meio de empresas ligadas ao núcleo de comando, nos ramos de alimentos e comunicação, com emissão de notas fiscais falsas, anúncios e propaganda de clientes fictícios.
Segundo apurado, o líder do grupo era também o elo com o tráfico do Fallet. Atuava como contador da facção, controlando repasses, fluxo financeiro e lavagem via empresas reais. O homem foi preso pela Polícia Civil do Paraná por ser o elo entre fornecedores de drogas daquele estado e traficantes de drogas do Rio.
A mulher dele assumiu a liderança após sua captura, comandando pagamentos, lavagem, contratos simulados e gerenciamento de empresas.
Outros integrantes do núcleo central do grupo incluíam organizadores de equipes e contato com batedores armados, um grande receptador e responsáveis pela movimentação do material ilícito.