Bailes proibidões: enquanto a polícia não pode agir, população "dança" na mão dos bandidos
Festas acontecem nas principais comunidades da cidade
Renata Sena
Sextou! Enquanto para a grande maioria chegar na sexta-feira é motivo de animação, para muitos moradores de comunidades em São Gonçalo virou motivo de desespero, já que os bailes funk, patrocinado pelo tráfico de drogas, começam na sexta e vão até a manhã de segunda-feira em vários pontos da cidade.
"Quando chega a sexta a gente já começa a ter medo. Eu chego do trabalho e tento dormir correndo, antes das sete. Pois sei que quando der meia noite ninguém mais dorme. São três dias de terror. Armas de guerra, pessoas drogadas e bêbadas. Não posso sair de casa, não posso receber visita. Os finais de semana para quem mora em favela virou os piores dias. Se antes era de descanso e lazer com a família, agora é de medo e de angústia", desabafou uma moradora do Jardim Catarina.
Mas, tudo indica que promover os bailes virou uma grande fonte de renda e lucro para os criminosos do local, que divulgam até listinha de onde acontecerá os bailes da comunidade, com programação para todos os dias do final de semana.
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Do outro lado do medo está a diversão a todo custo. Enquanto moradores são obrigados a ver pessoas armadas e ouvirem os funks conhecidos como "proibidão", jovens e adultos ficam na internet desesperados em busca de informações sobre a localidade e confirmação de bailes para o final de semana.
Nas primeiras horas desta sexta-feira (11), já era possível ler comentários nas redes sociais perguntando sobre os bailes.
"Coé esse final de semana 12/09/2020 rola tudo normalmente na China visão?! Vou de longe para pegar esse baile da melhor forma", questionou um jovem.
Em outra postagem, uma menina questionava se teria baile hoje. E ainda torcia para a resposta ser positiva "tomara".
Assim como moradores do Jardim Catarina, do Salgueiro, e do Barro Vermelho, os moradores de Maria Paula também estão sofrendo com os bailes.
"Segunda-feira de manhã a gente não consegue passar para trabalhar de carro. A rua tá lotada de homens armados. Pessoas drogadas pelo chão, tudo fedendo a cerveja. É um desrespeito. Os moradores estão presos para os bandidos ficarem soltos. O pior de tudo é que pode chamar, mas a polícia nunca aparece", desabafou um morador.
Apesar da orientação do Ministério da Saúde para não realizar aglomerações, os bailes estão sempre lotados e atraem cada vez mais um público mais jovem, fiel e destemido.
Polícia
A equipe do OSG tem feito diversas matérias sobre os bailes irregulares e desde a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que impede operações policiais em comunidades a resposta da polícia é baseada nesse impedimento. Enquanto isso, a população "dança" na mão dos bandidos.