São Gonçalo lidera ranking de tiroteios no Estado; foram 321 trocas de tiro em 1 ano

Por Thiago Soares

Uma troca de tiros a cada 27 horas em São Gonçalo. Este é o resultado de um levantamento anual do aplicativo Fogo Cruzado, iniciativa da Anistia Internacional. Segundo os dados da organização, entre julho de 2016 e o mesmo mês deste ano, os 321 confrontos armados deixaram 114 mortos, um a cada três dias, em diferentes bairros da cidade. Com os números, o município lidera o ranking de tiroteios no estado, seguido de Duque de Caxias, com 228 tiroteios, e o Complexo do Alemão, que vem logo em seguida com 225 registros.

A região com maior número de notificações é também a mais conhecida pelo domínio do tráfico de drogas. O Complexo do Salgueiro registrou, no período, 32 trocas de tiros, empatado com a região do Camarão, próximo ao Centro. Logo na sequência, com 31 confrontos, aparece o bairro Jardim Catarina.

As posições de registros de tiros em cada bairro indica também as regiões onde mais crimes fatais aconteceram. Dos 114 mortos por disparos de arma de fogo em São Gonçalo, nove, ou 7,8%, ocorreram no Camarão. Na segunda posição aparece o Complexo do Salgueiro, com oito casos, e depois o Jardim Catarina, com quatro. Guaxindiba e Coelho, com três mortes cada, completam a lista dos cinco primeiros.

Analista de dados do Fogo Cruzado, a jornalista Cecília Oliveira, afirmou que os confrontos em outras regiões podem até ganhar mais destaque, mas que a população de São Gonçalo sabe que a região sofre - e muito - com a violência.

“Pode ser uma surpresa para quem não vive na cidade e que geralmente leem apenas os jornais que circulam na capital, mas certamente não é para quem mora na região. A grande imprensa tem falado mais sobre tiroteios em UPPs, por exemplo. Portanto, ouvimos muito sobre Complexo do Alemão, que na verdade é o 3º colocado da lista”, explicou.

Para Cecília, a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nas comunidades do Rio não podem ser apontadas como motivação para o alto número de crimes em São Gonçalo. A jornalista afirmou que o estudo do Fogo Cruzado, que não abrange todo estado, poderia distorcer a avaliação.

“Não é possível fazer esta afirmação com base nos dados no Fogo Cruzado porque a série abrange apenas um ano e não cobre todo o estado. Então, uma avaliação dessa complexidade poderia ser distorcida”, avaliou.

Em toda a cidade do Rio e Região Metropolitana, o aplicativo registrou 5,3 mil trocas de tiros. O número representa um confronto armado a cada 102 minutos.

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