Morte de contraventor Fernando Iggnácio foi um 'crime encomendado'
Criminosos monitoravam passos de contraventor desde Angra dos Reis e o executaram no momento em que estava sem seguranças

Para tentar esclarecer a execução do contraventor Fernando Iggnácio, em um Heliporto do Recreio dos Bandeirantes, área nobre na Zona Oeste do Rio, a polícia deverá, inicialmente, refazer toda a rotina que ele teve horas antes de ser morto e também saber com quem esteve. outro procedimento a ser adotado pelos policiais será fazer um levantamento do circuito de câmeras do heliporto e pontos daquela região próximo a esse local para conseguir tentar identificar quem cometeu o crime.
Planejamento - Ao que tudo indica, há indícios claros de que a ação foi planejada. No momento em que foi executado, com tiros de fuzil, o contraventor estava sem seguranças. Isso, para as investigações, é um sinal claro de que quem participou da execução sabia que ele chegaria de helicóptero ao Recreio, o que pode indicar também que os criminosos o estivessem monitorando durante a sua permanência naquela cidade da Costa Verde, onde teria o hábito de passar os finais de semana.
As próximas fases de investigações também devem culminar com a chamada de parentes, amigos próximos e do âmbito profissional de Fernando Ignácio, que se apresentava como empresário, o que na realidade, seria uma 'fachada' para ocultar a sua participação no jogo do bicho, e em particular, à exploração de máquinas caça níqueis.
O crime - O contraventor foi atingido por tiros de fuzil 5.56, efetuados a, no máximo, cinco metros de distância. A arma, fabricada pelo Exército Brasileiro, tem a capacidade de fazer de 650 a 750 disparos por minuto. Ainda conforme os agentes, o bicheiro havia chegado ao local de helicóptero pouco antes das 13h no local e estava prestes a entrar em seu carro, um Range Rover preto blindado, quando foi atingido. A esposa do contraventor percebeu a ação e voltou para a aeronave, que decolou em seguida. Ela e o piloto não ficaram feridos. Pelo menos 10 tiros de fuzil foram disparados e cinco deles acertaram o carro da vítima, na lateral esquerda, próxima ao assento do motorista.
Policias da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsáveis pela investigação do crime, fizeram o recolhimento de imagens de câmeras de segurança nos fundos do terreno baldio ao lado do heliponto. Os policiais aguardam pelos depoimentos de três testemunhas do crime na DH — dois funcionários do Heli-Rio e o piloto do helicóptero que transportou Ignácio e a esposa ao Rio.
Após a morte do contraventor Castor de Andrade, em 1997, os integrantes de sua família se envolveram em uma disputa pelo monopólio de sua fortuna e da administração da contravenção na Zona Oeste. Um dos rivais de Fernando Iggnácio, genro de Castor, segundo informações da polícia, era Rogério Andrade, sobrinho do 'capo'. O assassinato do próprio filho de Castor, Paulo Andrade, na Barra da Tijuca, teria relação com a disputa.