Testemunha descobriu que marido integrava milícia após sofrer emboscada

Uma mulher testemunha-chave em um processo que investiga milicianos em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, afirmou em depoimento à justiça que foi alvo de uma emboscada organizada por milicianos após descobrir que o seu marido fazia parte do grupo. Depois da Operação Intocáveis, a mulher acabou descobrindo que além de ter um dívida com a milícia, o marido estava envolvido com a quadrilha.

A testemunha disse que conheceu o marido em 2013, e que no ano seguinte os dois alugaram um imóvel e abriram a loja de gesso em Rio das Pedras. Segundo ela, nos três primeiros anos ninguém esteve lá para cobrar nada. Até que o imóvel onde a loja funcionava foi vendido. Em 2018, cerca de sete integrantes da milícia cercaram a loja e cobravam uma dívida de R$6 mil reais, mas naquele momento apenas a mulher estava no local. Segundo a testemunha, os homens falaram que o dono da loja, marido da mulher, havia dito para eles irem ao local receber o valor, mas ela não sabia de nada. A partir desse momento a mulher começou a entender o que estava acontecendo.

Em janeiro de 2019, dois meses depois do fato na loja de gesso, o homem acusado de ameaçar a testemunha acabou preso na primeira fase da Operação Intocáveis. De acordo com o Ministério Público, ele é integrante de um braço armado da milícia que atua nas favelas da Zona Oeste do Rio.

A vítima foi ouvida presencialmente pela juíza da 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, Juliana Benevides, com o rosto coberto e sob forte segurança armada. A mulher depôs como testemunha de acusação no processo da Operação Intocáveis 2, que em janeiro deste ano levou 33 suspeitos de integrar a milícia para a cadeia – entre eles, o ex-marido dela.

Segundo o G1, que teve acesso ao depoimento da testemunha, a mulher contou que a maioria das negociações feitas pelo marido no empreendimento não envolvia dinheiro. Os compradores da loja entregavam carros de luxo na maioria das vezes e iam abatendo o valor conforme iam retirando o material da loja. O marido da testemunha justificava as trocas como “rolos”.