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Mãe usou os próprios filhos para executar família em SG

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de fevereiro de 2017 - 09:00
 Acusados de envolvimento no crime, Simone e Lucas (em destaque) estiveram no local da chacina e acompanharam todo o trabalho da polícia e a remoção dos dois corpos pelos bombeiros
Acusados de envolvimento no crime, Simone e Lucas (em destaque) estiveram no local da chacina e acompanharam todo o trabalho da polícia e a remoção dos dois corpos pelos bombeiros -

Por Renata Sena e Thuany Dossares

Os irmãos gêmeos Lucas e Matheus Resende Khalil, de 23 anos - acusados de envolvimento no assassinato do advogado Wagner da Silva Salgado, 42, e de sua família, no Barro Vermelho, em São Gonçalo, no último dia 17 - se entregaram à polícia entre a noite de quarta-feira e a tarde de ontem. Os jovens são sobrinhos da dona de casa Soraya Gonçalves de Resende, 37, e primos da pequena Geovanna Resende Salgado, de apenas nove anos, que também foram mortas. Matheus chegou a morar na casa dos tios por três anos. O irmão dos gêmeos, de apenas 15 anos, chegou a prestar depoimento na DH, mas foi inocentado.

Contra a dupla, foram cumpridos mandados de prisão temporária por homicídio. A mãe deles, Simone Gonçalves de Resende, apontada pela polícia como mandante do crime, segue foragida.

“Verificando todos indícios e a forma de agir, tínhamos a desconfiança da participação de familiares. Sabíamos que o crime tinha sido praticado por pessoas próximas, porque não houve arrombamento na residência e teve utilização do silenciador nas armas. Nossa impressão inicial se confirmou. A ação criminosa se deu em relação à razão da herança de R$ 7 milhões que está sendo disputada. Uma briga que já se arrastava há 19 anos entre a Simone e a Soraya”, explicou o delegado Fábio Barucke, diretor da especializada.

O primeiro a ter a prisão solicitada foi Lucas. Através de mensagens em redes sociais, ele negociou a venda de uma arma com silenciador. Durante as diligências que estavam sendo feitas na noite de quarta-feira para tentar localizá-lo, os agentes da DH acabaram encontrando Matheus na casa do pai, em Rio das Ostras, e o conduziram até a delegacia, onde o jovem confessou a participação no crime.

“Inicialmente, ele negava qualquer tipo de envolvimento, até que, sem mais suportar os questionamentos, acabou confessando. Ele afirma que sua mãe, Simone, foi a principal articuladora da ação, inclusive, ele se diz vítima da mente criminosa dela, que eu classifico como uma mente doentia. Matheus disse que sua mãe exigiu que ele ficasse aguardando dois homens por ela contratados na porta do prédio e que permitisse a entrada deles, levando-os até a casa ao lado das vítimas. Depois, o Matheus também dá fuga a dupla. Ele diz que não sabia de nada, que não sabia que as mortes aconteceriam, mas isso tem que ser investigado”, esclareceu Barucke.

Magia negra - Durante o depoimento, Matheus também esclareceu que os dentes que foram encontrados no quarto do casal não eram dos autores do crime, mas sim objetos de um ritual de magia negra.

“A questão do dente foi uma grande tormenta pra gente. Corremos atrás de todos os hospitais imaginando que poderia ser de um dos autores e que ele teria sido hospitalizado. Mas também suspeitávamos que os dentes faziam parte de um ritual de magia negra. Depois que o Matheus falou que a Simone participava desses rituais, descobrimos através de pesquisas que dentes jogados em residências significam posse. Como já estávamos trabalhando com essa linha de motivação pela disputa da herança, entendemos que ela queria dizer que matando a família e jogando os dentes, ela teria direito a tudo. Temos a informação de que antes e depois do crime ela participou desses rituais. Inclusive, ela pede ao seu guia que dê uma oferenda àquela entidade que mata, como vimos em mensagens no celular dela. Então certamente os dentes foram deixados no local pelos dois executores contratados por ela”, explicou o delegado.

Já Lucas se entregou durante a manhã de ontem na 124ªDP (Saquarema). No início da tarde, ele foi transferido para a DH, onde prestou depoimento para ajudar a polícia a esclarecer o crime. Barucke acredita que o jovem premeditou o crime e facilitou toda a logística, fornecendo as armas e o carro utilizados.

As investigações agora irão continuar com o objetivo de identificar os dois homens contratados por Simone para executar Wagner, Soraya e Geovanna. “Sabemos que foram dois homens, entre eles um adolescente, que teria aproximadamente 15 anos, e o outro de cerca de 26 anos. Eles são de Saquarema, porque foi para lá que o Matheus os levou na fuga depois do crime. A investigações ainda prosseguem com o objetivo de identificá-los e prendê-los”, declarou.

Lágrimas de crocodilo - Simone e seus filhos gêmeos demonstraram frieza na cena do crime. Além dela e Lucas serem vistos aos prantos na entrada do prédio no dia das mortes - como registrou o repórter fotográfico Sandro Nascimento, do jornal OSG -, o jovem chegou a postar em sua página no Facebook que estava de luto.

Já Matheus morou durante três anos com os tios no mesmo apartamento onde tudo aconteceu e foi criado por Wagner e Soraya como um filho, junto com a prima Geovanna.

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