Tráfico manda fechar os comércios em três bairros de São Gonçalo
Motivo seria o luto pela morte de dois homens acusados de tráfico
Por: Renata Sena
Nem mesmo a presença de homens das Forças Armadas nas ruas de São Gonçalo tem inibido as ações de traficantes, que seguem ditando regras à comerciantes dos acessos às comunidades. Na manhã de ontem, centenas de estabelecimentos comerciais, de parte dos bairros de Itaúna, Porto do Rosa e Mutuá, foram obrigados a encerrar o expediente em sinal de luto pela morte de dois homens, acusados de tráfico do Morro do Tabajara, em Itaúna.
As mortes ocorreram na noite da última quinta-feira, durante uma operação de policiais militares na comunidade. Com os dois mortos, a polícia apreendeu uma pistola, um revólver e um rádio de comunicação. Um terceiro acusado acabou preso durante a ação.
A morte dos homens, que seguem sem identificação oficial, gerou consternação entre os criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV), e na manhã de ontem, por volta das 9h30, jovens em motocicletas ou a pé, passaram pelos bairros ordenando o fechamento dos comércios.
No Mutuá, enquanto a equipe de OSG fazia imagens dos comércios fechados, um adolescente, com a mão na cintura e um casaco cobrindo, fez ameaças aos funcionários de OSG e aos comerciantes. “Quero ver se algum comércio vai ter coragem de abrir. Só quero ver. E quero ver se eu aparecer (sic)”.
No bairro, até o Polo Sanitário Paulo Marques Rangel teve que encerrar as atividades. Em nota, a Prefeitura respondeu que “Por questões de segurança dos funcionários e dos pacientes, a unidade seguirá fechada ao longo da sexta-feira”.
Ao longo da manhã de ontem, centenas de homens ligados a Intervenção Federal realizaram vistorias em veículos e patrulhamentos pelas vias do bairro. A Polícia Militar também aumentou o patrulhamento na região, mas nada garantiu a segurança dos comerciantes. “Não dá para abrir e descumprir os bandidos. Amanhã, a polícia vai embora e a gente fica nas mãos dos meninos do tráfico de novo”, disse um comerciante de Itaúna.
Segurança - Desde a semana passada, setores de Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio monitoram a situação no Salgueiro, onde o acusado de liderar o tráfico, Thomás Jhayson Gomes Vieira, o 2N, estaria se recusando a entregar parte dos pontos de venda de drogas do complexo a outros criminosos, descumprindo as ordens de Antônio Hilário Ferreira, o Rabicó, preso fora do estado.